Com a descoberta da jazida de fosfato na Rocinha, Patos de Minas foi, durante algum tempo, chamada de Capital do Fosfato, além de Capital do Milho. Em 06 de março de 1999 o jornal Folha Patense publicou matéria a respeito com o título “Desemprego – Fosfertil interrompe a produção da Usina da Rocinha – Quarenta e um trabalhadores perderão o emprego”:
Considerada a maior jazida de fosfato de origem marinha da América Latina, a única cujo produto pode ser usado na lavoura in-natura, a Usina da Rocinha foi fechada no último dia 26 pelo grupo proprietário da Fosfertil, formado pelas empresas Manah, Takenaka, Solorico, Serrana, Fertibras e Iap. Descoberta na década de 1970, a jazida tem uma reserva estimada em 480 milhões de toneladas de fosfato. A lavra alcança 60 km de extensão com largura de 270 metros e profundidade de 60 metros.
A fundação da Fosfertil em Patos de Minas começou em 1975 e logo no ano seguinte começou a operação de exploração. Na época, a empresa pertencia ao grupo estatal Petrofértil, ligado à Petrobrás. Para se ter uma idéia da importância que representava o descobrimento da jazida, compareceram às solenidades de inauguração o presidente da República General Ernesto Geisel, o Ministro das Minas e Energia Shigeaki Ueki, o Governador do Estado Aureliano Chaves entre outros políticos de peso. Foram contratados 398 trabalhadores na mão-de-obra direta e mais de 600 nos serviços indiretos. Já naquela ocasião, segundo o então prefeito Waldemar da Rocha Filho, cogitava-se a pretensão de estatizar a empresa, o que acabou acontecendo no dia 12 de agosto de 1992. Para diminuir o impacto das demissões, que seria inevitável, o Sindicato METABASE, representante dos trabalhadores, negociou com a diretoria da Fosfertil o remanejamento de funcionários para as unidades de Uberaba e Araxá. “Conseguimos manter 270 funcionários nos setores de trabalho”, conta o presidente da entidade, José Jorge de Oliveira.
A suposta “vitória” dos trabalhadores não afastou o fantasma do fechamento da Usina da Rocinha. As demissões continuaram, restando atualmente 41 trabalhadores que serão demitidos até o dia 15 de março, data marcada pela empresa para a homologação dos contratos de trabalho. Para os sindicalistas, as conseqüências sociais dessas demissões são ainda maior do que apontam os números oficiais. “Se levarmos em conta que a maioria dos demitidos são pais de família, podemos multiplicar por cinco a quantidade de pessoas afetadas”, enumera José Jorge, lembrando que o comércio de Patos de Minas e Lagamar irão sentir em breve o reflexo financeiro das demissões dos trabalhadores.
Logo que receberam a informação da paralisação da usina, os sindicalistas informaram a situação ao prefeito Elmiro Nascimento (PFL) e posteriormente à Câmara Municipal, utilizando a tribuna livre da casa. Uma comissão, formada por representantes dos trabalhadores, da USP – União Sindical de Patos de Minas, pelo vereador Júlio César Ferreira (PMDB), além dos deputados Sérgio Miranda (PC do B) e Geraldo Magela (PT/DF), com apoio do senador Arlindo Porto (PTB/MG), esteve em Brasília reunida com diretores do DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, na tentativa de reverter o processo de fechamento da unidade da Fosfertil de Patos de Minas. A intenção da comitiva, era se informar sobre o relatório que está sendo elaborado pela empresa para justificar a interrupção de produção da usina.
Segundo explicou José Jorge, o processo de fechamento da unidade depende de análise do DNMP, que através de técnicos, irá deferir ou indeferir as justificativas de inviabilidade econômica do empreendimento e de tecnologia adequada de mercado, apresentadas pelos proprietários da Fosfertil para interromper o processo de produção da usina. Caso aconteça o deferimento, o grupo que detém as ações da Fosféetil pode confirmar a decisão de não mais explorar a jazida, ficando com o direito de arrendar a lavra a outra empresa interessada na exploração. Se os técnicos da DNMP indeferirem o relatório, o grupo obrigatoriamente terá de continuar com a unidade em funcionamento. O processo tem um prazo máximo de seis meses para ser concluído.
* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH)A do Unipam.
* Foto: Institucional.