CANCELADA A FESTA DO MILHO DE 1973

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Um deficit de 12 mil cruzeiros correspondentes a FNM-72 está sendo causa para cancelar a FENAMILHO-73.

Diversas razões foram ventiladas e ponderadas pelo dinâmico Dr. José Ribeiro de Carvalho, em entrevista pela Rádio Clube de Patos e, a mais importante foi a questão do dinheiro. Sinceramente falando, não vejo tantas razões para se cancelar a FENAMILHO-73, por causa do deficit de 12 mil cruzeiros.

Talvêz o Ribeiro vai dizer-me: “Zé, entre com os 12 mil cruzeiros, ou o que faltar, para realizar a festa e pronto, tudo se resolve…”.

Ele sabe que isso seria impossível, pois a gente não está dando conta de pagar nem o INPS, mas, o nosso comércio, indústria e alguns homens de dinheiro, certamente estariam prontos para ajudar com seus préstimos para que a nossa maior promoção turistica não desapareça este ano, mormente ao saber-se que existe uma companha para incrementação do turismo no Brasil.

Êste negócio de se falar que a nossa festa está caindo no lugar comum das coisas chatas, não prevalece, porque, ano após ano, se avoluma o número de visitantes por ocasião da festa, a fim de participar dela, principalmente agora, com a melhoria de nossas estradas federais.

Tenho recebido diversas cartas, ou mesmo verbalmente, notícias de pessoas de outros estados e de cidades mineiras que dizem: “Se Deus quizer este ano estarei aí para assistir e participar da grande Festa Nacional do Milho”.

Talvez a FNM esteja tomando o lugar comum para nós que há 14 anos estamos assistindo, mas, para aqueles que nos visitam ela é linda de morrer e ficam encantados com ela e apreciam o nosso esforço em apresentar o que existe de desenvolvimento em nossa terra.

O que torna-se necessário é criar coisas novas para atrair mais turistas e a festa não seja somente uma promoção comunitária para se gastar verbas mas, também, um meio de renda para o nosso comércio e indústria, sem falar na promoção política e social, que vale muito dinheiro, mais de 12 mil cruzeiros…

Sabemos que o nosso comércio já realizou encomendas visando a FNM-73 e sabemos tambem o quanto é beneficiado o municipio com a realização de conferencias de interesse da zona rural. Já se falou, e é verdade, que quando mais se vende aqui em Patos é por ocasião da FENAMILHO e fim de ano. Será que a Comissão já pensou no decrescimo de vendas deste nosso comércio tão sacrificado? Será que a Comissão já calculou o quanto de publicidade GRATUITA é feita através de todos os meios de comunicação, a favor de Patos de Minas, pelo Brasil afora, e até no estrangeiro?

Muitos dos beneficios que hoje temos foram conseguidos quando da realização da nossa FNM e acredito que eles valem muito mais do que os 12 mil que estão aí pulando de banco em banco, para pagar, porque a Prefeitura não entrou com a sua parcela. Ainda é bom que se lembre que, nos dois ultimos anos a Prefeitura não contribuiu com quase nada e as verbas ficaram somente no papel, dai o deficit referido pela Comissão.

Portanto, se a Prefeitura não ajudou em quase nada, principalmente com dinheiro, nos anos anteriores, ela não vai fazer falta este ano tambem, no que se refere ao dinheiro. Ela que cumpra com os seus deveres de arrumar a casa, pagar em dia os seus funcionários e fornecedores e já estará dando um grande incremento às coisas de nossa comunidade. Aliás, foi o Sr. Prefeito¹ que disse: “A situação da Prefeitura é caótica, está com titulos no protesto e muitas ações em execução, dai a impossibilidade dela participar com dinheiro na FNM”. Achamos que o Prefeito foi sincero e está com a razão. Não pode se dar dinheiro para fazer bonito, quando seus funcionários estão passando fome, e o comércio querendo receber pagamentos atrazados. Mas, mesmo assim, a Municipalidade muito poderá fazer pela Festa, pois existem muitos meios para fazê-lo, sem a presença do dinheiro.

Sabemos dos ingentes esforços da Comissão Central. Um pugilo de pessoas que não descançam durante pelo menos três meses. Existem, no entanto, muitas outras pessoas que podem ser recrutadas para ajudar na realização da promoção. Sei que, a um chamamento deste quilate e com esta motivação, muitos daqueles que hoje se omitem, por comodismo ou por não terem sido convidados, virão formar um bloco capaz de sustentação de nossa festa e, com entusiasmo, arregaçarão as mangas e dirão: PRESENTE, a fim de que, ao inves de cancelar-se nossa festa, este ano, tenhamo-la com maior brilho.

Tenho para mim que, o exemplo da FESTA DA UVA não prevalece, porque, pelo sistema de RODISIO, ela recai para ser realizada em Caxias do Sul, de 4 em 4 anos. Segundo um Decreto Federal, de acordo com o Ministério da Agricultura, a FESTA NACIONAL DO MILHO também PODERÁ ser realizada em outros Estados da Federação. Só não foi porque PATOS DE MINAS, ATÉ AGORA, deu conta do recado e está realizando-a. Será que se um outro Estado, ou cidade de maior potencialidade que Patos, como por exemplo: Erexim, Jacarezinho, Unai, etc., fizer a FESTA NACIONAL DO MILHO, nós teremos condições para realiza-la novamente?

Todo mundo está sabendo que Patos de Minas JÁ NÃO É O MAIOR PRODUTOR DE MILHO DO BRASIL e se ainda mantemos esta mentira é PORQUE TEMOS A FESTA DO MILHO.

O cancelamento da FESTA NACIONAL DO MILHO-73, como foi noticiado, poderá trazer sérios prejuizos e avolumadas consequencias futuras para o nosso municipio. Vamos pensar seriamente no assunto e convocar mais gente e trazer novas ideias, para que possamos sustentar a nossa maior promoção. Sou apenas um soldado razo, dentro da imprensa do interior, mas, estarei pronto para colaborar no que me for possivel. Se for convocado, ajudarei a carregar as pedrinhas para a construção de uma grande FESTA NACIONAL DO MILHO-73. Ela não pode acabar. Ela faz parte integrante de nossa Comunidade!

NOTA: A Festa foi realizada, sendo Dagma Peres de Paula eleita Rainha do Milho por voto popular. As princesas foram Maria das Dores Araújo e Meigue de Fátima Almeida.

* 1: Waldemar Rocha Filho.

* Fonte: Texto de José Maria Vaz Borges publicado com o título “Devemos ter a Fenamilho-73” na edição de 08 de fevereiro de 1973 do Jornal dos Municípios, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

* Foto: Janes Gonçalves Guimarães, revelação digital do negativo de Laís Álvares Pacheco sob coordenação de Geenes Alves (DIMEP), publicada em 12/12/2017 com o título “Estande da DIPAM no Parque de Exposições no Início da Década de 1970 – 1”.

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