Tem um clínico geral que dá plantão em um posto de saúde. No dia de seu aniversário ele acordou, desceu para tomar o café e sua mulher, filhos e a sogra não lhe parabenizaram. Foi o suficiente para ficar muito chateado, até pensando em não comparecer ao trabalho. Mas, responsável que era, inflou o peito e partiu conformado para cumprir a missão do dia.
Chegando ao posto de saúde na zona norte da Cidade a coisa aconteceu de maneira totalmente diferente, pois foi muito bem recepcionado pelos funcionários e, mais especificamente por uma linda e jovem mulher, que lembrou da data festiva com mais satisfação que os outros, tendo até lhe proporcionado um beijo no rosto. Entre um atendimento e outro ele pensava na esbelta novata que se mostrou tão efusiva. Ao término do plantão, discretamente a moça chegou até ele e disse:
– Doutor, comecei a trabalhar aqui hoje, veja só que coincidência, no dia de seu aniversário. Isso não pode passar em branco. Que tal você me levar para almoçarmos juntos e comemorar este dia tão especial?
O doutor não pensou nem meia vez. Foram lá para uma pamonharia que fica depois do aeroporto. O papo estava mais do que agradável, com o doutor cada vez mais soltinho. E a mulher dando corda. Papo vai, papo vem, ela diz:
– Sabe, doutor, você é tão agradável. Olha, não me considere avançadinha, por favor, mas gostaria muito de convidá-lo para tomarmos um drinque lá em casa depois do meu expediente. Se eu te convidar você vai?
O médico só faltou dar pulos de alegria e respondeu na bucha:
– Vai gatinha, convida!
Lógico, a gatinha convidou. E mais lógico ainda, ele foi, depois de comunicar à esposa que precisava tratar de uns assuntos com colegas. Enquanto o assanhadinho preparava dois drinques a belezoca foi ao quarto se vestir com uma indumentária mais leve. Nestas alturas do campeonato o clínico geral estava nas nuvens, só imaginando o trato que ia dar naquele mulherão. Várias vezes ele se beliscava pra confirmar se aquilo era verdade mesmo. Pouco tempo depois, ela saiu do quarto dizendo surpresa!, com um bolo de aniversário nas mãos e, atrás dela, vinham sua mulher, seus filhos e a sogra. Que choque, que surpresa terrivelmente desagradável, pois o dito doutor estava só de cueca e com um copo de uísque em cada mão.
Talvez alguém possa não ter entendido o rabiscado. Em primeiro lugar, foi realmente o primeiro dia de trabalho da moça no posto de saúde. Em segundo lugar, havia chegado aos ouvidos da esposa notícias de que seu maridinho era habituado a pular cercas para conhecer mais intimamente o gado alheio. Em terceiro lugar, a esposa conseguiu convencer a jovem, mediante um módico pagamento de dois mil reais, a representar o papel para testar o marido. Em quarto lugar, um amigo me contou que o divórcio já foi consumado. E finalmente, para encerrar o caso, me contou também que o clínico geral atualmente atende num consultório de uma cidade do Sul de Minas.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.