PARVOVIROSE

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A Parvovirose surgiu no verão de 1978 nos Estados Unidos, quando ocorreu de forma epizoótica¹, e dali espalhou-se rapidamente para o resto do mundo, onde hoje existe de forma enzoótica², transformando-se numa das viroses mais contagiosas entre os cães domésticos, principalmente os jovens de raças puras ou debilitados por verminoses, outras moléstias e desnutrição, apresentando alta mortalidade. Causada pelo vírus “parvovírus”, a doença é classificada como Zoonose, por ser comum ao homem e ao cão. No homem, no entanto, não tem a gravidade e conseqüências que se apresentam para os cães. Pode apresentar-se na fase “intestinal” e/ou “cardíaca”.

Na fase cardíaca, há infecção no coração de filhotes afetados (de 3 a 8 semanas) e não costuma acometer cães adultos. Animais que conseguem ser recuperados da fase intestinal podem mais tarde ter o coração afetado. Isso também pode ocorrer em cães que apresentaram uma doença subclínica. Em casos típicos, filhotes aparentemente sadios morrem subitamente ou minutos após um período de angústia. Os filhotes aparentemente sucumbem de edema pulmonar, atribuído a falha cardíaca. Nos cães que são afetados, mas não sucumbem imediatamente, nota-se ao exame radiográfico um aumento do coração. Os sinais clínicos são devidos a ataque do músculo cardíaco pelo vírus e subseqüente degeneração e inflamação do mesmo.

O parvovírus canino responsável por provocar inflamações no estômago e intestino parece estar limitado somente aos canídeos. Infecções naturais têm sido descritas em cães domésticos, cães-do-mato, lobos e lobos-guarás. O vírus é transmitido pela eliminação fecal e a porta de entrada é a via oral. Postula-se que insetos e roedores possam carrear o vírus de um local a outro. Acredita-se que a disseminação da doença se dá muito mais pela persistência do vírus no meio ambiente do que pelos portadores assintomáticos.

A parvovirose em cães tem maior incidência durante os meses quentes do ano. As fezes contaminadas são a fonte primária de infecção. Após a exposição oral, o vírus infecta os linfonodos regionais da faringe e tonsilas. A partir daí invade a corrente sanguínea atacando vários órgãos, como timo, baço, medula óssea, pulmões, coração, estômago e finalmente o intestino, onde continua a se multiplicar, provocando elevação térmica que pode atingir altos índices (41º), exceto em animais adultos mais velhos onde ocorre o contrário. O animal se torna sonolento e sem apetite, e apresenta os seguintes sintomas: diminuição dos glóbulos brancos do sangue, problemas cardíacos, depressão, vômitos e diarréia sanguinolenta altamente fétida (o que provoca uma rápida desidratação e morte do animal).

Quando o fígado e anexos são atingidos, as fezes ficam esbranquiçadas ou cinzentas, o que denota deficiência de bile na luz intestinal, conseqüente à dificuldade de escoamento da mesma, que continua não obstante a ser elaborada no fígado, porém por se encontrarem inflamados tanto intestinos quanto a porção de desembocadura do canal excretor do fígado, fica a bile retida na vesícula biliar, encontrada esta sempre repleta. Apresentam-se os intestinos, com a evolução da doença, fortemente inflamados, principalmente sua camada mais interna, denominada mucosa, com manchas hemorrágicas em quase toda sua extensão.

O diagnóstico laboratorial do parvovírus canino pode ser realizado pela detecção do vírus nas fezes, vômitos ou em tecidos “post-mortem”. O teste mais viável para o veterinário é o ELISA, por ser rápido, eficiente e de custo acessível. Somente a detecção do vírus nas fezes e a demonstração de anticorpos no soro confirmam positivamente a infecção, que deve ser diferenciada de outras gastroenterites bacterianas como a salmonelose e de outras gastroenterites virais como a cinomose.

O tratamento recomendado é o de suporte. Os principais objetivos do tratamento são restabelecer e manter o equilíbrio eletrolítico e minimizar a perda de líquidos. Nas primeiras 24 a 48 horas ou até cessarem os vômitos, deve-se suspender completamente a alimentação e ingestão de líquidos por via oral. Recomenda-se a aplicação de fluidoterapia, antieméticos, antibióticos e, em alguns casos, também é necessária a transfusão sangüínea. O animal infectado deve ser mantido isolado dos outros cães da casa, devendo-se evitar também a contaminação de jardins e lugares difíceis de serem desinfetados, os quais possam favorecer a persistência da partícula viral infectante.

Desinfecção doméstica ainda é problemática para o vírus causador dessa terrível virose, pois ele é altamente resistente, principalmente em ambientes que não recebem sol diretamente. Acredita-se que o vírus possa sobreviver no meio ambiente por mais de seis meses em condições normais de temperatura e umidade.

A maneira ideal de se evitar a parvovirose é o método preventivo através de vacinação. Para que aja uma proteção adequada, recomenda-se vacinar a cadela prenhe duas semanas antes do parto, pois terá sua imunidade aumentada durante a gestação e a oportunidade de através da placenta conferir a seus futuros filhos uma razoável imunidade passiva. Posteriormente ao parto, já na fase de aleitamento de suas crias, tal imunidade conferida pela vacina aplicada na mãe será através do leite (principalmente do colostro), transmitida aos filhotes recém nascidos pelos anticorpos contidos nesse primeiro leite, prevenindo então os filhotes contra a doença, até que se inicie o programa de vacinação. Recomenda-se a primeira dose aos 45 dias de vida. Em áreas não endêmicas mais duas doses com intervalo de 21 dias conseguem uma boa proteção. E, pelo menos um dia antes da vacina, recomenda-se aplicar um vermífugo ao filhote.

* 1: Doença “epizoótica” é aquela que ocorre ao mesmo tempo em vários animais de uma mesma área geográfica. É semelhante a uma epidemia em humanos.

* 2: Diz-se da doença de animais peculiar a uma localidade ou constantemente presente.

* Fonte: Parvovirose Canina – Revisão de Literatura, de Gabriel Ângelo, Cesar Augusto Ramos Cicoti – Discente da Faculdade de Medicina Veterinária de Garça, FAMED – SP e Vanessa Zappa – Docente da Faculdade de Medicina Veterinária de Garça, FAMED – SP.

* Foto 1: Canilavalonland.com.

* Foto 2: Modait.com.

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