CINOMOSE

Postado por e arquivado em ANIMAIS DE COMPANHIA, CÃES, DOENÇAS.

A cinomose é uma moléstia altamente contagiosa de cães e outros carnívoros, sendo considerada a doença viral mais prevalente e a causa mais comum de convulsões em animais com menos de 6 meses de idade. As enfermidades inflamatórias e infecciosas do sistema nervoso central (SNC) representam um importante grupo de doenças nos caninos. Sinais clínicos graves, muitas vezes incompatíveis com a vida do animal, podem ser determinados por diferentes causas. O vírus da cinomose canina (Canine Distemper Vírus – CDV) é um importante agente que determina altas taxas de mortalidade, com letalidade inferior apenas à raiva canina.

A enfermidade tem distribuição mundial e é endêmica. Não há predileção sazonal nem por sexo ou raça. A incidência é mais alta entre os 60 e 90 dias de idade, período em que diminui a taxa de anticorpos maternos. No entanto, cães até os 2 anos de idade são comumente afetados em função da não vacinação, falhas imunológicas ou ausência de contato com o vírus. Cães a partir dos 7-9 anos também desenvolvem a doença. A transmissão ocorre principalmente por aerossóis e gotículas infectantes provenientes de secreções e excreções oculares, respiratórias, digestivas e urinárias. A transmissão transplacentária constitui uma fonte rara de cinomose nos filhotes. As maiores oportunidades de disseminação ocorrem em ambientes onde os cães são mantidos em grupos, como lojas de animais, abrigos, canis, clínicas veterinárias e colônias de pesquisas.

Os sintomas dependem da gravidade da infecção, do tipo de vírus, da idade do animal e de seu sistema imunológico. Os sinais gerais mais freqüentes incluem descarga nasal-ocular com muco e pus, conjuntivite, rinite, tosse, vômito, diarréia, lesões nos olhos com formação de crostas e perda de cílios, cegueira, lesões na pele da barriga, broncopneumonia com tosse e dificuldade de respirar, endurecimento das palmas das patas (de 3 a 6 meses após a infecção aguda, podendo surgir até anos depois).

Quando o vírus ataca o sistema nervoso o animal apresenta alterações de comportamento (agressividade), andar cambaleante e em círculos, tremores musculares, movimentos involuntários dos olhos. Se a fêmea estiver grávida pode haver infecção transplacentária e neonatal. Nesta os cãezinhos desenvolvem sinais neurológicos durante as 4-6 primeiras semanas de vida e dependendo do estágio da gestação em que se der a infecção, podem ocorrer abortos, natimortos ou neonatos vivos e fracos.

O diagnóstico da cinomose geralmente baseia-se nos sinais clínicos típicos em um cão jovem (2-6 meses) que tenha uma história de vacinações inadequadas e possibilidades de exposição ao vírus, e exames de laboratório. Deve-se levar em conta para fins de diagnóstico diferencial a parainfluenza, broncopneumonia verminótica, estrongiloidose, dipilidiose, toxoplasmose, neosporose, isosporose e intoxicações.

Não há medicamentos anti-virais ou agentes quimioterápicos de valor prático para o tratamento. Antibióticos de amplo espectro são indicados para o controle das infecções bacterianas secundárias. Soroterapia, vitaminas do complexo B e complementos nutricionais são indicados como terapia auxiliar.

Tratado o animal já com sintomas nervosos, e este recuperado, na grande maioria das vezes apresentará seqüelas nervosas pelo resto da vida. Como não há tratamento específico contra o vírus, a melhor maneira de evitar a doença é através da vacinação. As vacinas de vírus vivo modificado induzem imunidade efetiva contra cinomose, no entanto, há de se considerar a interferência da imunidade derivada da mãe. A idade na qual os filhotes tornam-se susceptíveis à cinomose é proporcional ao título de anticorpos maternos. Cerca de 50% já são passíveis de vacinação com 6 semanas de idade. Devem ser revacinados a cada 3 semanas até completarem 14 semanas de idade. O esquema mais utilizado é este: 1.ª dose aos 45 dias de vida; 2.ª dose 21 dias depois da 1.ª dose; 3.ª dose 21 dias após a segunda dose. Em regiões de alta incidência da doença recomenda-se uma quarta dose, 21 dias após a terceira. Completado o programa de vacinação, uma dose por ano, até o fim da vida do animal.

A manifestação multisistêmica, a dificuldade em se estabelecer um diagnóstico clínico preciso, o alto custo, o valor limitado dos exames laboratoriais disponíveis e a desatualização de muitos profissionais da área podem estar contribuindo para que a cinomose canina esteja sendo hiperdiagnosticada em muitos estabelecimentos veterinários de todo país. Nesse sentido, ressalta-se a importância de pesquisas que abordem o tema, não só no que se refere a utilização de métodos diagnósticos mais precisos e acessíveis mas também no desenvolvimento de protocolos de tratamento mais eficientes, que venham bloquear a ação do vírus e restaurar a qualidade de vida do paciente.

* Fonte: Cinomose Canina – Revisão de Literatura (agosto de 2006), de Brunno Medeiros dos Santos, Universidade Castelo Branco, Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais.

* Foto 1: Dpets.com.

* Foto 2: Dicaspeludas.blogspot.

Compartilhe

You must be logged in to post a comment. Log in