MARTA ROCHA FUTEBOL CLUBE

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DSC02283 - CópiaNos idos de 1955, a baiana de Salvador Maria Martha Hacker Rocha (19/09/1936) ostentava a coroa de primeira Miss Brasil e o título de Vice Miss Universo conquistados no ano anterior. Era a mulher mais falada no Brasil naquele tempo. Enquanto isso, por estas bandas patenses, uma nova turma dava entrada no Tiro de Guerra (o então TG.04-091 e hoje TG.04-013), jovens na faixa dos dezoito anos cuja maioria adorava jogar futebol. Dois deles já eram atuantes no time profissional da URT: Manoel Caixeta de Mendonça (Manezinho) e Hélio Castro de Amorim. E outros dois atuavam no Mamoré: José Miguel Barbosa (Zé Miguel ou Zé Pequeno) e Manoel Teixeira Pinto Neto (Nelito). E é o Zé Miguel, nos seus 80 anos bem vividos, quem conta uma história muito interessante:

O Hélio Amorim era “tarado” por futebol e logo teve a ideia de a gente montar um time amador para representar as Forças Armadas na região. E já tinha até o nome na cabeça: “Duque de Caxias Futebol Clube”. Fomos então conversar com o Sargento Haroldo Baptista de Oliveira, que concordou com a ideia, mas vetou com firmeza o nome sugerido. Com seu jeito “durão”, o sargento disse que a gente não tinha jeito para futebol e que por isso íamos dar vexame e ele não queria isso associado ao nome do patrono do Exército Brasileiro. Foi então que o Hélio tascou na bucha: “Então põe aí Marta Rocha Futebol Clube”. E assim se fez!

O Marta Rocha Futebol Clube disputou vários amistosos pela cidade e região durante aquele ano de 1955. Conta o veterano Manezinho, hoje com 78 anos: – Eu e o Hélio já jogávamos na URT e, diferentemente da opinião do Sargento Haroldo, o Marta Rocha era bom mesmo e durante o ano todo perdemos uma ou outra partida. Com um vasto arquivo, Zé Miguel indica numa foto daquela turma do Tiro de Guerra os jogadores do time, além dele, do Nelito, do Manezinho e do Hélio: Arthurzinho (irmão do José Maria Vaz Borges), Jairo Carolino, Paraná, Temi, Romão, Jaci Vasconcelos e Roberto (era o goleiro e tinha o apelido de Mão Mole).

Com o término da temporada no Tiro de Guerra, o Marta Rocha continuou em atividade no início de 1956. Em 26 de fevereiro, o jornalista esportivo Edson Nunes escreveu sobre o Marta Rocha em sua coluna no jornal Tribuna de Patos. A matéria da foto acima demonstra que o time dos ex-atiradores era respeitado na cidade e continuava alcançando bons resultados em campo. Ao lado desta, outra matéria de Edson Nunes cita o Marta Rocha:

A Diretoria do Mamoré está em entendimentos com os seus co-irmãos da cidade – Tupy, Rosarense e Marta Rocha – para a realização de um torneio quadrangular, em dois turnos, a ser disputado nos próximos dias, em Patos de Minas. Neste sentido deverá ser realizada amanhã à noite, no auditório da Rádio Clube de Patos, importante reunião entre as diretorias dos clubes interessados para que sejam ultimados detalhes da competição. Sabe-se que se os clubes chegarem a um acordo, serão realizados cada domingo, dois jogos, no Estádio Waldomiro Pereira – o primeiro às 13.30 e o segundo às 15.30. Será obedecido o sistema de “Caixa Único” e o lucro financeiro será distribuido equitativamente entre os disputantes, no final do torneio.

Cinco dias antes da edição do jornal Tribuna de Patos, em 21 de fevereiro, foi fundada a Liga Patense de Desportos numa reunião realizada no auditório da Rádio Clube de Patos¹. Na ocasião, não houve a presença de representantes da URT, que justificou sua ausência por causa da inatividade do clube. Daí se explica porque a equipe da Avenida Brasil não participou da reunião para a formatação do quadrangular. Uma nota do Edson Nunes naquela edição do jornal Tribuna de Patos esclarece a situação:

Prepara-se a U.R.T. para reorganizar sua equipe de futebol, desfalcada com a saída de vários jogadores. Segundo informações colhidas em fontes extra-oficiais, os dirigentes uerretenses providenciarão a vinda de dois jogadores de defesa, da capital dos estado, já que é êsse o setor do quadro mais atingido, com a deserção de Tonho da Nena, Fogosa e Gabriel, além de Betim, cujo retorno constituiu uma dúvida. Reorganizado seu plantel, tratarão então os mentores do alvi-celeste da contratação de pelejas amistosas, tendo início assim, à temporada do corrente ano.

Poucos meses depois, a URT se reestruturou e Hélio Amorim e Manezinho foram integrados definitivamente à equipe. Assim aconteceu com Zé Miguel e Nelito, que foram para o Mamoré. No final de 1956 aconteceu o primeiro campeonato organizado pela recém-formada Liga Patense de Desportos com a presença dos dois “grandes” mais a Associação Atlética Patense, comandada por Don Hernandez y Bereta. O Mamoré sagrou-se campeão. No carnaval de 1957 houve o desfile de um carro alegórico construído pelos irmãos Carvalho². Assim, com a debandada dos quatro jogadores, chegou ao fim a efêmera e vitoriosa vida do Marta Rocha Futebol Clube.

* 1: Leia “Fundada a Liga Patense de Desportos”.

* 2: Leia “Mamoré: O Primeiro Campeão”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fontes: José Miguel Barbosa e Manoel Caixeta de Mendonça; jornal Tribuna de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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