COMO FOI A ELEIÇÃO DE SEBASTIÃO SILVÉRIO DE FARIA

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digitalizar0001 - Cópia“Fui pego de surpresa com o convite para ser candidato a prefeito de Patos, faltando pouco mais de dois meses para a eleição”. A revelação é do advogado Sebastião Silvério de Faria, que administrou o município em 1971/1972. Quando foi chamado a se candidatar em 1970, ele ocupava o cargo de Chefe de gabinete do prefeito Ataídes de Deus Vieira.

O convite foi feito pelo próprio prefeito. Ataídes não apoiava o então candidato declarado da Arena, Antônio Cirino Sobrinho, e procurava um nome alternativo para seu partido. A aliança que sustentou a candidatura de Sebastião Silvério e do vice, Fábio Helvécio Ferreira Borges, contou ainda com os lideres Pedro Pereira dos Santos e Arlindo Porto (avô de Arlindo Porto Neto).

Na convenção, a chapa de Cirino acabou obtendo mais votos e ficou com a primeira sublegenda (Arena 1). Sebastião Silvério concorreu pela Arena 2. Pelo MDB (partido que, a exemplo da Arena, havia sido formado após a revolução de 1964) disputaram Sebastião Alves de Oliveira (Sebastião Satiro) e Moacir Santos como vice.

“Foi uma eleição difícil e muito disputada, mas a campanha transcorreu em alto nível, sem ataques entre os candidatos”, conta Sebastião Silvério. Apoiado por Sebastião Alves do Nascimento, o Binga (pai de Elmiro Nascimento e Béia Savassi), Antônio Cirino era um nome bem cotado para vencer a eleição.

Segundo Sebastião Silvério, a falta de espaço nos meio de comunicação, para transmitir mensagens aos eleitores, exigia mais empenho dos candidatos.

“Como não era possível ir a todos os lugares, nós montamos uma equipe de visitas – pessoas que saiam de casa em casa pedindo votos para mim”, explica. “Eu também me desdobrava no corpo a corpo e nos comícios, que naquela época eram mais importantes”, acrescenta.

A equipe de visitas contava com bom número de simpatizantes da candidatura Tião Silvério/Fabinho. Dentre os inúmeros colaboradores, o ex-prefeito lembra os cabos eleitorais José Mendonça de Morais (depois deputado federal), Hilário André de Morais (vereador na época) e os irmãos Ventura e Edmundo Moreira de Magalhães. “Além desses haviam vários outros nomes de peso”, garante Silvério.

Nas reuniões de campanha, os jovens Waldemar Rocha Filho (que depois também seria prefeito) e Paschoal Borges eram os que mais apresentavam ideias inovadoras com o objetivo de ampliar o espaço de penetração da chapa Tião Silvério/Fabinho. “Os dois foram importantes, porque eles monitoravam todo o pessoal”, conta Sebastião Silvério.

O início da apuração foi preocupante, recorda o ex-prefeito. “Depois do segundo dia, tomei a frente de Cirino e venci com cerca de 1.000 votos a mais que ele”. Naquela época, o colégio eleitoral de Patos somava pouco mais de 20.000 eleitores. Em torno de 40% votaram na chapa vitoriosa.

Sebastião Silvério acredita que venceu porque conquistou e eleitorado mais jovem. Ele destaca dois fatores que foram decisivos durante a campanha. O primeiro foi a composição da chapa com Fábio Helvécio, que “carreou os votos da tradicional família Borges” para a Arena 2. O outro fator refere-se à sustentação durante a campanha. “Sai vitorioso da eleição graças ao apoio maciço do esquema comandado por Pedro Pereira dos Santos, com puxadores de votos em todo o município”, resume.

* Fonte: Texto publicado na coluna Histórias das Sucessões com o título “Campanha no Corpo a Corpo” e subtítulo “Sebastião Silvério conta como venceu a eleição de 1970” da edição de julho de 1995 da revista Phatos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* Foto: Do livro Patos de Minas: Minha Cidade, de Oliveira Mello.

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