Janela Verde é uma Banda patense, há tempos aberta para a cena da música intimista, que agora se joga na (a)ventura de lançar seu primeiro CD, composto de 7 canções autorais, com identidade e pegada marcantes. Janela Verde é conduzida por Alex Araújo, bateria; Davi, órgão; Guto Abreu, guitarra; Luiz Carlos, vocal e violão; Pedro Mutante, baixo e gaita e as composições brotaram da sensibilidade e da maestria de Luiz Carlos e Davi.
Os arranjos combinam simplicidade e sofisticação, singeleza e refinamento, cujo resultado é muita poesia e poder de evocação. São canções que procuram resgatar a alma ancestral do homem em contato íntimo com a natureza das coisas, recuperando a inocência perdida, esmagada ou silenciada por ranhuras, estridências e dissonância de tantos matizes sonoros, cujo eco dissonante tem o poder de envenenar a existência. São canções que abrem uma janela para além desse mundo louco, narcotizado de Pós-Modernidade e de Transmodernidade, revelando um sopro de vida, embalado pelo canto dos pássaros e pelo sussurro das folhas dançando ao sopro do vento, como evocam os versos da canção “Jogado ao léu”.
As canções da Janela Verde nos “dizem pelo silêncio”. Seus acordes leves, lúdicos, plenos de luz e de singeleza; longe de serem simplistas ou pobres, têm força e vigor, carregando pulsão de vida e de arte. Que arte? A arte em sua essência, a arte em sua matriz mais pura, composta de expressividade, técnica, minúcia e artesania, que somente quem tem ouvidos para escutar, além de somente ouvir, e coração pulsante para fluir, é capaz de perceber a grandeza, a elegância e a ternura que evapora desses acordes e dessa melodia tão fina e tão sofisticada, em sua mais absoluta simplicidade. Uma obra para ser ouvida, apreciada e (re)visitada quantas vezes o corpo e os sentidos pedirem “Um pouco mais de luz”.
* Fonte: Texto de Moacir Manoel Felisbino (professor do Unipam) publicado com o título “Uma ‘Janela Verde’ Entreaberta” na edição de 23 de maio de 2015 do jornal Folha Patense.
* Foto: Gabriel CZ.
