TEXTO: JORNAL DOS MUNICÍPIOS (1972)
O asfaltamento da Rodovia do Milho teve início em 1969 e foi inaugurada em 29 de fevereiro de 1972. O processo foi árduo, as lutas intensas para haver uma ligação confortável com a BR 262. Quem já passou por uma rodovia de terra em trabalho de asfaltamento deve ter reparado que os trechos prontos vão sendo liberados aos poucos. Há inúmeras barreiras que retêm os veículos, direcionando-os por longos percursos de terra, às vezes de vários quilômetros. Com a Rodovia do Milho não foi diferente. No entanto, poucos dias antes de sua liberação total para o trânsito, foram detectadas algumas irregularidades com relação ao pessoal que controlava as tais “barreiras”. Estas irregularidades foram denunciadas pelo Jornal dos Municípios com a seguinte matéria:
É deveras lamentável que, no decorrer de uma vitoriosa revolução saneadora ainda existem casos de pessoas desonestas no cumprimento do dever. Está acontecendo o seguinte: Até agora a Rodovia do Milho está interditada para o tráfego de veículos e no entanto se o motorista der para os responsáveis pelas barreiras uns 5 ou 10 cruzeiros ele transita pelo asfalto…
Tal procedimento não se coaduna com os princípios de boa ética e não recomenda bem os responsáveis pela Rodovia do Milho que ainda não foi aberta ao trânsito, embora esteja terminada, pelo menos o asfalto, faltando somente alguns trechos para finalizar.
Ainda dias passados, segundo relato dos próprios passageiros de um ônibus da linha Patos-BH, estava chovendo muito e solicitaram ao vigia de uma das barreiras, para deixar o veículo passar pelo asfalto a fim de evitar-se aborrecimentos na estrada barreirenta. Não conseguiram e o ônibus atolou em um dos desvios e chegou em Patos de Minas lá pelas 9 horas da manhã, tendo saído de BH às 18 horas do dia anterior.
É lamentável tal procedimento e mormente com um veículo que serve uma região e que trazia dezenas de passageiros, inclusive crianças que estavam amamentando. Fica aí o registro e o nosso protesto para quem de direito, ou libera a estrada ou não passa ninguém. O DNER deveria tomar conhecimento destes fatos que ocorrem na Rodovia do Milho que ainda não foi entregue ao tráfego.
* Fonte: Texto publicado na edição de 06 de fevereiro de 1972 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Início do asfaltamento da Rodovia do Milho, publicada na edição de 24 de maio de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do LEPEH.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.