As tartarugas aquáticas são uma ótima escolha para quem procura um animal de companhia de fácil manejo, pois elas dão pouco trabalho, não exigem muito de nossa atenção, não fazem barulho nem bagunça e ainda têm um custo relativamente baixo. Dentre elas, uma boa opção é a Tartaruga Tigre-D’água (Trachemys dorbigni). É um animal onívoro (come de tudo) tradicional em zonas de pântanos, banhados, lagos, riachos e rios do Rio Grande do Sul, onde habita principalmente a região da Lagoa dos Patos e o Banhado do Taim. O seu nome deve-se ao padrão colorido, em listras amareladas e alaranjadas. Fora do Brasil, esta espécie pode também ocorrer em parte do Uruguai indo até o nordeste da Argentina. Pode viver até 100 anos. Esta espécie, bem como a sub-espécie norte-americana Trachemys scripta elegans, começa a surgir em lugares fora do seu habitat natural, como o Lago Paranoá em Brasília, possivelmente oriundas de abandono dos donos. A espécie norte-americana se distingue, entre outras coisas, por ter uma mancha vermelha atrás dos olhos.
Ela é considerada da fauna silvestre e sua posse e manutenção só são permitidas com a específica documentação, no caso a nota fiscal de compra, informando o número do animal gravado na parte inferior do casco, o microchip (o animal não pode ser vendido sem microchip) e o número do criadouro comercial de fauna silvestre brasileira registrado no IBAMA. Consta ainda o nome do proprietário, RG, CPF e endereço. A nota fiscal deve sempre estar disponível em caso de fiscalização ou transporte. A informação de que a colocação de microchips pode matar o filhote é falsa, pois se colocado de forma adequada ele não causa infecções. Esse argumento é muito utilizado para vender animais de origem ilegal. Neste quesito, ela é bastante contrabandeada, sendo transportada inadequadamente em fundos falsos de latas de tintas e dentro de malas, ocasionando muitas mortes. É uma realidade muito triste e só depende de nós para fazer com que isso mude. Para tanto, ao se decidir pela Tartaruga Tigre-D’água como seu animal de estimação, compre unicamente aquela devidamente legalizada. É proibida a soltura desse animal na natureza, estando sujeito à penalidades previstas nas leis n° 6.938/81 e n° 9.605/98. Caso o proprietário não possa mais mantê-lo, a loja que efetuou a venda deve receber o animal a qualquer momento.
É difícil não admirar a Tartaruga Tigre-D’água à primeira vista. Parece até uma miniatura de tartaruga. Mas esta questão é a principal causa de mortes e abandonos. Quando ela nasce, não passa de 4 cm. Seu crescimento anual é de cerca de 3 cm. Em dois a três anos, ela já não apresentará mais aquele seu “jeitinho” característico de tartaruga miniatura. Geralmente, na mesma proporção em que os anos vão passando e ela crescendo, o proprietário vai desanimando, até chegar o momento em que muitos a abandonam em qualquer lugar ou ainda ela acaba morrendo por “falta de espaço”. Podendo viver até 60 anos em cativeiro (na natureza pode chegar a 100 anos), o macho chega a atingir 25 cm e a fêmea 30 cm.
Tendo consciência da particularidade de seu crescimento gradual, prepare-se então para a sua fase adulta. Um bom tamanho de aquaterrario para um filhote é 80 cm de comprimento, 20 cm de largura e 30 cm de altura. Para o animal adulto é necessário um espaço maior, com no mínimo 140 cm de comprimento, 50 cm de largura e 50 cm de altura. Todos os aquaterrarios devem ter espaço com água (cerca de 80%, que deve ser trocada a cada 15 dias) e espaço seco (cerca de 20%). Não se esqueça que a tartaruga vai precisar de luz solar para produzir vitamina D e fixar o cálcio nos ossos e no plastrão (casco). Se não puder colocar a tartaruga para tomar sol (antes das 10 hs da manhã e depois das 16 hs), deve-se comprar uma lâmpada especial que produz os raios UVA e UVB além de uma lâmpada de infravermelho para poder aquecer a parte seca do aquaterrario. Os filhotes têm de ficar de 3 a 4 horas por dia tomando sol. Pode-se dividir, por exemplo, 2 horas de manhã e 2 à tarde. Depois de um ano, devem ficar cerca de 2 horas direto no sol A água deve estar entre 28 e 30 graus centígrados. Abaixo disso a tartaruga pode começar a entrar em estado semi-hibernativo (15-25 graus) ou até mesmo hibernar (abaixo dos 10 graus). Se quiser se aventurar a criar o seu próprio aquaterrario, ele deve ser feito de vidro com pelo menos 6 mm de espessura. Se tiver mais de 2 tartarugas, adicione ao tamanho do aquaterrario 1/3 de centímetros por tartaruga extra. Não é conveniente manter mais de 5 animais no mesmo espaço. Evite objetos pontiagudos, nem peças pequenas, pois podem ser engolidas. Não há necessidade de pedrinhas, mas, se quiser, não devem ter pontas e tem de ser relativamente grandes. Areia também não é indicada, pois, se for engolida e acumular, só pode ser retirada com cirurgia.
Na época de reprodução, a fêmea desova mais de 10 ovos por postura (em média), sendo enterrados em um ninho escavado no chão. A incubação varia de 2 a 4 meses, e o filhote nasce pesando 11 gramas e com 3,5 cm de carapaça. Com mais ou menos um ano de idade pode-se tentar identificar o sexo. O macho é menor, normalmente tem as unhas da parte da frente mais compridas, a cauda mais longa e volumosa e a parte ventral do casco mais côncava para se ajustar melhor em cima da fêmea. A fêmea tem a parte inferior da carapaça ligeiramente convexa de modo a fornecer mais espaço aos ovos. O sexo dos filhotes é determinado pela temperatura da areia durante a incubação: temperaturas mais baixas apresentam o nascimento de machos e mais altas de fêmeas.
A alimentação constitui basicamente de alimentos balanceados encontrados em lojas especializadas em pequenos animais. Podem ser fornecidos pedaços de carne bovina, frango, peixe, crustáceos, minhoca, grilos, além de frutas como banana, maçã, mamão, melancia e melão, porém em tamanhos pequenos e moderadamente. Nunca a dê alface, pois geralmente provoca diarreia. O filhote deve ser alimentado uma vez ao dia e o adulto apenas duas ou três vezes na semana.
* Fontes: Wikipédia, Bichosbrasil.com. e Vidadetortuga.blogspot.com.
* Foto: Radiopowerstrike.com.
