Sou irascível por Natureza, mas sem ranço, sem a ira tradicional dos humanos. Não tenho alma, não tenho corpo, tenho apenas a função de ir e vir como um fenômeno climático. É meu ciclo desde que surgi neste planeta que chamam de Terra. Eu desço, e de acordo com o local onde precipito, sou anjo ou demônio. Há séculos, tenho sido assaz demônio com as cidades. Por quê? Ora, não me culpe, olhe-se num espelho e pergunte: Quando a água da chuva cai, para onde vai? Rimou, pois sim! Repare nessa foto aí. Com firmeza. Deu para entender ou não? Olha lá eu, acabada de cair, descendo convenientemente por aquele buraco. Sabe o que segue além daquele buraco? Sim, uma tubulação que me impede de descer desvairada pela rua causando muitos transtornos. Esse buraco aí, na Rua Major Gote entre Praça Antônio Dias e Rua Cesário Alvim, é um dos poucos existentes na cidade em relação à área ocupada. Agora, olhe-se novamente no espelho e pergunte: E se por toda a cidade esses buracos fossem presentes? Não vou responder, porque a resposta é mais do que óbvia. E se não tem esses buracos espalhados por toda a cidade, podes crer meu caro, a culpa é exclusivamente sua, que nunca exigiu de quem você votou a construção dos buracos e suas respectivas tubulações. Agora, prezado, você vai lamentar o meu lado demônio para sempre!¹
* 1: Leia “Chuva: O Líquido Celeste Que Incrimina o Poder Público”, “Tragédia Anunciada – 1: Ruas Cachoeiras” e “Porque Acontecem Inundações na Cidade”.
* Texto e foto (02/03/2018): Eitel Teixeira Dannemann.