TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1981)
Na última semana, assistimos com entusiasmo e alegria, ao lançamento da Campanha de Conservação do Solo e da Água, na Região do Alto Paranaíba, sob a responsabilidade principalmente, da Secretaria da Agricultura do Estado de Minas Gerais e da EMATER-MG.
O entusiasmo se justifica pelo fato de que, normalmente estamos acostumados a comemorações de semanas disto e daquilo, que depois caem no total esquecimento, enquanto que, o que acaba de realizar é uma semana de lançamento de uma campanha, que permanecerá ao longo dos anos, sem interrupção.
A alegria, por sentirmos que estaremos caminhando para a possibilidade de preservação da vida sobre a terra.
Existem dados que refletem muito bem a extensão e a gravidade do assunto, para um povo que vive em uma região como a do Alto Paranaíba, onde 76% da área é ocupada na exploração do Agro-Pecuária:
– as terras da Mata dos Fernandes, Pindaíbas e outras, consideradas até as primeiras décadas deste século, como as mais férteis do mundo, são hoje de pequena produtividade;
– de acordo com levantamento feito recentemente pela CEMIG, o Rio Paranaíba, baixou 25% de sua vasão, nos últimos 37 anos.
Tudo isto, em decorrência principalmente, dos desmatamentos indiscriminados e da erosão, que facilmente pode ser combatida e a continuar como vamos, pode ser até, que a nossa geração não assista ao desastre total, mas será que nossos netos ou bisnetos, terão condições de sobrevivência?
Era pois urgente, que se iniciasse um trabalho desta natureza e foi em muito boa hora, que se criou uma Comissão Regional de Conservação do Solo e da Água, que apenas iniciou um trabalho, que por certo, não terá fim. A campanha tem objetivos muito abrangentes, pois além de tentar convencer os adultos da atual geração, procurará também, sensibilizar as crianças de hoje, responsáveis pelo Brasil de amanhã.
É provável que muitos dos que vivem nas cidades, venham a pensar que o problema é da competência apenas do homem do campo e que nenhuma responsabilidade lhe seja atribuída, entretanto, todos nós, sem nenhuma exceção, no mínimo, somos consumidores e dependentes vitalmente do campo, de onde vêm o feijão, o arroz, o leite, a carne, os legumes e quase todos os outros produtos indispensáveis à nossa subsistência.
O problema é sem dúvida alguma, um dos mais sérios enfrentados nos últimos tempos e todos nós, temos a responsabilidade e muito mais que isto, o dever de lutar por sua solução.
O nosso aplauso aos mentores da campanha e o apelo a todos – colaboremos, participemos como pudermos, para que não faltem aos nossos descendentes, os benefícios que hoje, nos são ainda proporcionados pelo solo e pela água.
* Fonte: Texto publicado no Editorial do n.º 29 da revista A Debulha de 31 de julho de 1981, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.
* Foto: Rbmcsa.com.