O que o Governo experimentava no século 19, com relação aos professores que se dispusessem ou tivessem a necessária habilitação para ensinar em lugares distantes de cidades e vilas de maior importância, constituía problema mais complexo, quanto ao provimento das cadeiras de instrução primária do sexo feminino.
O Distrito de Santo Antônio dos Patos experimentou sérias dificuldades com o ensino feminino. Mesmo depois de criado o município perduravam as incertezas e, consequentemente, o descaso dos pais de famílias pelo ensino às suas filhas. Pouco caso esse, agravado mais ainda pela mentalidade quase generalizada de que a mulher era traste de casa, escondida a sete chaves, até o namoro (de longe, sem pega de mãos e, muitas vezes – e quantas – através dos buracos das fechaduras).
A bondosa dona Queta afirmava que, para a mulher do tempo antigo eram exigidos os três “cês”: costura, cueiro e comida. Boa costureira, boa lidadeira com os recém-nascidos, e boa cozinheira de forno e fornalha.
O presidente da Câmara de Patos, Dr. Marcolino de Barros, informava em 1912, o número de escolas mantido pelo legislativo municipal. Quatro escolas, sendo 3 do sexo masculino e 1 de ambos os sexos. Nas 3 primeiras, estudavam 154 alunos. Na escola mista, 36 alunos e 11 alunas. Na mesma época funcionavam escolas particulares, sendo duas do sexo masculino com 31 alunos, uma do feminino com 23 alunas, e uma mista com 39 alunos e 24 alunas.
O recenseamento de 1920 apurou 1088 mulheres, sabendo ler e escrever, na sede do município; nos distritos: Santa Rita, 615; Sant’Ana, 754; Dores do Areado, 262; Lagoa Formosa, 348; totalizando todo o município 3067. Por idades: até 6 anos 26, de 7 a 14 anos 642; de 15 a mais anos 2.399. Ainda 40 estrangeiras na Vila, 7 em Santa Rita, 7 em Sant’Ana, 5 em Dores do Areado e 3 em Lagoa Formosa, totalizando 62. Destas, uma de 7 a 14 anos; as demais de 15 anos para cima.
Assim, podemos sentir a situação depois de mais de 60 anos da oficialização da instrução primária do sexo feminino em Patos de Minas, efetivada a 7 de maio de 1853, por portaria do governo.
Pelo espaço de quinze anos aguardou-se o preenchimento da cadeira de ensino feminino.
Instalado o município, em 1868, ocorreu a nomeação da primeira mestra e aparelhamento precário da escola.
* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.
* Foto: Pthellokids.com.