Em 7 de maio de 1853, atendendo a um pedido da Câmara de Vereadores do Patrocínio, o governo baixou portaria criando uma cadeira de instrução primária na Freguesia de Santo Antônio dos Patos.
Uma data para ser guardada. Marca a oficialização do ensino em Patos de Minas.
O primeiro professor, Francisco de Paula e Souza Bretas, três anos mais tarde seria o redator da petição e dos peticionários para a elevação do Distrito de Santo Antônio dos Patos à categoria de Vila.
Comecemos a conhecer o professor Souza Bretas, pela cópia do batistério que documenta o seu pedido do título de professor do 2.º grau de instrução primária da Vila de Araxá, em 1851.
A pretensão de Bretas a professor de Araxá foi fulminada pela alta autoridade do ensino, José Ribeiro Bhering, no seguinte despacho: “Não concordo em que seja nomeado interinamente aquele que, a despeito da lei, abriu uma sala de aula na dita Vila e procurou por todos os meios obstar a que o professor exercesse o magistério regularmente, e que não apresenta habilitações algumas reconhecidas pelos meios competentes”.
Embora a poderosa opinião de Bhering, efetuou-se a nomeação. Bretas ensinou no Araxá por pouco tempo. Criada a cadeira de ensino em Santo Antônio dos Patos ele a pleiteia, tendo confirmada a sua nomeação em 18 de maio de 1853.
Seu pedido está assim fundamentado:
“Diz Francisco de Paula e Souza Bretas, morador na Vila do Araxá, que tendo servido interinamente como professor de primeiras letras do 2.º grau naquela Vila, e mesmo como mestre particular, seus discípulos mostraram adiantamento no espaço que frequentaram a aula. Ora, julgando-se o suplicante com as necessárias habilitações, como mostram os documentos juntos e achando-se creada a Aula de Instrução Primária no Arraial de Santo Antônio dos Patos, vem o suplicante oferecer à consideração de V. Excia. os referidos documentos e pedir a graça de ser provido na mencionada aula como professor interino”.
Assim, com as necessárias habilitações, Bhering não se opõe ao provisionamento de Bretas, conforme o seguinte despacho:
“Cumprindo o respeitável despacho exarado na inclusa petição de Francisco de Paula e Souza Bretas, pretendente à cadeira de primeiro grau da Freguesia de Santo Antônio dos Patos, tendo a honra de informar a V. Excia. que o suplicante está nas circunstâncias de ser atendido, não só em vista dos documentos que apresenta, como por que o Delegado do 12.º Círculo Literário muito abona sua conduta na qualidade de professor particular na Vila do Araxá”.
Bretas era homem de bem, não resta a menor dúvida.
O Juiz de Paz do Araxá, Ignácio Afonso de Almeida, assim o conceitua:
“… Chegou a esta Vila em dias do mês de outubro do ano próximo passado (1851), e nela formou sua residência certa, e comporta-se de maneira tal que a todos agrada, pelo que deixa ver que recebeu de seus pais muita boa educação”.
O título foi passado a 30 de outubro de 1854, conforme o relatório do governo, referente a 1855. Vemos pelo mesmo, que a escola iniciou suas atividades com 59 alunos. Freqüentes 56.
O governo recebe denúncia, em 1857, de que o professor Bretas estava exercendo o ofício de escrivão da subdelegacia do Distrito de Patos. Determina ao diretor do Círculo Literário que, imediatamente, o repreenda “pelo ostensivo procedimento, e também por haver transferido o feriado da 5.ª feira para o segundo dia da semana”.
No caso em foco, sentimos que o Delegado do Círculo desconhecia a irregularidade. Caso contrário, sua autoridade teria prevalecido, sem necessidade de intervenção do governo. A denúncia, assim, partiu de elemento que não via com bons olhos o professor Bretas.
Desgostoso com a admoestação e com as denúncias, Bretas solicita a sua demissão. Como a mesma demorava a ser concedida, abandona a escola. Finalmente, a 2 de janeiro de 1858 é lavrado o ato da demissão.
Retirando-se para São Romão, Francisco de Paula e Souza Bretas passa a tomar parte ativa na política local. Quando a sede daquele município se transfere para Pedra dos Angicos (atual São Francisco), temos notícia de diversos papéis da Câmara, mostrando sua condição de Presidente do Legislativo Municipal, em abril de 1875.
* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.
* Foto: Galeria.colorir.com.