II FESTIVAL DE BALLET DA ACADEMIA DALAL BALLET STUDIO

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BALLERealizou-se em nossa cidade, dias 01 e 02 próximo passado o II Festival de Ballet da Academia Dalal Ballet Studio.

Podemos afirmar que foi um espetáculo de rara beleza, pouco visto por aqui, onde ao embalo dos passos, do brilho e da música, presenciamos o esforço dessas meninas preocupadas em mostrar que têm garra e que acabaram vencendo todos os obstáculos que possam servir de empecilho nesta sua arte que é a dança.

É claro que não podemos comparar com grandes festivais, com grandes bailarinas ou com musicais, pois ainda são alunas, que apesar de um desenvolvimento avantajado, ainda não são bastante especializadas para que se possa compará-las a grandes nomes.

A sugestão é que elas sempre que possível, fizessem cursos fora e levassem em frente seus sonhos de serem bailarinas, não imposta que seja no ballet clássico, moderno ou jazz. O importante é que busquem também em outras fontes mais bases para o seu aprimoramento. E que cada pai ajude com total apoio àquelas que realmente estão ali porque gostam e não porque acham que simplesmente é uma ocupação a mais ou mesmo porque dê um certo “status”, pois a arte não deve ser posicionada dentro deste preâmbulo, simplesmente ela tem que sair de dentro do coração, do interior, para poder envolver a todos que dela participem de uma maneira tal que todos os esforços sejam recompensados após ver o fruto do seu trabalho.

O sucesso deste festival, quase que todo ele foi das alunas, mas vale ressaltar o esforço da Prof.ª Simone Guimarães e Silva, que colocou nas mãos de seis alunas, confiando no mérito de cada uma para que pudéssemos presenciar aquele belíssimo espetáculo. E foram estas seis alunas que realizaram um trabalho frutífero pelo qual puderam se sentir recompensadas ao constatarem o resultado. Parabenizamos às alunas Maria Coeli Amâncio, Jane Guimarães Campos e Beatriz Ferreira do ballet clássico; e Carla Piau Vieira, Juliana Amorim Pacheco e Patrícia Louzada do jazz, com as quais tive um bate-papo logo após a realização do festival para que esclarecessem ao leitor o resultado de sua experiência, pois além de professoras todas elas são primeiramente ALUNAS.

Com a professora-aluna Maria Coeli Amâncio, que teve um contato direto com as alunas da APAE, três deficientes auditivas e três deficientes de aprendizagem, pude notar o quanto foi árduo e gratificante e segundo suas palavras “bem, quanto a este negócio de dar aula, simplesmente adorei, pois ao mesmo tempo em que você está ensinando, você está aprendendo e é essa troca, que me faz sentir gratificada com isso, pois ao mesmo tempo que a gente acha que sabe muito, talvez você não saiba quase nada, e não acho que haja diferença entre minhas alunas da APAE e as minhas alunas do baby-class, apenas acho as alunas da APAE, você talvez tenha que ter um cuidado maior com elas, mas no fundo tanto elas quanto as outras, pela idade sempre perguntam coisas, querem saber coisas, isso devido à faixa etária, agora as da APAE, prestam bastante atenção, demoram um pouquinho para aprender, mas não dá nem prá notar, quando estão dançando quais são as deficientes auditivas ou deficientes de aprendizagem pois elas se ligam muito na gente, às vezes eu até parava de dançar e elas continuavam tudo certinho, bonitinho”, e ainda concluiu “no ano que vem quero até parar minhas aulas de violão e continuar só com o ballet, dando e fazendo aula, quero fazer carreira pois se a gente gosta de alguma coisa por que não continuar fazendo”.

Carla Piau Vieira, professora de jazz, que dançou muito bem, bastante entusiasmada disse: “prá mim foi uma experiência valiosíssima, fantástica, com sinceridade, a gente convive com as pessoas e você aprende muito mais quando você dá aulas. Para ano que vem talvez eu vá dar aulas de jazz para os pequenos, porque vai abrir turma pra menores, e se eu não for, o que ainda não é certo, aí continuarei com as minhas alunas, pois gosto demais de dar aula”, e quanto a sua opção pelo jazz, Carla acrescenta: “eu gosto muito mais do jazz, acho mais movimentado e como gosto das coisas mais modernas, apesar de gostar muito do clássico e como não comecei mais cedo… acho que enfim gosto de toda dança e este ano já se completa dois anos que estou dançando”.

E já Patrícia Louzada, também professora de jazz, que aliás também deu um show no palco, acha o seguinte: “eu acho formidável porque a coisa que mais gosto na minha vida é a dança. Tanto é que agora, no início do ano, faremos um curso no Rio de Janeiro e estou animada, apesar que perderei o mês de fevereiro todinho para fazer este curso, sei que estou arriscando mas gosto mesmo de jazz, apesar de saber que não sou ainda aquela bailarina que eu gostaria de ser, mas espero ainda conseguir. Inclusive este curso a Simone nos acompanhará e orientará; o curso será ministrado por vários professores, acho que o Leni Dale, e outros grandes nomes que só dão curso em fevereiro. É um curso de aperfeiçoamento, isto nos dará oportunidade de conseguirmos vários diplomas, facilitando o trabalho da Simone, pois várias pessoas pensam em não entrar prá academia por que são meninas que dão aula, e já tendo o diploma fica muito mais fácil”. E Carla que provavelmente fará o curso concluiu: “este curso só dependerá agora se meu pai deixar, aqui eu recebo total apoio, mas para sair daqui e ir pro Rio, sei não, mas será formidável pois parece-me que o curso abrange quase 8 horas aula por dia”.

BALE 1Juliana Amorim Pacheco, que era bailarina do clássico e do jazz, ano passado também dá um toque porque deixou o clássico e ficou só no jazz: “Eu não larguei o clássico. Eu fazia os dois pois se fosse prá escolher entre um e outro acho que não daria conta de optar, mas por razões pessoais deu prá continuar este ano só com um, mas ano que vem quero continuar dando e fazendo aula de jazz e de clássico, pois acho ótima a responsabilidade, a amizade e uma certa independência”.

A Jane Guimarães Campos, professora da turma mais difícil do ballet, o 4.º ano clássico, conta com Beatriz Ferreira que também é professora desta turma as novidades e o que recebeu em troca deste ótimo trabalho que desenvolveu, ela explica assim: “eu não acho que tenha turma mais difícil, é simplesmente um trabalho que está sendo altamente recompensado pelo que pude ver no festival, o relacionamento com minhas alunas é ótimo, temos vários pontos em comum o que facilita demais”. E quanto ao acarretamento de responsabilidades Jane acha que “no ano que vem quero estar bem preparada pro que der e vier para que minhas alunas tenham sempre o melhor de mim”.

Beatriz Ferreira acrescenta: “achei uma experiência incrível, e sempre fiz tudo para sair bem em relação às minhas aulas, Jane e eu que temos 7 anos de ballet, estamos nesta caminhada e certamente chegaremos juntas. Quanto ao meu trabalho valeu a pena durante o ano, foi maravilhoso poder saber que sou capaz de colaborar com a Simone até nas coreografias e que nos próximos festivais, juntas tornaremos o festival melhor ainda. Eu gosto muito do clássico, acho que a música clássica é um sentimento de relaxamento do corpo para a mente, a gente tem que sentir isso, entender o que ela vem a nos dizer”. “E quanto ao ano que vem” – finaliza Beatriz: “acho que como meu currículo abrange cursos com professores que já vieram aqui, a gente já tem bastante base, e tentaremos levar esta escola de ballet ao ponto máximo que conseguirmos”.

Todas elas estão se preparando com bastante garra para que no próximo ano tudo seja corrigido, todos os erros. Estão tentando sempre se aperfeiçoar cada dia mais e Juliana assim se expressa: “Infelizmente no mundo de hoje a maioria das coisas e das pessoas não são e não agem do jeito que nós queríamos que fosse, mas é neste ponto que está o segredo de como viver sem receios, basta você sonhar aquele acontecimento, assim como você o deseja, pois a dança é um sonho, é uma fantasia na qual a gente se liberta de todos os nossos medos”.

Com essa preparação das alunas de sua escola, para que no futuro, não se precise buscar professoras de fora, acho que a Simone acertou em cheio, pois além das responsabilidades que a cada uma foi concedida ainda desperta aquele gosto pelo aperfeiçoamento e pelo bom ensino, enfim a troca será ótima, e Celinha é quem finaliza com um apelo e um alerta ao público patense: “uma coisa que acho de suma importância e que está esquecida aqui em Patos é que não dão o devido valor à arte, o tanto que deveriam dar, eles não prestigiam, ou não acostumados com este tipo de realidade, às vezes até criticam, falam do preço, arranjam mil desculpas para não ir. Estão precisando se conscientizar e dar valor a nossa arte, pois ela é muito importante”.

E finalizando quero cumprimentar e agradecer a todas as bailarinas pelo espetáculo e o bate-papo. E abrir um parêntese para a bailarina Cláudia Carvalho, que mais uma vez provou ser ainda a melhor de nossa cidade, pois o seu show, Cláudia, realmente valeu a pena.

* Fonte e foto 2: Texto publicado na coluna “Sem Fronteiras” (Vicente) com o título “II Festival de Ballet” no n.º 57 da revista A Debulha de 15 de outubro de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto 1: Stosart.blogspot.com, meramente ilustrativa.

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