Ozório Corrêa, além de ter sido uma pessoa muito querida na cidade, pai do famoso Ti-Ray e de Dona Galdina, fez, quando rapazinho, parte de uma peça de teatro.
No andamento do ato, um senhor está batendo em uma criança. Então, é chegada a hora de Ozório Corrêa participar, dizendo:
– Pára! Se ousares bater nesta criança, eu saco da minha pistola e te dou um tiro na cabeça!
Entretanto, o Ozório não aceitava dizer a palavra pistola e argumentava:
– Acho que é imoral falar esse nome em público. Sugiro substituí-lo por “garrucha”. “revólver”, “arma”, “cartucheira”, “baioneta”, “fuzil”, “carabina”, “rifle”. Mas PISTOLA, não!
Mediante a decisão do diretor do espetáculo, de não mudar o texto original, Ozório Corrêa pensa uns dois dias e decide não complicar a peça.
Procurou decorar bem o seu texto para o dia da estréia, mas sempre com a preocupação de ter que falar a tal palavra.
E a estréia chegou!
O público repleto da mais alta sociedade da cidade – senhores, senhoras, rapazolas e pálidas donzelas – aguardava o espetáculo.
É dado início à peça!
E quando chega o momento do Ozório participar, ele, solenemente, diz:
Pára! Se ousares bater nesta criança, eu saco da minha garrucha e te dou um tiro na cabeça da pistola!
* Publicado em “Patos de Minas – Histórias que até parecem estórias…”, de Donaldo Amaro Teixeira e Manoel Mendes do Nascimento (1993). Ilustração de Ercília Fagundes Moura.
* Foto: Baguete.com.br.