Rogério Caçapava da Costa, o Me-Deixem-em-Paz, presidente da Câmara Municipal de Periquitinho Verde e dirigente do PMS – Partido Mamando Sossegado, é um homem cuja altura não chega ao metro e setenta. Esse pequeno detalhe de sua compleição física deveria ser encarado como perfeitamente normal diante da incomensurável variedade de biótipos com que a espécie humana se apresenta aos olhos de todos, mas não é isso o que acontece no entrevero em que se transformou a política periquitinhoverdense.
Porque os adversários do ilustre vereador situacionista não lhe dão descanso, valendo-se, entre outras coisas, da baixa estatura com que ele foi moldado pela natureza para criar e difundir diversas histórias cuja intenção mal escondida é a de tentar ofuscar o seu brilho de homem público. O que não deixa de ser uma covardia, não é mesmo? Afinal de contas, detalhes físicos são apenas detalhes físicos, razão pela qual não têm nada a ver com a correção ou incorreção moral do que o sujeito faz ou deixa de fazer. Por isso mesmo, a altura e gordura, da mesma forma como o nariz, boca, orelha, peito, bunda ou qualquer outra particularidade corporal dos fulanos e sicranos que andam por aí, não podem e nem devem servir como medidor competente da sua integridade ou competência.
Mas, infelizmente, tem gente que não pensa dessa forma, e por isso Rogério Caçapava da Costa continua sendo protagonista de muitas histórias que os maledicentes não hesitam em espalhar com prazer pelos quatro cantos da cidade. E se esse é o orgasmo deles, vamos fazer o quê?
Entre essas histórias venenosas inclui-se a que dizem ter acontecido na noite em que o legislador saiu para jantar com a esposa no badalado restaurante Panela’s, situado próximo à Fepeve – Fundação Educacional de Periquitinho Verde. O programa noturno não tinha nada de especial, diga-se de passagem, porque o objetivo principal do casal era o de passar alguns momentos agradáveis em um estabelecimento reconhecidamente chique e de boa comida, e se possível desfrutando também da companhia de outras pessoas do mesmo nível social em que o chefe do legislativo local se considerava firmemente posicionado.
Segundo os fofoqueiros que divulgam o ocorrido, tudo correu às mil maravilhas. Logo após a entrada do presidente do legislativo local e sua mulher, dois casais que se diziam amigos também chegaram e se aproximaram dos Caçapava da Costa. Os garçons cuidaram então de juntar outra mesa à do vereador, todos se acomodaram satisfatoriamente e ali conversaram longamente sobre assuntos que interessavam aos seis participantes da roda, jantaram o que apetecia a cada um, beberam o excelente vinho chileno indicado pelo chefe dos encarregados de atendimento à freguesia, e assim a noite avançou tranqüila e sem tropeços até o momento em que o grupo cansou daquele arremedo de tertúlia pouco proveitosa e começou a se dispersar.
O vereador Rogério Caçapava da Costa e sua esposa foram os últimos a levantar acampamento, e já estavam quase chegando à porta de saída do recinto quando a madame de repente se deu conta de que esquecera sobre a mesa a medalha de ouro de estimação que havia se desprendido de seu colar, e por isso voltou depressa à mesa onde estivera, para buscá-la.
E como não a encontrasse onde supunha que deveria estar, levantou a toalha e pôs-se a examinar com cuidado o chão sob o móvel, imaginando que a pequenina jóia tivesse caído sem que ninguém notasse. Porém, quando o chefe dos garçons percebeu o que acontecia, aproximou-se pressuroso e disse polidamente:
– Perdão, madame, mas se a senhora está procurando o seu marido, ele está parado logo ali, junto à porta de entrada do restaurante.