Em 1909, o Cemitério de Patos, sem ainda o “de Minas”, era localizado na área onde está hoje o Fórum Olympio Borges e mais espaços adjacentes. De acordo com registros da época, a situação não era nada boa com relação às condições do local. Uma representação do Dr. Laudelino Gomes de Almeida, em 10 de janeiro de 1908, faz ver a necessidade de construção de outro cemitério, fora do perímetro urbano, e o fechamento do atual. Em 19 de fevereiro de 1909, em discussão do vereador Olegário Dias Maciel, autoriza o Agente Executivo a mandar construir um cemitério público, no lugar mais conveniente, podendo despender para esse fim até a quantia de 8:891$000, que foi aprovado com unanimidade.
Para se ter uma ideia das condições do Cemitério, o Dr. Laudelino, médico e também na época redator do primeiro jornal impresso em Patos, O Trabalho”, publicou um texto na edição de 31 de janeiro de 1909. Quem sabe tenha sido o incentivo necessário para a construção de um novo cemitério:
Tristissimo é o aspecto que apresenta o cemiterio desta cidade, collocado quasi no centro da população.
No enterramento dos cadaveres não ha nenhuma fiscalização; os corpos são alli atirados em sepulturas razas, que mal encobrem os caixões; e dahi o miasma insupportavel que se desprende, annunciando o apparecimento de funestas epidemias.
Ultimamente, até o portão cahio, estando a mercê dos animais que alli queiram penetrar e pisar sobre as sepulturas.
Que idéa assaltará o espirito do viajor, que ao encontrar nesta cidade pela grande e linda avenida que se forma dos Largos da Matriz e do Rosario¹, ao abeirar-se dos muros do cemiterio, esburacados e denegridos pela acção devastadora do tempo completamente abandono, como se alli não respousasem os restos mortaes de nossos avoengos, verdadeiras reliquias para a historia deste municipio?
Que contraste desolador se lhe apresentará então do entrar na povoação e conviver com este povo eminentemente hospitaleiro e bom mas que a um modo lamentavel e desumano despresa o logar sagrado onde jazem as cinzas de entes que lhes foram a mais cara porção sobre a terra?
Urge, pois, que todos nós, unidos, nos esforcemos para reparar o nosso cemiterio, já que dos poderes publicos nada podemos esperar, porque estes só querem do povo a ultima gotta de sangue cruelmente extrahida pela permanente ventosa do fisco.
O novo cemitério, na época fora do perímetro urbano e hoje localizado na Rua Ouro Preto, 520, Bairro Várzea, começou a funcionar em 28 de julho de 1911 com o sepultamento de uma criança do sexo masculino da localidade de Canavial, filho dos lavradores José Honório da Silva e Jacinta de Jesus, vítima de moléstia desconhecida, de acordo com o registro. Em 21 de dezembro de 1965, recebeu o nome de Santa Cruz, através da Lei n.º 834².
* 1: Naqueles idos de 1908 existia uma pequena capela, chamada de Rosário, localizada mais ou menos em frente onde está hoje o prédio da Rádio Clube de Patos³. Por isso aquela área era chamada de Largo do Rosário. Esta antiga capela foi demolida em 1920 e uma nova igreja foi construída na Avenida Paracatu, sendo inaugurada em 19294.
* 2: Leia “Cemitérios”.
* 3: Leia “Capela do Rosário”.
* 4: Leia “Histórico da Igreja do Rosário”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fontes: Jornal O Trabalho, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam; Uma História de Exercício da Democracia-140 Anos do Legislativo Patense, de José Eduardo de Oliveira, Oliveira Mello e Paulo Sérgio Moreira da Silva.
* Foto: Clipart.email, meramente ilustrativa.