FÚRIA RELIGIOSA DO MONSENHOR FLEURY, A

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Com a fundação da Escola Normal, foi nomeado como Diretor o Doutor Antônio Dias Maciel, irmão de Zama Dias Maciel, ambos filhos do Cel. Farnese Dias Maciel e sobrinhos de Olegário Dias Maciel, este que foi responsável direto pela construção da escola quando era Presidente de Minas Gerais.  Aparentemente um acontecimento normal, sem trocadilho, pelo que representava o indicado. Mas, o que se viu, foi uma verdadeira “fúria religiosa” por parte do Cônego Manuel Fleury Curado e a União de Moços Católicos pelo fato da condição religiosa do diretor: Dr. Antônio era protestante¹.

Para Cônego Fleury, sendo o diretor protestante, irremediavelmente a escola teria um ensino protestante, e isso ele não aceitava de forma alguma. A sua fúria religiosa contra o Dr. Antônio era tanta que em 12 de fevereiro de 1936 ele enviou uma carta ao Bispo de Uberaba que dizia, entre outras coisas, o seguinte:

A tal escola “anormal”, Snr. Bispo, é uma lástima lastimável e digna de toda lástima. O seu diretor, servindo-se de seu cargo, num prédio magestoso do governo, pago pelo governo, num estado e numa cidade catholica como Minas e Patos, auxiliado por alguns elementos, que só visam o ganho, vai distilando perfidamente o veneno da heresia nos corações das mocinhas que elle tem conseguido arrebatar. Já são diversas as moças que elle maldosamente, tem arrastado para o “seu” protestantismo. Isto, que eu acho um absurdo e uma injustiça clamorosa, num meio catholico como o de Patos, o governo manter na directoria de uma escola normal um fanatico adversario das nossas crenças, que se serve do cargo para propaganda anticatholica e até política.

A citada “atitude anticatólica” da família Maciel, na época representada pela Igreja Presbiteriana, era constantemente atacada pelo Cônego Fleury. Em outra carta ao Bispo, ele escreveu:

As eleições correram em paz, mas os eternos inimigos do catholicismo em Patos não deixaram de usar as armas de sempre, que é a perfidia e a trahição. Organizaram (os Maciéis) a chapa para vereadores, à última hora, e os candidatos, na sua maioria, embora maçons, atheos e indiferentes, contudo não são, ao menos abertamente, infensos ao catholicismo. Ficamos aqui todos satisfeitos, porque apesar de tudo não eram candidatos o Dr. Antonio Maciel e seu irmão Zama, verdadeiros cretinos, sendo aquele o que V. Ex. bem sabe, um inimigo diabolico da Igreja e dos catholicos.

Monsenhor Fleury travou uma longa e desgastante luta contra o protestantismo da família Maciel. Foi tão desgastante que atingiu, inclusive, a saúde do Vigário e contribuiu para que acontecesse sua retirada de Patos, em 1947.

Dois exemplos sobre a fúria religiosa entre Monsenhor Fleury e a família Maciel se concentram nos dois bustos da Avenida Getúlio Vargas. O de Olegário Dias Maciel foi propositadamente colocado de costas para a Catedral de Santo Antônio, de olhos voltados para a Igreja Presbiteriana localizada um pouco adiante; e o de Monsenhor Fleury de frente para a Matriz, como que admirando o templo dos católicos.

* 1: Leia “Gênese do Presbiterianismo”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: História da Diocese de Patos de Minas, de Nilson André Fernandes.

* Foto: Trilhas.diogenesjunior.com.br, meramente ilustrativa.

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