MANOEL FLEURY CURADO (MONSENHOR FLEURY)

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Manoel Fleury Curado nasceu em Corumbá de Goiás, em 18 de fevereiro de 1887. Seu pai, coronel Luiz Fleury Curado, era figura importante da Província goiana. A mãe, dona Joaquina Fleury Curado, gozava de geral estima, pela sua conduta irrepreensível e coração caridoso.

Batizado em Meia Ponte (atual Pirenópolis) o pequeno Manoel, anos depois, revelava incomum aplicação nos estudos e grande vocação sacerdotal.

Em 1903 entra para o Seminário Episcopal de São Paulo. No ano seguinte é mandado para Roma, onde passa a freqüentar as aulas da célebre Universidade Gregoriana, realizando seus estudos filosóficos e teológicos.

A 28 de outubro de 1911, em solenidade presidida pelo cardeal Pedro Respighi, vigário de Sua Santidade, recebe as ordens do plesbiterato, na Capela de São João Beckman do Colégio Germânico-Hungárico. No dia seguinte, celebra a sua primeira missa sobre o túmulo de Santa Cecília, nas Catacumbas de São Calixto, nos subúrbios de Roma. Na capital da cristandade, permanece até julho de 1912, quando regressa ao Brasil acometido de grave enfermidade. Esteve em estado de coma durante três dias. Uma terrível febre do tifo o prostrou. Só em 1º de janeiro de 1913, ainda debilitado e convalescente, consegue celebrar sua primeira missa na terra natal.

Depois de totalmente reabilitado, em julho de 1913 assume o lugar de coadjutor do vigário de Araguari, cônego Joaquim Augusto de Amorim. Por suas vezes, em 1913, fica como pró-vigário da paróquia, e por provisão de 1.º de janeiro de 1914 passa a vigário. Ainda em Araguari, é distinguido com a nomeação, em 1916, para cônego supra-numerário da Catedral de Uberaba, e em 1917, com a nomeação para cônego efetivo.

Suas obras na paróquia araguarina, entre outras, merecem destaque: a aquisição da primeira casa paroquial, a fundação do Colégio Sagrado Coração de Jesus e a participação, como membro ativo, da Comissão Construtora da Santa Casa.

A gripe espanhola, que assolou diversos países em 1918, fez milhares de vítimas em Minas Gerais. Em Araguari, tão logo se manifestou o mal, os recursos eram escassos para combatê-lo. O cônego Manoel Fleury Curado não só participou ativamente do tratamento dos doentes, como também abriu as portas da casa paroquial, albergando os menos afortunados. Debelada a epidemia, ele se retira para Goiás, dali manifestando o desejo de ir, como coadjutor, para Santos, São Paulo. O bispo diocesano não aprova o pedido, mas oferece-lhe a paróquia de Patos, vaga por morte do Cônego Getúlio Alves de Melo.

Foi provisionado vigário de Patos em 10 de janeiro de 1920, tomando posse em 29 de fevereiro, na antiga Matriz. Dois dias antes, quando de sua chegada, foi alvo de festiva recepção, sendo saudado pelo Dr. Dolor Borges. Manifestações de carinho nunca faltaram ao vigário Fleury. Ausentando-se da paróquia, seus fiéis quiseram lhe fazer uma surpresa. No dia de seu regresso, 22 de março de 1927, o presentearam com um automóvel. Presente do qual abriu mão, com a condição de que fosse vendido e a quantia apurada distribuída aos pobres.

Elevado à dignidade de Monsenhor, em 1927, por ocasião de suas bodas de prata sacerdotais, o povo lhe tributou merecidas homenagens.

Em junho de 1936 é agraciado pelo Papa Pio XI com o título de Monsenhor Camareiro Secreto do Papa.

Desgostoso com uma série de acontecimentos, resolve deixar a paróquia em 1947. Os paroquianos não se conformam. Apelam para que fique. Mas o próprio Dom Alexandre, bispo de Uberaba, achou que assim era melhor.

É transferido, então, como Vigário de Sacramento em 06 de setembro de 1947, permanecendo até 22 de março de 1949, quando é removido como vigário de Fátima, em Araguari. Transfere-se para Uberlândia em 21 de outubro de 1949, como capelão do Colégio Nossa Senhora. Em 28 de julho de 1951 é removido, novamente, para Araguari, como vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus e, de lá, transferido novamente para Santo Antônio dos Patos, onde reassume em 27 de agosto de 1952, que ficara entregue ao seu coadjutor, padre João Valim, e posteriormente, ao padre Alaor Porfírio de Azevedo.

Com a elevação da Paróquia a Diocese, em 1955, é nomeado Vigário Geral. Em 20 de abril de 1958 renuncia ao cargo de Vigário-Geral. Em 27 de maio de 1959 é agraciado com o título de Prelado Doméstico do Papa João XXIII e, em outubro de 1961, quando das comemorações do seu jubileu áureo sacerdotal, foi agraciado pela Santa Fé com o título de Protonotário Apostólico, uma vez que, desde 1936, possuía o título de Camareiro Secreto do Papa, recebendo as insígnias das mãos de Dom José André Coimbra em 28 de outubro. Ainda em 1961, aCâmara Municipal de Patos de Minas outorgou-lhe o título honorífico de “Cidadão Patense”, por indicação dos vereadores José Daniel Beluco, João Borges e José Anicésio Vieira.

Indescritível é o trabalho de Monsenhor Fleury em nossa terra. Sempre mourejou em benefício da população seja quanto ao bem estar religioso, seja quanto ao social. Trabalhou junto ao comércio para o costume de fechar as portas aos domingos, o que conseguiu em 1924, como respeito ao Senhor e fazendo jus ao descanso semanal. Ainda junto àqueles menos favorecidos de instrução, orientava até como bem alimentar e como bem viver numa sociedade sadia.

Quando da visita de Dom Luiz de Santana, em 1930, luta para conseguir uma congregação religiosa de sacerdotes para auxiliá-lo no mister de sua Paróquia, conseguindo a vinda dos Padres Capuchinhos da Custódia de Messina, entregando-lhes primeiramente a Igreja do Rosário e depois a Igreja de Santa Teresinha, mais tarde transformada em Paróquia. Ainda trabalhou para a criação de mais uma Paróquia na cidade, o que se deu em 1948, com a elevação da Igreja do Rosário à categoria Paroquial.

Cônego Getúlio havia lutado muito para a construção de uma nova Matriz, até a sua morte, em 1919. Ao substituí-lo em 1920, Monsenhor Fleury abraçou a causa. Quando a pedra fundamental foi lançada em 13 de junho de 1934, Fleury, prevendo o progresso e o desenvolvimento da cidade, exigiu que fosse uma igreja ampla, com possibilidade de, mais tarde, ser uma catedral, o que realmente aconteceu. Em 1944, iniciou o trabalho, por ordem de Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, de formar o patrimônio para a futura Diocese de Patos de Minas, o que se concretizou em 1955.

Em setembro de 1962, após 50 anos de ausência, visita Roma e, em agosto de 1965 vai aos países baixos e Alemanha, principalmente.

Faleceu em Patos de Minas, às 9 horas do dia 02 de julho de 1981, no quarto n.º 2 do Hospital Regional Antônio Dias e foi sepultado, no dia seguinte, às 15 horas, após solenes exéquias, na cripta da Igreja Catedral de Santo Antônio.

O povo de Patos de Minas, por todo esse trabalho material e muito mais ainda pelo seu silencioso e profícuo apostolado espiritual, dedica a Monsenhor Fleury um grande amor. Por isso mesmo, é tido pela população como uma das suas mais caras e preciosas personalidades.

* Fontes: Domínio de Pecuário e Enxadachins, de Geraldo Fonseca; Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello; A Igreja em Patos de Minas, de Oliveira Mello.

* Foto: Arquivo da Escola Estadual Monsenhor Fleury.

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