NAJÁ 5 X 2 URT – MAIS QUE UM JOGO, UMA CONFRATERNIZAÇÃO

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Sabado, 4 do corrente, partiu para a visinha cidade de Araxá uma numerosa e selecionada delegação esportiva, levando o time da U.R.T. para medir-se com o do Najá Futebol Clube, daquela cidade. Dez automoveis conduziram a delegação patense e numerosos outros carros seguiram posteriormente, totalizando um numero maior de cento e cinquenta pessôas. Depois de excelente viagem, chegou a embaixada á Araxá, onde foi recebida pelo representante do Snr. Prefeito Municipal, pelos Diretores do Najá Futebol Clube e pelo velho chefe araxaense Dr. Jaques Montandon. Dois aviões do Aero Clube de Araxá saudaram os visitantes, acompanhando os carros desde as vizinhanças da cidade e atirando folhetos de saudação.

A’ noite, foi a diretoria da embaixada conduzida ao Barreiro, onde lhe foi oferecido um banquete de cincoenta talhares no explendoroso salão de jantar da maravilhosa estancia. Esta festa foi presedida pelo representante do Snr. Prefeito Municipal, Dr. José Maria Santos que estava ladeado pelo Dr. Zama Maciel, presidente da U.R.T., pelo Dr. Armando Zema, presidente do Najá Futebol Clube, pelo Sr. Eneas Santos, representante do Clube Brasil, pelo Presidente das Associações de classe e pelo presidente do Ypiranga Esporte Clube. “Au desert” a delegação patense foi saudada oficialmente pelo Dr. Armando Zema, cuja delicada e significativa oração foi respondida pelo Dr. Jaques Correa da Costa. Findo o banquete foram os patenses conduzidos pelos luxuosos salões do casino e finalmente homenageados com uma sessão cinematografica no elegantismo salão da estancia.

Domingo, pela manhã, foram todos os jogadores e demais membros da comitiva patense presenteados com uma visita á estancia do Barreiro onde lhes foi mostrado todo o edificio pelos diretores de serviço, que foram gentissimos com a rapaziada de Patos.

A’s treze horas, iniciaram-se, no estadio municipal as festas com que o Najá Futebol Clube comemorou o seu segundo aniversario.

Abriu a festa uma partida amistosa entre dois times organizados entre os desportistas do proprio Najá, partida esta que teve como padrinho o Snr. Moacir de Almeida Machado, distinto araxaense e destacado esportista patense e cujos serviços a causa de aproximação esportiva entre as duas cidades nunca é fora de propositos enaltecer e louvar.

Seguiu depois o concurso de animais de sela. Varios fazendeiros, montando soberbos animais, apresentaram-se ao concurso. Quando desfilaram pela pista do estadio a multidão das arquibancadas aplaudia-os calorosamente, e deu o seu consentimento á descisão do juri chefiado pelo C.I. José Adolfo de Aguiar.

A parte principal da festa foi, no entanto, o jogo de futebol entre as equipes do Najá e da U.R.T. Nunca, informaram os diretores do Najá, o estádio municipal apanhara uma enchente tão grande. As dependências estavam literalmente cheias. Em um canto formara-se a “torcida” oficial do Najá, composta de senhoritas e rapazes uniformizados de branco, conduzindo o distico “Ao Najá querido”. Estes rapazes e moças deram um encanto especial à festa não só pela maneira elegante como se apresentaram como pela delicadeza de suas manifestações. Dois aviões sobrevoaram o campo na hora do jogo, sendo que de um deles foi atirada uma mensagem de saudação à delegação patense mandada pelo Ypiranga Esporte Clube, outra sociedade esportiva de Araxá.

O time de Araxá entrou em campo conduzindo a bandeira vermelha do Najá e pujando um lindo garoto, mascote do esquadrão. A equipe da U.R.T., capitaneada pelo jogador Fernando entrou, no seu vistoso uniforme azul, conduzindo cada jogador uma bandeira nacional, as quais foram presenteadas aos jogadores do najá, como lembrança da partida.

O jogo teve inicio num ambiente de intensa vibração, e foi dirigido pelo juiz da delegação patense sr. Waldir Nascimento. O primeiro tempo foi sensacional, empregando-se todos os contendores a fundo, estabelecendo-se um equilibrio de forças. O primeiro tento da tarde foi marcado de maneira espetacular por Zaminha aos vinte minutos de jogo. Minutos depois o Najá conseguiu empatar a peleja. Baim produziu nesta fase do jogo espetaculares defezas, as quais confirmaram a sua magnifica forma e a sua fama de maior goleiro da região.

A segunda parte do jogo foi menos brilhante, e embora o Najá conseguisse levar vantagem sobre o seu adversário, este produziu melhor jogo, mais limpo e impetuoso e tambem menos favorecido pela sorte. Baim neste tempo só foi chamado a intervir de bola atiradas de longe. O guardião araxaense produziu nesta fase de jogo boas defezas. Antonio Tiburcio marcou segundo ponto dos patenses. O jogo terminou com a vitoria do Najá por cinco tentos a dois.

Não podemos registrar o nome dos marcadores dos tentos do Najá, dois dos quais foram por penalidade maxima. O jogo terminou bem e deixou boa impressão na numerosissima assistencia.

A noite, no salão do Clube Brasil, fez o Najá realizar suntuoso baile para o qual foi convidada a delegação patense. Durante esta festa que se revestiu de carater solene e alcançou retumbante exito social, foi coroada “Rainha” do Najá a senhorita Delma Ribeiro, que entrou no salão repleto conduzida pelo braço do dr. Zama Maciel, presidente da U.R.T. Discursou, saudando os patenses o orador oficial do Najá, cujo discurso foi bem uma demonstração da cultura araxaense que vê no seu talentoso filho uma de suas melhores expressões de atividade e saber. O dr. Waldir Costa saudou tambem a jovem rainha do Najá que em delicada oração agradeceu a homenagem e saudou ainda a delegação patense. Pelos patenses falou o dr. Zama Maciel, com cujo discurso foi terminada a primeira fase da festividade. Abriram o baile a senhorita Delma Ribeiro e o dr. Zama Maciel. A festa do Clube Brasil deixou nos patenses a mais grata lembrança.

Segunda feira pela manhã regressou a esta cidade a embaixada da U.R.T. trazendo todos a mais grata das impressões com as festividades promovidas pelo Najá Futebol Clube.

* Fonte: Texto publicado com o título “A visita da U.R.T. a Araxá” na edição de 12 de agosto de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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