DEIXAREI SAUDADE – 288

Postado por e arquivado em 2024, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Essa é a esquina da Getúlio Vargas com Brasil, duas das nossas principais avenidas. Sinceramente não me lembro o ano em que fui erguida. Tanto faz pra mim, isso pouco me importa. O que me importa é que sou muito observadora, demais da conta até, o suficiente pra não deixar de perceber que tudo, absolutamente tudo em volta de mim está se transformando. O hospital particular ao lado está ficando completamente mudado. Por falar em hospital particular, antigamente qualquer um custava a crescer. Hoje, hospital particular é um negócio altamente lucrativo e qualquer um dobra de tamanho da noite pro dia. Por que será? Eu sei, mas deixa pra lá, porque também todo mundo sabe. Como eu estava dizendo, tudo está mudando ao meu redor. As árvores, por exemplo, muito mais antigas do que eu, estão morrendo e não sendo substituídas. Sei não, se continuar assim vai chegar o dia que o canteiro central da Getúlio Vargas não terá uma única árvore, pois nos passeios praticamente não existem mais. E as casas? Estão sumindo que nem secando os córregos e suas nascentes, quer dizer, os edifícios estão invadindo as casas sem dó e nem piedade. E nessa a coisa pende pro meu lado, pois, mesmo na minha exuberância, tenho lá minhas dúvidas se esse meu poderio arquitetônico terá forças para me garantir como imóvel eterno aqui nessa esquina. Então, nada estranho eu me perguntar: até quando meus donos vão resistir ao mercado imobiliário? Porque, é certo, no dia em que eles cederem, eu já era e passarei a ser unicamente uma página virada na História de Patos de Minas. Mas, pelo menos, deixarei saudade!

* Texto e foto (05/05/2024): Eitel Teixeira Dannemann.

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