A dermatite atópica é uma patologia cutânea recorrente em gatos e que provoca coceira. Ela consiste em uma reação alérgica ou de hipersensibilidade tipo 1 causada por alérgenos ambientais como o pólen ou os ácaros do pó, entre outros. Em cães, tem caráter genético e, muitas vezes, predisposição racial. Em gatos, no entanto, isto não acontece, e a causa da patogenia é complexa, com novos conceitos sendo descobertos conforme os estudos continuam. É previsível que a inflamação cutânea continue sendo autoperpetuada pelos arranhões e lambidas contínuos, mesmo que já não haja mais exposição ao alérgeno que desencadeou a reação alérgica.
São vários os sintomas clínicos, mas nenhum deles é único e exclusivo da doença ou pode fechar um diagnóstico. Os sintomas geralmente aparecem entre o primeiro e terceiro ano de vida, mas há casos em que animais de 4 meses ou mais de 15 anos também os apresentaram. A dermatite pode ser sazonal, frequentemente associada ao pólen, ou não sazonal, geralmente associada a alergênicos presentes durante o ano inteiro, como pó e ácaros. Entre os sintomas clínicos mais frequentes, podemos encontrar diferentes intensidades de comichão ou coceira, eritemas ou vermelhidão; hiperpigmentação ou liquenificação (espessamento da pele a nível interdigital ou na face do pavilhão auricular e do canal vertical, no abdômen, área periocular, nos lábios e na axila). É comum que estes locais também apresentem alopecia (queda de pelos) dependendo do nível de inflamação e duração e serem acometidos por bactérias como o Staphylococcus ou fungos como o Malassezia pachydermatis. A infecção por Staphylococcus produz um pioderma superficial que geralmente apresenta pápulas eritematosas que podem formar pústulas ou crostas e áreas circulares alopécicas com bordas descamadas, conhecidas também como “colares epidérmicos”. Outro sintoma frequente é a otite externa ceruminosa. Geralmente essa otite é causada devido a um eritema prolongado que pode gerar hiperplasia nos tecidos do interior do pavilhão e canal auriculares, o que aumenta a secreção das glândulas que funciona como um meio de cultivo de leveduras e bactérias.
O diagnóstico deve ser feito por exclusão, apenas quando os sintomas clínicos forem compatíveis e outras causas de coceira que tenham sintomatologia parecida em seu diagnóstico diferencial tenham sido descartadas, como Dermatite alérgica a picada de pulga (DAAP), Pioderma superficial, Parasitas externos, Hipersensibilidade alimentar, Intolerância dietética, Dermatite por Malassezia pachydermatis, Dermatite de contato. Os testes de alergia são realizados após ter sido estabelecido o diagnóstico, de forma a identificar qual o alergênico (ou os alergênicos) responsável(is) pelo quadro de hipersensibilidade e seguir, assim, com uma imunoterapia específica para este alergênico. O tratamento é constituído pelo uso de diversos medicamentos e produtos para controlar e prevenir os sintomas. No geral, usa-se a terapia combinada com glicocorticoides, imunoterapia, ciclosporina, anti-histamínicos ou ácidos graxos essenciais. Portanto, caso perceba que o gato está com muita coceira, vermelhidão, áreas sem pelo, com aparência abatida ou mais nervoso, deve-se entrar em contato com uma clínica veterinária para que possam prescrever o tratamento mais adequado.
* Fonte: peritoanimal.com.br.
* Foto: blog.cobasi.com.br.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.