A Vicunha (Vicugna vicugna) é o menor dos camelídeos andinos – Guanaco (Lama guanicoe), Lhama (Lama glama) e Alpaca (Vicugna pacos) – atingindo no máximo 1,30 metros de altura e pesando até 40 kg. Sua pelagem fina é muito valorizada comercialmente, o que a tornou alvo de caçadores ilegais e colocou a espécie em risco de extinção. No entanto, graças a esforços de conservação, a população de vicunhas tem crescido significativamente, passando de cerca de 25.000 exemplares para quase 170.000 (com aproximadamente 100.000 no Peru) e aumentando em média 8% ao ano.
Estes animais habitam áreas de elevado platô andino, entre 3.000 e 4.600 metros acima do nível do mar, em regiões da puna, uma estepe elevada e desértica, desprovida de árvores. Sua distribuição geográfica inclui a região central e sul do Peru, oeste da Bolívia, norte do Chile e noroeste da Argentina, adaptado muito bem a essas condições extremas, tendo evoluído para suportar o clima frio e seco das montanhas andinas.
A sua lã é uma das fibras mais caras do mundo, ultrapassando em muito o valor da caxemira. O comércio da lã é regulamentado em vários países, o que ajudou a combater o contrabando ilegal. Além disso, os animais são criados em cativeiro em algumas regiões, o que permite a obtenção de lã sem a necessidade de caçá-los.
Além de ser conhecida por sua lã fina e valiosa, ela possui diversos comportamentos e habilidades que a tornam uma espécie fascinante. Desde suas estratégias de defesa até seus hábitos alimentares, este animal tem muito a nos ensinar sobre a vida nas montanhas andinas. Além disso, a importância cultural que ela tem para as comunidades locais é algo que merece ser destacado.
Comunicação por vocalização: Ela é capaz de se comunicar com outros membros da sua espécie através de diferentes tipos de vocalizações, como grunhidos, assobios e chamados.
Estratégias de defesa: Quando se sente ameaçada, usa diferentes estratégias de defesa, como cuspir, coicear e correr em círculos. Além disso, também pode se camuflar na paisagem, confundindo-se com as rochas e o solo.
Hábitos alimentares: É herbívoro e se alimenta principalmente de gramíneas e outras plantas encontradas na região andina. Para obter os nutrientes necessários, ela precisa comer grandes quantidades de vegetação, podendo chegar a consumir até 3 kg de comida por dia.
Comportamento social: Sem dúvidas é um animal social e vive em grupos que podem ter de 10 a 20 indivíduos. Esses grupos são geralmente compostos por um macho dominante, várias fêmeas e seus filhotes. Os grupos podem se unir temporariamente para formar rebanhos ainda maiores, com até algumas centenas de animais.
Importância cultural: Além de ser valorizada por sua lã, tem importância cultural para as comunidades andinas que habitam a região onde o animal vive. Para essas comunidades, ela é considerada um animal sagrado e está associada a rituais religiosos e festivais tradicionais.
Em comparação com os camelos do velho mundo, ela possui cascos mais profundamente bipartidos, o que a torna uma exímia escaladora de encostas rochosas, penhascos e pedras soltas. Ainda tem uma adaptação curiosa: seus dentes são semelhantes aos de roedores e crescem continuamente, permitindo que ela se alimente de pequenos arbustos herbáceos e gramíneas perenes rentes ao solo. É o único ungulado (animais que possuem cascos, como cavalos, vacas, cabras, entre outros) que possui incisivos de raiz aberta e crescimento contínuo.
* Fonte: Texto de Vicente Delgado pulicado em agronews.tv.br (03/03/2024) com o título “Vicunha, o animal sul-americano com a lã mais cara do mundo”.
* Foto: animalia.bio.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.