PADRE ANTONIO, INSULTADO, ABANDONA DORES DO ARÊADO – 2

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Monsenhor Antônio Maurício de Medeiros Gouveia nasceu em Coimbra em 10 de outubro de 1864 e faleceu em Ubá no dia 04 de setembro de 1940. Foi ordenado em 18 de dezembro de 1886 por Dom Antônio Maria Corrêa de Sá e Benevides, Bispo de Mariana. No mesmo ano, exerceu seu sacerdócio como Administrador Paroquial em Conceição do Ibitipoca. Depois foi Pároco em Carangola, Santa Rita do Ibitipoca e em 1903 chegou a Dores do Areado, hoje distrito de Chumbo¹, permanecendo até 1914, quando houve o imbróglio abaixo, retirando-se ele para Lagoa Dourada.

Snr. Redactor. Saudações.

Não posso deixar de escrever estas linhas, manifestando o sentimento que causou-me o escandaloso desacato que soffreu o nosso bom e estimado Parocho Reverendissimo Padre Antonio Mauricio de Medeiros Gouvêa, que, ha anos, nos apascentava dano-nos bons exemplos, doutrinando-nos, e guiando-nos para o caminho do bem. Elle, como pastor, foi sempre acatado por suas ovelhas; mas, por infelicidade nossa, appareceu uma ovelha mà que não quiz ser apascentada por elle, e o ameaçou de tal modo que causou a sua retirada. Eu e meus confrades não deixamos de lamentar essa perda, e enviamos ao nosso Pastor muitas saudades; e temos a honra de dizer que não foi nenhuma das suas ovelhas que o desacatou, e sim uma ovelha extraviada, de outra terra.

Diz o proverbio: – “Uma ovelha mà põe um rebanho a perder”. Foi por causa da “ovelha mà” que nosso rebanho ficou perdido! O estimado Parocho apascentou suas ovelhas, por muitos annos, e nunca foi desacatado por ellas. Agora o foi por uma extranha!

Estamos indignados com a tal ovelha, e pedimos providencias a quem de direito para que não fique o rebanho sem um Pastor bom e recto como aquelle.

* 1: Pela lei provincial nº 2329, de 12/07/1876, e lei estadual nº 2, de 14/09/1891, é criado o distrito de Dores do Areado e anexado à Vila de Santo Antônio dos Patos. Pela lei estadual nº 843, de 07/09/1923, o distrito de Dores do Areado tomou a denominação de Chumbo. E está assim até hoje, mas o nome não pegou e o povo continua com o Areado.

* Fonte do texto: Publicado com o título “Doloroso!” na edição de 07 de junho de 1914 do jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto e fonte sobre o padre: facebook.com/senadorfirminomg.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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