A cidade de Patos de Minas acaba de sofrer sentido golpe, que a todos constrangeu. Refiro-me à morte do Padre Antônio Dias dos Reis.
A verdade é que os verdadeiros fiéis acatam e buscam compreender a vontade e os desígnios de Deus, reconhecendo que o Senhor sempre atua visando o melhor para os que se dedicam inteiramente à Sua Obra e ao Serviço da Igreja. Não menos verdade é que o sentimento de saudade ofende e fere aos que aprenderam, ao longo dos anos, a amar aquele Pastor de Almas cuja vida de exemplos há de ser lembrada por inúmeras gerações mineiras.
Neste último dia 2 de agosto o Padre Antônio Dias dos Reis rendeu sua alma ao Criador, sendo o seu corpo achado sem vida, sem que antes qualquer enfermidade o atormentasse. Foi convocado aos páramos celestiais em plena atividade sacerdotal, que instalada desde 1944, quando ingressou no Seminário Coração de Jesus, em Belo Horizonte, jamais sofreu qualquer interrupção, passando nosso saudoso Padre por todos os estágios exigidos para o pleno exercício da atividade eclesiástica, onde soube aliar atividades diversas, como de doutrinador, de educador, de jornalista, de homem de letras, de pastor de almas, de servo do Senhor Jesus Cristo.
A vida de Antônio Dias dos Reis chega ao seu termo, neste mundo, quando o Padre era Vigário Geral da Diocese de Patos de Minas, onde chegara em 1.º de maio de 1963, dia de sua ordenação sacerdotal, ocorrida em Ibiá, sua terra natal. Naquele dia foi o Padre nomeado Vigário Cooperador da Catedral de Patos de Minas. Antes, sua santa vocação fora provada no recebimento e aceitação das Ordens Menores, do Diaconato e do Sub-Diaconato, do Magistério em Seminários e Colégios Religiosos, sempre experimentando o mesmo entusiasmo e fé inabalável, como o que lhe impulsionava o espírito, em 8 de dezembro de 1954, quando de sua primeira tonsura.
Pessoalmente, Senhor Presidente, sinto este desenlace em razão de muitos motivos espirituais que me vincularam à vida do Padre Antônio Dias dos Reis.
Foi ele o Pastor de toda minha família, e meu em particular. De suas mãos, marcadas pela unção sacerdotal, alguns de meus filhos receberam as águas do batismo. De seus lábios, onde sempre o verbo da caridade e do amor resplandeciam, sempre ouvi a bênção sendo distribuída sobre os meus dias de lutas. Recentemente, em solenidade marcante, foi aquele Padre quem celebrou minhas Bodas de Prata, e o casamento de minha filha mais velha. Nele sempre busquei o conforto e o ânimo espiritual. A Santa Doutrina da Igreja, no que sei e busco praticar, foi no Padre Antônio Dias dos Reis que recolhi as mais caras lições. As Sagradas Escrituras, que quero obedecer e seguir, foi com aquele Pastor que mais me familiarizei com os seus extraordinários meandros, nas suas palestras em reuniões de Cursilhos de Cristandade, nas aulas de Formação de Líderes e nos seus sermões domingueiros, pela Rádio Clube de Patos de Minas.
Esta pois, senhor presidente, não é uma homenagem formal. É um registro sincero, que faço para dar testemunho sobre esta vida, que ainda tencionava dedicar-se mais ao serviço do Evangelho, pois de seus planos, que não mais se cumprirão, estava a serviço às comunidades mais carentes e o fortalecimento das atividades leigas no seio da Igreja, como Diretor Espiritual do Movimento de Cursilhos e Encontro de Casais com Cristo na Diocese de Patos de Minas. Resta-nos a certeza de podermos, por mais um pouco, seguir os seus exemplos. E se alguma coisa pudermos ser úteis ao Evangelho, há de ser seguindo os passos de Cristo, onde por certo encontraremos, também, os passos firmes do Padre Antônio Dias dos Reis.
Meus sentimentos a toda a Diocese de Patos de Minas, na pessoa de seu Bispo, Dom Jorge Scarso e de todo o Conselho Presbiteral.
* Fonte: Pronunciamento do Deputado José Mendonça de Morais na Câmara dos Deputados publicado na edição n.º 74 de 15/08/1983 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Gartic.com.br, meramente ilustrativa. A título de informação, solicitei por e-mail à Diocese de Patos de Minas uma foto do Padre Antônio Dias dos Reis com as devidas explicações do motivo. A resposta de Douglas Henrique foi sucinta: Não temos fotos do Padre em nossos arquivos!