POR UMA POLÍTICA DE PODER PARA PATOS DE MINAS E REGIÃO – 7

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)

Bem feitas as contas, creio que os nossos representantes perderam muito tempo no afã de trocar pequenos cargos de chefia em Patos e municípios da Região, em prejuízo de uma tarefa incomparavelmente mais produtiva: a de colocar gente nossa em postos de relevo no Governo Estadual e, eventualmente também no Governo Federal.

É como se tivessem gasto muita munição e suor atrás de caça miúda, quando poderiam ter usado seus cartuchos e sua energia para abater caça graúda.

O primeiro trabalho sugere a famosa “troca de cebolas”, na qual – ao fim e ao cabo – fica-se do mesmo tamanho. Mas notem: não questiono o direito de os vencedores trocarem as chefias consideradas “políticas” (embora julgue que talvez fosse mais conveniente, para a sociedade, que algumas delas fossem excluídas dessa lista, a fim de serem preenchidas por outros critérios). Isto faz parte do jogo político.

Não obstante, trata-se de uma ação que, em geral, interessa apenas ao partido dominante e não à comunidade. Ao passo que a política de se colocar gente nossa em cargos importantes no Governo do Estado (e, se possível, no da União) é altamente benéfica para a comunidade e, em consequência, também para o partido responsável pela sua execução.

Tentarei explicar melhor. Quando se substitue a diretoria de uma Escola Estadual de Patos (ou de qualquer outra cidade de nossa área de influência), pode-se ter, como em qualquer troca, um ganho ou uma perda – no caso, de qualidade. Mas, em termos municipais, são todas pessoas nossas e em princípio, identificadas com a comunidade a que servem. Agora, colocar gente de Patos ou da Região em postos de relevo “lá em cima” é outra coisa, assume outra dimensão, por representar um ganho efetivo para a comunidade regional.

Para que não paire qualquer dúvida, não pretendo tirar o direito de os vencedores procederem às trocas de chefias, de acordo com o interesse geral do Município e/ou da Região (como infelizmente aconteceu com o nosso outrora eficiente e altamente conceituado Centro Regional de Saúde). Mas uma inteligente ação política, voltada para a colocação de gente de Patos e da Região em altos postos administrativos, na área estadual e, se possível, também na federal, sem dúvidas terá um alcance disparadamente maior, pela soma de vantagens que isso pode trazer para o Município e toda a Região. E se os efeitos são infinitamente maiores e melhores, em termos sociais, certamente o serão também em termos partidários.

Gostaria, aqui, de chamar a atenção para um ponto específico: nossa condição de centro polarizador de uma vasta região, que virtualmente nos confere o papel de uma pequena Capital Regional. Em razão disso, creio que nossa ação política deve ser exercida neste rumo: o de consolidar e, mais ainda, o de agigantar Patos como um Centro Regional de Desenvolvimento. O que, em última análise, redundará em benefício de toda a comunidade regional. (É oportuno observar, a propósito, que muitos de nossos equipamentos, como a Faculdade de Filosofia e o nosso complexo médico-hospitalar, por exemplo, são de imensa valia para toda a Região).

Pois bem, além de lutarmos para colocar gente nossa em altos postos, lá em cima, podemos e devemos trabalhar, também, para trazer alguns postos para cá. Assim como já contamos com a sede do Centro Regional de Saúde, e a Delegacia Regional de Ensino (que têm jurisdição sobre vinte tantos municípios) bem poderíamos conquistar outros órgãos regionais, como a Superintendência Regional da Fazenda que nos daria outra dimensão; uma Superintendência Regional da CAMIG, a que certamente fazemos jus, pela nossa condição de grande centro produtor de grãos; um Distrito Rodoviário Estadual – que, aliás, perdemos por pura fraqueza política, pois o de Araxá estava destinado a Patos, como sustenta o excelente Dr. Jayme Fonseca. Certamente a lista pode ser enriquecida, para o que conto com a colaboração dos leitores.

PS – Ao bom e bravo Dirceu, meus agradecimentos pelo apoio dado à campanha. A propósito, continuo aguardando novas manifestações, essenciais para que a campanha por uma “Política de Poder para Patos e a Região” alcance a necessária ressonância.

* Fonte: Texto publicado com o título “O negócio é botar gente nossa lá em cima (e não tirar aqui em baixo)” na coluna Política do n.º 118 de 30 de junho de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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