BLITZ POLICIAL NO CENTRO CONTRA A ZOEIRA: NÃO É A SOLUÇÃO

Postado por e arquivado em FEBEAPAM - FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLA PATOS DE MINAS.

Quando a oportunidade se apresenta, o que é quase sempre, costumo dar uma caminhada pelo Centro da Cidade para exercitar mente/músculos e principalmente para acalmar meus dois únicos neurônios, o Idi e o Ota, que há muitos anos estão numa fase de intensa irritação com o poder público. Dias desses, por volta das dez da manhã, lá ia eu pelo passeio da Rua Major Gote passando pela esquina da Avenida Piauí. Mais do que óbvio, tentando não me aborrecer com a insanidade das carretas pesadíssimas, com a barulheira extrema das motos de qualquer cilindrada, com umas bicicletas motorizadas que, pasmem, conseguem ser mais irritantes que as motos e os carros com som nas alturas, estes, pelas músicas, provocantes diarreias a quem tem um mínimo de sentido das coisas.

Lá ia eu, mastigando um pé-de-moleque e ouvindo aquela zoeira. De repente, quando estava chegando na esquina da Rua Olegário Maciel, o Idi e o Ota me alertaram para o sossego. É, realmente, pois era para estar a maior barulheira por causa das tais citadas acima. Perguntei aos dois: − Cadê eles? Eles me apontaram a esquina com a Rua General Osório. Foi então que percebi um monte de cones no meio da pista em direção à Praça Antônio Dias. E lá fui eu em direção à Praça Antônio Dias. E lá chegando, entendi a ausência da zoeira das tais citadas acima. Na Praça Antônio Dias, lá estava montado um aparato policial: duas viaturas, um veículo do controle de trânsito e cinco policiais e alguns agentes do trânsito.

Explica-se a momentânea tranquilidade auricular. Fiz questão de sentar num dos bancos da praça que, graças, fora das mãos do poder público está linda, e ali fiquei antes que o aparato policial se fosse. Antes, fui numa sorveteria ali ao lado, e enquanto saboreava um geladinho, presenciei um monte de motos de qualquer cilindrada contornando a praça nos modos velocípede e avião e carro com som tocando música evangélica no mínimo volume. Eis que, passado pouco menos de duas horas, o aparato policial se desfez. Não deu nem cinco minutos, o ANORMAL se fez presente novamente, com as motos e carros com som arrebentando nossos tímpanos.

Na verdade, esse negócio de colocar cones nas vias é o mesmo que dizer: − Ei, infrator, estamos aqui para te pegar! E avisados que são, os infratores, nessa era de tecnologia e de aplicativos digitais, se comunicam tipo assim: − Fujam da Praça Antônio Dias. E depois: − Tudo normal, podemos voltar às nossas peripécias! Perguntei a um dos policiais presentes o motivo do aparato. A resposta dele: − Rotina! Dito, se virou e não mais me deu papo. Eu insisti dizendo que enquanto eles estivessem presentes na praça com todo aquele aparato, era o mesmo que mostrar a Cruz de Cristo para o Drácula. Fim do papo!

Essa não é a solução, não resolve o problema essas blitz esporádicas. E a coisa é tão simples de resolver. Por exemplo, numa esquina qualquer do Centrão, quatro policiais se postam em cada canto da esquina, sem viatura estacionada perto e muito menos cones na pista. Aí, é só ficar esperando uma moto ou um carro com som arrebentando os nossos tímpanos. Lá vem ele, tranquilamente, quando… quando se deparam na dita esquina com quatro policiais a abordá-lo. Pronto! Até que a rede de comunicação entre eles entre em ação, muitos serão pegos. Isso é trabalho de pouco mais de uma hora e depois outra esquina do Centro é trabalhada. E assim sempre, em toda a Cidade, sem parar. O problema não será eliminado totalmente, óbvio, mas será um tremendo alívio para nossos ouvidos.

Infelizmente, o que se percebe é que o poder público não tem o mínimo interesse em ser drástico com essa zoeira, preferindo ações sedosas e que não melindrem os quase 30 mil motoqueiros com escapamentos adulterados e os milhares de carros com sons estridentes. Afinal, ano que vem tem eleição. Então, capriche no protetor auricular e continue votando!

* Texto e foto: Eitel Teixeira Dannemann.

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