Em 1.º de janeiro de 1955 saiu o primeiro número do jornal Correio de Patos, sob a direção de Mário da Fonseca Filho e Oswaldo Guimarães Amorim. Durante um ano realizou um jornalismo moderno, vibrante, noticioso e sempre atento com a veracidade dos fatos. Menos de um mês após o lançamento, devido a um acontecimento desagradável ocorrido numa das ruas da Cidade, o Dr. Mário ficou sabendo de uma ameaça por parte do causador do imbróglio caso o jornal publicasse a notícia. O jornal não perdeu tempo e publicou esse recado ao ameaçador:
Em a semana atrazada, na Rua Tiradentes, dois policiais, dois bárbaros policiais, espancavam u’a mulher, embora seus gritos de socôrro, suas lágrimas, seus pedidos de piedade em nome do filhinho que deixara em casa, sozinho. “CORREIO DE PATOS” deixa aqui o seu mais veemente protesto contra êsse ato de crueldade e sadismo.
Murmurou-se por aí que, o policial (?), GERALDO TINTUREIRO, um dos espancadores da mulher, prometeu “BRIGAR” com o Dr. Mário da Fonseca Filho (“brigar”, esta a sua expressão), caso o mesmo publicasse tal fato. Mencionado policial (?) procurara aquêle nosso Diretor, em têrmos amistosos, solicitando, em nome de que não sei “COLEGUISMO FORENSE”, silêncio, em tôrno da história. Era a cumplicidade no banditismo, o que pretendia. Posteriormente, ante a reação de nosso Diretor, é que surgiu a tal de “AMEAÇA”, agora feita através de terceiros. Avisamos ao AMEAÇADOR que JUSTIÇA aí está, e que A NINGUÉM é DADO FAZÊ-LA COM AS PRÓPRIAS MÃOS. Saberemos, entretanto, nos defender, tudo conforme manda e determina a LEI.
O texto é assinado por (M.), muito do provavelmente escrito pelo próprio Dr. Mário da Fonseca Filho.
Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Texto publicado com o título “U’a Mulher Espancada” na edição de 30 de janeiro de 1955 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.