TEXTO: JORNAL CORREIO DE PATOS
Desde que o prédio da antiga rodoviária foi destinado à construção do Centro Municipal de Cultura, ou seja lá que nome se dará ao abrigo do movimento cultural do município, inúmeras propostas já foram feitas no intuito de sua concretização. Não há dúvida de que cabe aos dirigentes municipais a solução deste caso e é de se admirar que até o momento nada existe ainda de concreto na definição desta obra. Por outro lado, deve ser também levado em consideração que a classe cultural patense encontra-se nitidamente rachada.
Dizem que politica também é cultura, em Patos, pode se dizer que cultura é politica, a partir do momento que se leva em consideração uma politica de metas e facções. Temos de um lado a Casa da Cultura, agora sob a tutela de um vereador e de outro a FUCAP, uma entidade que se auto-denominou de fundação e traz no nome a pretensão de representar uma região na qual nem sequer é totalmente conhecida. Começa daí as divergências num setor onde a unidade é uma arma sensata para se conseguir os benefícios necessários ao seu desenvolvimento. No bojo das duas entidades, consideradas pelos elementos que a compõem, militam as pequenas ramificações que nela se enraizaram, apesar de nada receberem em troca de seus enraizamentos. Temos neste caso uma árvore que não alimenta seus frutos e por tal motivo torna-se isenta dos tratamentos necessários à sua fortificação. Para quem tem dúvida quanto à veracidade destas palavras basta recordar que logo após a criação do Conselho Municipal de Cultura, formado no intuito de aglutinar em torno de si os anseios dos militantes do setor, a FUCAP veículou um panfleto no qual, sob o título de “Cantigas Para Despertar Guerreiros”, criticava as fórmulas utilizadas pelas entidades na formação deste órgão ligado ao Departamento de Cultura da Prefeitura. Na verdade o Conselho foi ótima idéia para se colocar um fim nos atritos existentes entre as duas entidades, FUCAP e Casa da Cultura, mas fracassou na medida em que provocou a reação de protesto.
Voltando ao Centro Cultural, podemos concluir que diante das rachaduras do setor, haverá apenas um meio de viabilizar sua construção. Para isso é necessário que, indiferente às opiniões das entidades, e sem as intrigas que nela imperam, a administração apresente seu próprio projeto e, enfim, o concretize. Vai aparecer muita gente dizendo que a imposição é arma dos ditadores, mas utilizar os princípios democráticos como fórmula de disputar o domínio de um setor é uma arma muito mais maléfica, principalmente em se tratando de cultura.
* Fonte: Edição de 18 de janeiro de 1986 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam (LEPEH).
* Foto: Ufjf.br.