DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA (OSTEOARTROSE)

Postado por e arquivado em ANIMAIS DE COMPANHIA, CÃES, DOENÇAS.

A Doença Articular Degenerativa (DAD) ou Osteoartrose é uma patologia de caráter degenerativo, como o próprio nome diz, que afeta uma ou mais articulações de cães e gatos. Esse processo de deterioração das estruturas articulares ocorre secundariamente à instabilidades, incongruências ou lesões da cartilagem articular.

Em uma estrutura saudável, a cartilagem hialina permite que haja o movimento de flexão, extensão e outros movimentos acessórios, entre as extremidades ósseas de uma articulação. A capacidade dessa cartilagem em absorver impactos é de apenas 1 a 3%. Logo, a cápsula articular, o osso sub-condral e o osso cortical se tornam os principais componentes a receber as forças do movimento, como meio de proteção.

Na composição da cartilagem encontra-se em maior relevância a água, representando até 80% do total dos constituintes, seguida de fibras de colágeno tipo II (10-20%), proteoglicanos (10-15% e condrócitos (10%), dispostos de uma forma que cria uma “malha” capaz de resistir às compressões. Em função de ser uma estrutura pobremente vascularizada, a integridade da cartilagem depende da homeostase promovida pelos condrócitos.

Epidemiologia

A DAD é uma afecção que afeta mais de 80% da população canina e 90% dos gatos com mais de 12 anos, tendo grande relevância na rotina clínica. As articulações mais acometidas em cães são o joelho, coxofemoral e cotovelo e, nos felinos, as mesmas articulações na ordem inversa: cotovelo, coxofemoral e joelho. Os fatores que aumentam a prevalência da doença nesses indivíduos são a presença de lesões articulares (displasia coxofemoral, ruptura de ligamento, luxação de patela), sobrepeso, piso escorregadio favorecendo microtraumas nas cartilagens, excesso de exercício na fase de desenvolvimento e idade.

A articulação diretamente afetada em pacientes que sofreram alguma injúria (ruptura de ligamento cruzado, por exemplo) ou que recebe uma distribuição de cargas de forma irregular e não fisiológica (pacientes idosos que começam a sobrecarregar determinados membros como forma de compensar algum ponto doloroso no corpo), começa a entrar em um processo de destruição progressiva e irreversível do tecido osteoarticular. Essa lesão de caráter crônico e inflamatório irá provocar em uma fase inicial a liberação de citocinas e fatores de crescimento como tentativa de suprir a perda dos proteoglicanos, porém a taxa de deterioração supera a de regeneração, afetando também o colágeno e os tecidos periarticulares.

Este ciclo acarreta em uma deformação da superfície articular com deposição de osteófitos e, consequentemente, uma redução na capacidade de absorver as forças que o movimento impõe na articulação, iniciando uma fase de perda funcional do membro, com diminuição na amplitude de movimento de flexão e extensão, perda da força e capacidade de sustentação, dor na movimentação, rigidez, fibrose periarticular e edema. A consequência desses sinais, leva a graus variados de claudicação, diminuição na atividade física, apatia, anorexia, perda de peso, perda de massa muscular, osteopenia por diminuição na descarga de peso no membro afetado.

O diagnóstico é realizado através do histórico do paciente, sinais clínicos e estudo de imagens radiográficas, aonde visualiza-se efusão articular, aumento dos tecidos moles periarticulares, esclerose do osso subcondral, formação de cistos subcondrais, redução do espaço articular, formação de osteófitos e remodelamento ósseo.

No caso da presença de injúrias articulares que demandem cirurgia, como por exemplo a ruptura de ligamento em cães de grande porte, as mesmas deverão ser estabilizadas cirurgicamente. Porém, no momento da lesão, a doença articular degenerativa já tem o gatilho de início de seu desenvolvimento, que não tem como ser impedido. Por se tratar de um processo progressivamente degenerativo, o objetivo terapêutico tem como foco diminuir a velocidade de progressão da doença bem como aliviar os sintomas através do uso da fisioterapia, acupuntura, medicações e controle de peso.

Na fisioterapia, existem relatos em literatura de melhora histopatológica da matriz cartilaginosa em até 60% com o uso de agentes físicos como a magnetoterapia, ultrassom terapêutico e laserterapia; além de aumentar a mobilidade articular, ganho de massa e flexibilidade muscular, alívio na dor e melhora na qualidade de vida.

Na terapêutica medicamentosa, os antiinflamatórios não-esteroidais e regenerador osteoarticular são fundamentais para aliviar sinais mais severos de dor articular e para promover a melhora na hidratação da cartilagem e viscosidade adequada do líquido sinovial, respectivamente.

* Fonte: Doença Articular Degenerativa, de Jennifer Hummel e Gustavo Vicente, em vetsmart.com.br.

* Foto: hospitalveterinariosaude.com.br.

Compartilhe