O Hipoadrenocorticismo (Doença de Addison) é uma síndrome que resulta da incapacidade das glândulas adrenais de produzir os hormônios normais. As glândulas adrenais são duas pequenas estruturas, localizadas em cima de cada rim. A maioria dos hormônios que elas produzem são esteroides. Estes esteroides se dividem em dois grupos principais: mineralocorticoides e glucocorticoides. A Aldosterona, principal hormônio do grupo dos mineralocorticoides, tem um papel preponderante na regulação de sódio e potássio e no equilíbrio hídrico. O Cortisol, principal hormônio do grupo dos glucocorticoides, atua em quase todos os tecidos do organismo, ajudando a regular a produção de glicose, e no metabolismo, influenciando a solubilização de gordura e proteína, estimulando a formação de glóbulos vermelhos no sangue e ajudando a equilibrar a pressão sanguínea, neutralizando o stress e suprimindo inflamações. Outras causas podem ser infecção, inflamação da glândula adrenal, anormalidades no suprimento de sangue ou hemorragia interna, infiltração de células cancerígenas, depósito de proteínas anormais na glândula e traumatismo. A interrupção brusca de drogas como a prednisona, depois de muito tempo de uso, ou overdose dos medicamentos usados no controle da síndrome de Cushing pode causar a insuficiência da glândula adrenal. A insuficiência secundária pode ocorrer em decorrência de problemas no hipotálamo ou na hipófise.
As fêmeas são afetadas com maior frequência. Cães jovens, entre quatro e cinco anos, são geralmente mais afetados que os mais idosos. Qualquer raça pode ser afetada, embora alguns estudos mostrem que a maioria dos cães portadores da doença é de raça mestiça. Os veterinários também têm observado uma alta incidência de casos diagnosticados entre os West Highland Terriers brancos.
Os sintomas não são muito específicos e podem incluir letargia, ausência de apetite, fraqueza, emagrecimento, depressão, vômitos, diarreia, dores abdominais, sede excessiva, sinais que aparecem e desaparecem temporariamente, como tremores e sacudidelas. Muitas vezes, estes sintomas aparecem intermitentemente, durante um longo período de tempo. Embora alguns cães sejam diagnosticados enquanto estão em condição relativamente estável, a maioria só é atendida quando se desenvolve a crise de Addison – um estágio grave da doença, quando podem ocorrer choque e colapso. Porém, se um cão é tratado e retirado com êxito de uma crise, as perspectivas de longo prazo são excelentes, já que a maior parte dos animais pode ser tratada com medicação oral ou injetável para repor os hormônios deficientes.
Em muitos casos, alterações nos exames de rotina, como hemograma, perfil bioquímico e exames de urina vão levantar a suspeita de Doença de Addison. Radiografias do tórax podem revelar redução do tamanho do coração e aumento do esôfago. Um eletrocardiograma pode mostrar alterações, se a concentração de potássio estiver muito alta. O diagnóstico definitivo vai depender dos resultados de um exame do funcionamento da glândula adrenal, chamado de Teste de estimulação do ACTH. As taxas de cortisol, um dos hormônios principais produzidos pela glândula adrenal, são medidas antes e depois da administração de ACTH, sintético ou natural.
O tratamento depende da gravidade dos sinais apresentados. Muitos animais estão gravemente enfermos, às vezes em perigo de vida, devido a déficits de fluidos e concentrações eletrolíticas anormais. Estes animais devem receber cuidados médicos imediatos, já que o pronto atendimento é extremamente importante para estabilizar os cães em crise. As metas primordiais do tratamento são a correção dos déficits de volume de fluidos, a melhora da integridade dos vasos sanguíneos, além de estabelecer uma fonte de glucocorticoides para corrigir as anormalidades eletrolíticas e acidobásicas e confirmar o diagnóstico.
Não há meio conhecido de evitar o desenvolvimento da doença, exceto nos casos em que é causado pela interrupção brusca de prednisona ou outros esteroides que tenham sido usados por um longo período de tempo. A diminuição gradual das doses dessas drogas, antes de retirá-las por completo, tem sido quase sempre eficaz na prevenção do aparecimento da Doença de Addison em cães.
* Fonte: Renalvet.com.br.
* Foto: Peritoanimal.com.br.