Em maio de 1992, em plena Festa Nacional do Milho, a mãe do Humberto Porto (Xará) marcou uma consulta com um médico que nasceu no Areado, mas residia em Montes Claros.
O médico era um dermatologista amigo da família, e o Humberto estava com uma doença meio complicada: a pele das mãos estava descascando.
O médico se hospedava no apartamento de sua irmã, ali na praça do Mercado, e o Xará implorou para que fôssemos com ele na “bendita” consulta.
Quando lá chegamos, ficamos na sala de visitas conversando sobre política, futebol e outras banalidades.
De vez em quando, o médico passava uma olhadela nas mãos do nosso amigo.
Depois de um determinado tempo, Humberto resolveu entrar no assunto: o motivo da consulta.
O médico, muito experiente, já tinha até a receita para a doença:
– Sua doença é muito simples de ser curada. Basta você ficar uma semana sem beber.
Foi a expressão mais forte que já vimos na face de uma pessoa: o Humberto ficou transtornado.
Vagarosamente, levantou-se, colocou sua bolsa debaixo do braço e, olhando para nós, disse:
– Vamos embora, minha doença não tem cura!
* Publicado em “Patos de Minas – Histórias que até parecem estórias…”, de Donaldo Amaro Teixeira e Manoel Mendes do Nascimento (1993). Ilustração de Ercília Fagundes Moura.