Ao ser convidada para fazer um relato sobre a biografia de Alino, a família dele toda se empenhou para elaborar o texto. Cada um contribuiu com uma parte e o resultado final está na íntegra, abaixo, com todas as nuances de quem muito o ama e tem por ele uma memória carinhosa e fiel. Nada melhor que conhecermos o vigésimo terceiro presidente da Sociedade Recreativa Patense, por meio das palavras daqueles que por ele tem a maior admiração:
Alino Caixeta da Castro, mais conhecido como Alino Leão, nasceu no dia 09/10/1933 e sempre viveu em Patos de Minas. Filho de D. Júlia Fernandes Caixeta, que era dona de casa, e de Leão Theotônio de Castro, vereador, juiz de paz e fazendeiro por profissão. Estudou no Grupo Escolar Marcolino de Barros, na Escola Normal Antônio Dias Maciel e no Colégio Dom Bosco, em Araxá, no qual jogava no time de futebol. Ficou bastante abatido ao perder sua mãe ainda adolescente e talvez, por isso, não tenha conseguido concluir seus estudos. Um de seus colegas do colégio foi Carlos Carneiro Costa, futuro engenheiro e dono da Construtora Líder de Belo Horizonte. Quando o Dr. Carlos encontrava com um patense, logo perguntava pelo Caixeta.
Era o caçula de uma família numerosa. Eram 14 irmãos, sete homens e sete mulheres. Todos os filhos nasceram em Lagoa Formosa, com exceção dele e de sua irmã mais nova que nasceram em Patos de Minas. Sempre dizia que “na verdade” na sua casa eram 20 ou mais irmãos, porque sua mãe acolhia a todos da família que precisavam de apoio, companhia e cuidado. O irmão Altino Fernandes Caixeta, que ficou viúvo com três filhos pequenos (Raul, José e Augusto) e a irmã Marieta, que também ficou viúva com três filhos pequenos (Álvaro, José e Barbara, mais conhecida como Tia Caixetinha) praticamente moraram lá com seus filhos.
A mãe, D. Júlia, mantinha a casa bem organizada e limpa. Era grande conselheira a ponto de orientar os filhos nos negócios, enquanto o Sr. Leão cuidava das fazendas. Como era o caçula, a sua idade aproximava muito da idade de alguns de seus sobrinhos, com quem tinha uma relação de tio/irmão. Sempre foi muito querido por todos. Tinha um espírito jovem, aventureiro e espirituoso por natureza, qualidade essa inerente principalmente nos homens da família. Orgulhava-se de fazer parte de uma das famílias mais tradicionais de Patos de Minas. Era Queiroz, Canedo, Fernandes, Castro e Caixeta com muito orgulho. E se arrependia de não ter colocado esse sobrenome Caixeta em todos os filhos, somente no filho Marcelo. Era amante de histórias e de estórias. Tinha memória privilegiada, revelando-se um profundo conhecedor da genealogia de muitas famílias patenses, bem como fatos e detalhes da vida politica e social.
Seu irmão Altino (mais conhecido como o famoso poeta “Leão de Formosa”) era farmacêutico e dizia “que ele ficou com os escritos dos livros, e os irmãos com as escrituras das fazendas”. A irmã Maria, mais conhecida por Cotinha, estava sempre presente. Seus filhos era um misto de irmãos e sobrinhos. Alaor, outro irmão, e sua esposa Augusta eram considerados por ele como verdadeiros pais. Tinha respeito, gratidão e consideração. Foram eles que o acolheram quando ficou órfão de mãe aos 16 anos. Alaor e Augusta são também os pais do renomado advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, também nascido em Patos e conhecido por defender renomados políticos de Brasília.
A irmã Maura dizia ser a versão feminina do Tio Alaor, alegre e destemida. Afrânio, o irmão das horas incertas, era o conselheiro. Adhemar, o mais valente e destemido, era uma verdadeira lenda da Família Caixeta de Castro. Alfo era solidário e confidente. Já Maria, se já existia a versão masculina de valente, era a mais corajosa das mulheres da família. Mathilde era muito religiosa e grande amiga. Católica, dizia que só com as suas rezas já protegia todos da família. Alino tinha grande gratidão por ter acolhido o seu filho na sua casa em Belo Horizonte. Marieta, amiga irmã e contadora de causos, era a mais espirituosa. Múcia, era a irmã confidente e a quem tinha mais afinidade. Falava que era a mais prosa da casa. A que tem mais afilhados, a comadre de todas as casas. Arnaldo era o irmão mais inteligente. Acometido pela esquizofrenia, no final de sua vida, virou um filho. Magda, a irmã caçula, era elegante e a mais chique. Tinha sempre esse olhar carinhoso pelos irmãos de sangue.
Alino orgulhava-se de ter treze irmãos e de nunca ter tido grandes atritos com eles. E mais 58 sobrinhos. Amava os irmãos, tinha fácil interação com todos, porém, lamentava o pouco tempo que teve para conviver. Dizia que se tivesse chegado a concluir os estudos, teria sido engenheiro agrônomo. Tornou-se fazendeiro por herança e vocação. Foi proprietário da fazenda Mata Burro, próximo à cidade e da localidade de Leal. Teve a oportunidade de ir para o Centro-Oeste, mais precisamente para Goianésia-GO, mas preferiu seguir ao lado do pai Leão. Em sua fazenda, que ficava no município de Lagoa Formosa, sempre foi modelo de correção e justiça. Era mais amigo do que patrão. Era convidado para ser padrinho de casamento, para participar do batismo e crisma de seus funcionários, muitos com os nomes de seus filhos e algumas com a versão feminina do seu nome.
Alino conheceu sua esposa, Cleusa Abadia Bruno de Castro, em um dos muitos bailes elegantes da Recreativa, local frequentado por uma turma grande de amigos. Cleusa é uma pessoa muito gentil, com um jeitinho todo mineiro de ser, fala de sua família com muito orgulho de uma forma serena e alegre. Estudou em Patos e em Belo Horizonte, no Colégio São Paulo e em Uberaba no Nossa Senhora das Dores. Formada como professora, ministrou aulas no Marcolino de Barros e no Guiomar de Melo. Aposentou-se em 1991. Cleusa é filha de Júlio Bruno, um dos fundadores da Recreativa. Namoraram por nove anos. Casaram-se em 23/12/1959. O casal tem três filhos: Márcia Maria Bruno de Castro, formada em História e Geografia pelo UNIPAM; Marcelo Bruno Caixeta de Castro, formado em Direito e Publicidade e Propaganda pela PUC Minas e residindo em Londres há 13 anos; Maria Inês Bruno de Castro, formada em Direito pela Universidade de Uberaba, reside em Brasília e Marcinha continua em Patos de Minas, junto com sua mãe.
Alino gostava muito de ler livros e jornais. Assistia ao Jornal Nacional para saber as notícias do Brasil e do mundo. Era uma pessoa muito religiosa, participava do terço dos homens às segundas-feiras e ia à missa das seis da tarde aos domingos, sempre na Catedral de Santo Antônio. Frequentava o Café Expresso e o Café Cremoso para bater um papo com os amigos e tomar um gostoso cafezinho.
Alino se destacava pela fidelidade e valorização de seus amigos como Alves Evaristo Ribeiro (Alvim), Delvar Amâncio Araújo (Nego do Juarez), Anicésio Vieira Caixeta, Heitor de Oliveira, César Alves, Bruno Romão, Acir Silveira, Rafael Monteiro, Simão Barbeiro, Sidnei, José Augusto (dentista), Olímpio Queiroz, Romero Queiroz, Dr. Hely, Arlindo Porto, Antônio Cristino, Mirim e muitos outros, aos quais são muitos e não daria para citar todos.
Tinha verdadeira adoração pelas netas Isadora, de 16 anos, e Isabela de 7 anos. Tinha muita admiração e respeito pelo sogro Júlio Bruno e pela sogra, Dona Duca (Amélia de Melo Bruno) da tradicional família patense. Faleceu no dia 16 de janeiro de 2017, aos 83 anos de idade, cercado pelo carinho da esposa, filhos e netas.
Foi Presidente da Recreativa em 1980 e membro do diretório municipal do PMDB. Foram cargos que exerceu com equilíbrio edesprendimento exemplares. A Recreativa tem por ele um carinho especial, uma vez que até pouco tempo ele estava presente em nossos eventos. Hoje permanece presente em nossos corações.
* Fonte e foto: Livro “Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos” (2018), de Dennis Lima.