Muito comum no meio rural de Chumbo eram os mutirões. Hoje não há mais. Principalmente de capina e bate-pasto. A ajuda vicinal, após um trabalho alegre, cheio de cantoria, terminava com um festivo pagode na residência do dono do serviço. As épocas mudaram. As máquinas, desde que começaram a ocupar o espaço, também foram acabando com esta maneira de trabalho. Ainda perduram a festa de Judas, no sábado de aleluia e as Folias de Reis, no período natalino. Famosa no Distrito é a Folia de Reis de Zeca Mota. Anualmente, há mais de quatro décadas, em campanha realizada pela Rádio Clube, iniciada pelo radialista Patrício Filho, as Folias do Município percorrem, nos seus giros, recolhendo donativos para ajudar ao Dispensário de São Vicente de Paulo. São dezenas de Folias participantes. A de Zeca Mota tornou-se mais conhecida por se apresentar sempre no encerramento e com a maior arrecadação.
O artesanato forte de Chumbo foi o tear. Havia as fiandeiras, as cardadeiras e as tecedeiras. Isoladamente, ou em mutirão, teciam colchas de lã, de algodão, cortes de calça, caminhos de mesa. Verdadeiras artistas. As rodas de fiar, as cardas, os teares estão encostados e, quando muito, se apresentam como peças de museu. Estão em evidência as bordadeiras, crocheteiras e, mesmo assim, em pequena escala.
Até 1962, o Distrito abrangia todo o leste do Município. Era bem significativo o tamanho de seu território. Com as sucessivas divisões administrativas, muito de suas características foram também sendo subdivididas. Por isso, valores literários antes considerados de sua área deixaram de ser. Podemos citar, entre outros, Carmo Bernardes e Hildo Couto. O primeiro já está no rol dos bonsucessenses e, o segundo, dos majorportenses.
Arlindo Porto Neto publicou Força de Minas no Senado, em dois alentados volumes, numa compilação, a quase totalidade de proposições legislativas, discursos, apartes, artigos, notícias geradas de seu gabinete relativas à atividade parlamentar, assim como presenças nas sessões.
Outra obra, lançada em 2007, num congraçamento de família foi o livro Motta & Mota, de Edilson Corrêa da Mota e Hudson Rangel de Souza Mota. Os autores vão longe, atrás das origens da família, e asseguram: “A ousadia tamanha desta família foi a descoberta precisa da primeira ‘siderúrgica’ que existiu no distrito do Areado. A ‘Fábrica’, como era denominada, produziu e criou um sistema de propulsão para tocar o maquinário que processou ferro. Desviou, represou córregos, cortou com uma precisão cirúrgica a paisagem, até hoje ainda se vêem pedaços da ‘Fábrica’ que funcionou por volta de trinta anos. Por que o silêncio, por que tudo foi esquecido ou abandonado?”
O lazer do chumbense, nos primeiros tempos, foram festas dançantes em casas de família. Havia também os celebrados pagodes na área rural. Ultimamente a comunidade é muito carente de locais para lazer. O que se encontra em evidência é o Forró de Todas as Idades, que se realiza aos domingos, desde 1996. Foi criado com o nome de Forró da Terceira Idade, com o objetivo de lazer e encontro fraternal entre os idosos. De tão bem acolhido, deixou de ser apenas para os idosos e passou a ter a participação de todos os moradores. Diante disso, viu-se obrigado a mudar a sua denominação de Terceira Idade para Todas as Idades. Os primeiros forrós aconteceram no Salão Comunitário Laio Porto. Depois, transferiu-se para as praças e, finalmente, para as dependências do Auto Posto Areado.
O futebol esteve presente na vida da comunidade com a criação do Porto Futebol Clube, em 1970, por Moacir Alves Caetano. Teve muita atividade e encheu seus torcedores de muita alegria, principalmente na década de 1980, quando disputou vários torneios. Chegou entre os primeiros colocados, a ser vice-campeão em 1983 e 1985. Participou com grande entusiasmo do torneio amador “Peladão”, promovido pela Rádio Princesa de Lagoa Formosa. Esse torneio realizou grande benefício social nas comunidades rurais em que atuou, pois fez o povo entender que era possível viver sem violência, sem os atos de arbitrariedade e de ignorância entre as pessoas. O esporte, hoje, está resumido ao futebol de salão, que se realiza na quadra da comunidade.
Com o objetivo de comemorar o aniversário do Distrito e cultivar a sua cultura, história e costumes, em 1994 foi criada a Festa do Povo. Teve como idealizador Nascimento dos Reis Araújo – Xel e, como coordenador, Simeon Geraldo da Mota. Durante a festa, que se realizava nos três últimos dias da segunda semana do mês de julho, havia cavalgada, apresentação de shows, bailes, desfiles de estudantes, exposições, eventos culturais com palestras sobre os mais variados assuntos, realizadas por pessoas gabaritadas. Um dos pontos altos era a apresentação, eleição e coroação da Rainha da Festa, sempre com duas belas candidatas. A festa movimentou a Vila e a região durante 11 anos e a última que se realizou foi em 2005.
* Fonte e foto: Patos de Minas, Meu Bem Querer, de Oliveira Mello.