Seria muito bom que este artigo começasse assim: pouco a pouco a torre cultural de Patos vai chegando próxima ao céu e seus construtores, unidos, festejam a breve vitória. Mas, por mais estranho que pareça, a torre que antes parecia tão alta, começa a se mostrar frágil e os seus construtores confusos. Patos culturalmente começa a reviver a Torre de Babel. Ninguém mais se entende!
É estranho, que todos (pelo menos é o que dizem) ficam voltados para um único ideal e resolvam tomar caminhos tão estreitos, que só dão para alguns passar. Reclama-se que os grupos se separam em virtude da política e da “politicagem”. Mas isso não é resposta de forma alguma. E ainda, por dois motivos: primeiro, que a politica não deve nem pode ter nada a ver com a pequena cultura que se tenta fazer aqui. Segundo, que se o pessoal que faz cultura, em Patos, que é quem mais quer o bem desta terra, não for apoiar como ponto básico pelo menos os candidatos nossos, como é que ficamos?
Não dá para entender porque o apoio a “I Noite da Viola” e ao “II Encontrão”, foi e está sendo tão bitolado por poucos. Está certo que falta gente para ajudar! Mas se falta, aí é que quem ajuda deve estar disposto a dar as mãos. Quero deixar bem claro que este artigo saiu em cima de “bate-papos”, e portanto, não apresenta uma opinião pré-formada da coisa. Pelo contrário, todo mundo com quem conversei, tinha uma reclamação a fazer da outra “facção cultural”.
Disseram que aquele está com interesses financeiros em cima de tal assunto, que aquele outro está tentando aparecer às custas de um trabalho disfarçadamente voltado para a cultura, e que mais aquele deixou que o fator político puro e simples falasse mais alto. É o caos. Ninguém se entende mais. E que fique bem claro que o NINGUÉM aqui significa as “facções culturais”.
O que é que está havendo? Porque esta falta de apoio entre quem antes apoiava e conduzia tudo junto? É chato pensar desta forma, mas onde se infiltra qualquer tipo de discórdia, a coisa toda não dura muito tempo. Será que a cultura de Patos, ainda tão jovem e pequenininha, vai acabar tendo tantas “babás individuais” para tomar conta que acabará desamparada? De repente isto tudo me parece muito irônico e dramático ao mesmo tempo. Todo mundo correndo atrás de quê? Se existe alguém que não quer correr junto para a construção da torre, somos obrigados a acreditar que este alguém está correndo atrás de outra coisa.
Mas quem é que está querendo correr por fora, e atrás de que está correndo? Não dá para saber. É realmente o prenúncio de uma nova Torre de Babel. Cada um fala uma língua diferente. E pior… Nem quem está de fora da briga entende que língua é a de cada um.
* Fonte: Texto publicado com o título “Torre de Babel” no n.º 45 da revista A Debulha de 15 de abril de 1982, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Espacoministerioinfantil.blogspot.com.