TEXTO: ERNANI DE MORAIS LEMOS (1944)
No próximo dia 24, a nossa cidade¹ completa mais um ano de útil e fecunda existência².
Sem repiques festivos e sem alvoroço domingueiro de comemorações reboantes, feliz e modesta colhe mais uma flor no colorido e ridente jardim de sua vida.
Vira mais uma página de lutas e atritos, escrita com o valor de sua gente moça e denodada, no grande livro dos triunfos e das vitórias.
Conquista mais loiros no sempre risonho e esplendoroso horizonte da glória, embora custem êles estertores de sacrifícios a seus filhos, embora nasçam êles de lágrimas cristalinas de suas filhas, que, mesmo na dor, gozam da benção sublime de tombar em solo fértil e ubérrimo.
Com o trabalho e o esforço de todos, com os sorrisos de esperança de nossa gente, lampeja “o dia de seus anos” como o dia de coroamento de vitória, como o dia de sol obumbrante cujos raios vivificam e animam.
A perspectiva de ventura e felicidade sorri de modo particular em nossos corações, porque todos os nossos anseios e todos os nossos ideais de progresso vêm encontrando guarida o apôio constante do eminente Governador Valadares e na ação eficiente e ininterrupta de Fonseca Sobrinho, o nosso ilustre Prefeito e dirigente.
Não precisa a nossa cidade de ademanes e atavios para o festejamento da data, de vez que não pode existir maior esplendor que o da sua própria mocidade, incrustrada no azul infindo de suas encostas, de suas planicies e de suas paisagens penetrantes e surpreendentes.
E’ moça, cheia de vida, ruidosa de alegria e encantamento, como soi ser a jovialidade de quem é feliz ao embalo das mais sedutoras carícias de amor.
E’ rica, porque a sua fertilidade é sublime dádiva de Deus que embriaga o seu povo no trabalho e na peleja.
E’ bonita, porque a sua topografia embevece o viajor nas horas de poentes maravilhosos, nas horas de sol rebrilhante, como nas manhãs de luz, de dealbares coruscantes, no concerto panorâmico das manhãs de maio que, por isso, se tornou o mês de Maria, de ditirambos e louvores à suavidade da Virgem Santíssima.
E’ feliz e venturosa, pois, porque moça, rica e bonita.
* 1: O decreto n.º 1.058, de 31/12/1943, mudou o nome de Patos para Guaratinga. Como o povo se rebelou, em 03/07/1945 o município recebeu o nome de Patos de Minas. Leia: “O Dia em Que Patos Deixou de Ser Patos 1 e 2”.
* 2: A então Vila de Santo Antônio dos Patos foi elevada à condição de cidade com a denominação de Patos pela lei estadual nº 23, de 24/05/1892. Então, aniversário de 52 anos.
* Fonte: Texto publicado com o título “Moça, rica e bonita” na edição de 21 de maio de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Do livro Patrimônio de Santo Antônio: Do Sítio ao Templo, de Sebastião Cordeiro de Queiroz, publicada em 13/01/2017 com o título “Panorâmica na Década de 1940 Com a Lagoa dos Patos”.
