ESCÂNDALO NO PÁTIO CENTRAL

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Breno é um conquistador inveterado. De semblante agradável acima da média, já na casa dos 25 anos de idade, nem pensa em se casar, só paquerar, namorar e ainda assim por pouco tempo, pois não quer compromisso sério com nenhuma mulher. Seu lugar favorito para a caçada é a praça de alimentação do Centro Comercial Pátio Central nas noites de sábado. E quando sai à caça, invariavelmente vai sozinho. Numa de suas recentes empreitadas na tal praça de alimentação, percebeu a presença de uma linda jovem sozinha saboreando um chope. Ora, o mancebo não perdeu tempo:

– Oi, tem uns dez minutos que tenho reparado você sozinha nessa mesa. Meu nome é Breno, posso sentar para lhe fazer companhia?

A jovem ouviu o rapaz, sorveu um bom bocado do chope, depositou o copo na mesa com serenidade e de repente se levantou praticamente gritando:

– O que, você está me convidando para uma transa? Sai pra lá, seu atrevido, me respeita!

É óbvio que todos os presentes ouviram o clamor da jovem e até gente que estava no supermercado ouviu. O Breno mudou de cor umas dez vezes e, mesmo constrangido, ainda tentou serenar a situação:

– Mas… mas… eu só queria lhe fazer companhia, só isso.

E a jovem, ferrenha, gritando mais alto ainda:

– Sai daqui, tarado!

O Breno não é infalível nas conquistas amorosas, porém um fora humilhante como esse nunca havia sentido na alma. Cabisbaixo, nem percebendo as pessoas em volta, sentou-se na cadeira de uma mesa desocupada, pôs as duas mãos na cabeça abaixada e ficou ruminando a desfeita mentirosa. Não deu nem cinco minutos eis que a jovem chegou até ele:

– Desculpe, Breno, não me leva a mal se te causei esse transtorno, é que estou no último período do curso de Psicologia e estou elaborando um trabalho sobre as reações das pessoas em situações constrangedoras para a minha tese. Olhe pra mim, Breno, te peço mil desculpas e eu faço questão, se você quiser, de subir nessa mesa e explicar para todos os presentes nessa praça de alimentação sobre isso.

O Breno ouviu e ficou calado. A jovem insistiu:

– Breno, vou explicar ao pessoal aqui presente o porquê eu fiz aquilo e…

O Breno não esperou a estudante de Psicologia terminar o que ela queria dizer. Levantou e berrou:

– O que, você quer dez mil reais pra eu transar contigo? Qualé, mulher, garota de programa que nem você não vale mais do que 20 reais. Vai procurar um trouxa!

Breno estufou o peito, ajeitou o cabelo e se mandou com o orgulho recuperado, pelo menos para ele. A jovem, dizem as boas línguas, também se mandou e sabe-se lá como ela terminou a sua tese.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 06/06/2014 com o título “Antiga Rodoviária no Final da Década de 1970 − 1”.

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