QUE SE PRESERVE E CONSERVE O NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL

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TEXTO: CARLOS ALBERTO DONÂNCIO RODRIGUES (1984)

“Cada região tem o patrimônio de cultura que seu povo deve aprender e conhecer, preservar e utilizar”.

Deste fundamento é que se deve partir para defesa do patrimônio cultural, arquitetônico, ecológico e artístico. Destruir o passado não é somente um ato de vandalismo ou de autoritarismo proporcionado pelo poder (público ou econômico). É negar a nossa própria origem. É não proporcionar a cultura no presente. É repudiar os alicerces de uma civilização futura. Negando o passado, estamos negando a nossa própria cultura.

Motivado primeiro pelo artigo do historiador Geraldo Fonseca (Debulha n.º 82 de 15/12/83)¹ e, mais recentemente pela campanha deflagrada na última edição pela mesma revista, considerando o ano de “1984 − ano de preservação da memória Patense”, é que a FUCAP − Fundação Cultural do Alto Paranaíba vem se posicionar junto aos mesmos na luta pela defesa do rico patrimônio cultural  herdado do passado, que é talvez uma das mais sinceras manifestações do pensamento progressista, porque da defesa do tradicional é que se inspiram e se alicerçam as conquistas do futuro.

Olhando hoje nossa cidade, notamos que parte da origem da mesma foi consideravelmente delapidada. Basta dar uma olhada na nossa querida Av. Getúlio Vargas. Quantas casas ainda restam dos primórdios da cidade? E as da Rua Tiradentes e Av. Paracatu? Muito poucas…

Lembro-me agora do artigo do jornalista Oswaldo Amorim “Contrastes Chocantes” (Debulha n.º 68 de 03/04/83)², onde o mesmo faz uma alusão clara à especulação imobiliária que vem corrompendo a paisagem e o perfil da cidade de maneira nada escrupulosa, mas também corrompendo a consciência de muitos.

“Nós somos um povo sem rosto, um povo sem passado. No fundo, somos todos índios decadentes. Os Estados Unidos são um povo mais jovem do que a gente, a colonização deles começou bem depois da nossa. Nós somos velhos quanto as pessoas que chegaram aqui… Eu vim curtir o meu país e estou perplexo. O que eu percebo aqui é uma tremenda falta de apreço pelas próprias coisas. Parece que o Brasil não tem apreço por si próprio”. A decepção com a falta de preservação da memória cultural do povo brasileiro, levou o eminente antropólogo Darcy Ribeiro a fazer esta afirmação lúcida, que serve perfeitamente para Patos de Minas.

Endossando sugestão do conterrâneo Geraldo Fonseca, sugerimos que se crie, através de lei municipal, o Instituto Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Patos de Minas, em convênio com a Secretaria do Estado de Cultura (cujo lema é “memória e transformação”), bem como da mesma forma se crie o Arquivo Público Patense.

Como disse Ortega y Gasset, o que diferencia o homem dos animais inferiores não é a inteligência e sim a memória, porque é pela faculdade de recordar que recebemos um passado acumulado, que é o nosso privilégio e a marca da superioridade humana.

A FUCAP − Fundação Cultural do Alto Paranaíba, vem a público se juntar à Debulha e a todos aqueles que abraçam os valores que são posse individuais, pois se transformam em patrimônio histórico e da comunidade.

* 1: Leia “Que se Resguarde a História de Patos de Minas”.

* 2: Leia “Contraste Chocante entre o Antigo e o Novo”.

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 85 de 31 de janeiro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Lázaro Machado, publicada em 30/03/2017 com o título “Residência da Família do Professor Modesto”.

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