A pamonha é uma iguaria feita do milho verde, muito apreciada no Brasil, especialmente no Estado de Minas, nas terras do “Sertão das Gerais”, onde fica o município de Patos de Minas. É um alimento de origem nativa (indígena). A palavra surge na língua tupi, pa’muñã, que significa um alimento pegajoso. O Feitio da Pamonha foi incorporado à culinária dos colonos portugueses e escravos africanos ao longo da história.
De acordo com Geenes Alves, diretor de Memória e Patrimônio Cultural (Dimep), a pamonha vai além de uma simples iguaria deixada como herança pelos índios. O ato de fazê-la ganhou importância cultural em nossa sociedade, uma vez que representa um momento de sociabilidade e confraternização entre família e amigos. O Feitio da Pamonha é um saber cultural rico e que identifica o povo patense. No campo ou na cidade, a tradição permanece e se fortalece cada vez mais.
Ao trabalho totalmente artesanal de antes foram inseridas práticas e equipamentos técnicos, ora visando facilitar a operação e otimizar o tempo, ora procurando atender o impaciente e crescente mercado consumidor. Nesse novo cenário, vimos com frequência a inserção de máquinas que realizam parte das atividades do processo, como ralar e coar o milho, por exemplo
Apesar dessas novidades, naturais num mundo em constante transformação, o jeito de fazer pamonha permanece, sobretudo em seu aspecto físico, sabores e misturas tradicionais, salvo pequenos detalhes, como a inclusão da gominha elástica para “amarrio” no empalhamento da massa, assim como também a inclusão de novos sabores, a exemplo do chocolate, para atender exigentes paladares.
Por seu modo de fazer estar profundamente enraizado no cotidiano da comunidade local, por seu notório valor de tradição secular e por ser, reconhecidamente, uma legítima manifestação da cultura imaterial do município, o processo de registro do Feitio da Pamonha, elaborado pela equipe técnica da Dimep, com participação e apoio dos grupos detentores, foi aprovado pelo Condepahc, em sua 246ª reunião, realizada no dia 12 de novembro de 2019, na sede do Museu Municipal – Casa de Olegário Maciel.
Justa homenagem à pamonha […] O processo de registro será enviado para análise e aprovação do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG). Sendo aprovado, o município passa a ter 6 (seis) bens registrados, quais sejam: municipal (Dimep): Folias de Reis e Feitio da Pamonha; estadual (Iepha): Folias de Reis e Viola e Violeiros; e federal (Iphan): Capoeira e Queijo Artesanal.
Geenes ressalta ainda que, além do reconhecimento, pela sociedade civil e pelo poder público, do significado desse saber cultural para a identidade de Patos de Minas, o registro do Feitio da Pamonha viabiliza significativo aporte financeiro do estado para o município, por meio da Lei de Incentivo ao Patrimônio Cultural (nº 18.030/2009), popularmente conhecida como Lei Robin Hood – ICMS Patrimônio Cultural. A pontuação do município muda de 2 (dois) para 3 (três) pontos, aumentando o repasse do governo estadual para Patos de Minas em aproximadamente R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil) reais por ano, para investimento no patrimônio cultural local.
* Fonte e foto: Texto publicado com o título “Feitio da Pamonha é aprovado como patrimônio cultural de Patos de Minas” e subtítulo “O Conselho Deliberativo de Patrimônio Histórico e Cultural de Patos de Minas (Condepahc) reconheceu o processo de Feitio da Pamonha como pertencente ao patrimônio cultural do município em reunião realizada no último dia 12” na edição de 16 de novembro de 2019 do jornal Folha Patense.