Em festa desde o início de junho, a Paróquia de Santo Antônio fechou com chave de ouro no dia 13 a programação em louvor ao santo padroeiro de Patos de Minas. Durante todos os dias, celebrações e movimentação das barracas foram realizadas com o apoio dos paroquianos e devotos do santo conhecido como protetor dos pobres e “casamenteiro”.
O encerramento da festa foi também uma oportunidade para homenagear o professor de História e escritor Sebastião Cordeiro, pela produção do livro Patrimônio de Santo Antônio: do Sítio ao Templo. A grande incentivadora e colaboradora da obra, diretora da Fundação Casa da Cultura do Milho, Marialda Coury, também recebeu homenagem das autoridades religiosas presentes na celebração.
Foram vinte anos de pesquisas para a finalização da obra que resgata a história da Diocese de Patos de Minas, desde a doação do terreno onde foi construído o primeiro templo dedicado a Santo Antônio, até os dias de hoje. Mais que a história do patrimônio do santo padroeiro, o livro resgata a história de Patos de Minas, do clero, da política local, das famílias e das personalidades que tiveram grande influência nas constantes transformações da Catedral de Santo Antônio e seu entorno.
A obra traz um acervo riquíssimo de fotografias, elaborado com a parceria da incansável pesquisadora, Marialda Coury. Parte do acervo do Museu de Patos de Minas, da Cúria Diocesana, artigos de jornais da época e arquivos pessoais das famílias patenses também serviram como fonte para a produção do livro. Documentos, escrituras da época também reforçam a narrativa que se desenvolve no entorno das terras e do templo de Santo Antônio.
O livro editado pelo patense Sebastião Cordeiro de Queiroz merece ser visto por todos, pelo valor de sua pesquisa histórica minuciosa, durante o longo tempo gasto em busca de informações de pessoas que puderam lhe passar todos fatos pitorescos e a vida de Monsenhor Manoel Fleury Curado um dos grandes pastores da nossa Paróquia. Em destaque o comentário do historiador e professor José Eduardo de Oliveira no livro.
O PATRIMÔNIO DE SANTO ANTÔNIO DO SÍTIO AO TEMPLO
As povoações mineiras setecentistas, que se formaram por aventureiros que buscavam ouro, seguiram o mesmo padrão de fixação. Primeiro, um rancho simples para “acomodação dos povos, depois, segundo Sylvio de Vasconcellos”… a princípio, nas povoações primevas, apenas tentadas, unem-se os indivíduos em torno de uma capela de construção precária, núcleo da povoação nascente e ponto de referência do lugar. Nesta capela se reúne o povo em suas festas e aperturas, para deliberar e alegra-se…! As povoações mineiras oitocentistas surgiram do mesmo modo, espontaneamente, exceto pelo fato de que não eram mais aventureiros em busca de ouro e sim homens em busca dos frutos da terra e do trabalho.
A origem histórica de Patos de Minas, portanto não foi diferente: o rancho, a capela, o sítio, os becos, as ruas, as praças, a casa de vereança, as casas de moradas e o templo fincado piamente no patrimônio sagrado. É essa História que Sebastião Cordeiro de Queiroz nos oferece, depois de muitos anos de Pesquisa. A história de homens e mulheres que desde o início dos oitocentos cuidavam da faina das roças, das vendas, da casa e dos meninos e não se descuidavam do terço e do “ora pro nobis”. Assim a jovem urbe sob a proteção de Santo Antônio primeiro e depois de Nossa Senhora do Rosário e outras invocações e a condução de um clero piedoso e uma labuta ingente, por mais de dois séculos vicejou e deu frutos.
Mas vamos ao autor e ao livro. Conheço o “Sebastião Cordeiro” há vários anos, professor de História como eu, apesar de ideias diferentes, nunca nos furtamos de debates. Entretanto, considero-o um homem raro. Primeiro por ser um pai de família dedicado e cumpridor de suas obrigações, dentro e fora do lar. Sem contar sua profunda religiosidade aliás, que provavelmente o levou a pesquisar a história da construção da Matriz. Segundo pela sinceridade, autenticidade e pureza. Não que seja ingênuo, a prova aí está. Somente um espírito irrequieto e perspicaz poderia alicerçar uma obra histórica baseada em documentos que já foram pesquisados por outros e trazer tantas informações e fatos inéditos. Inéditos fundamentais e interessantes tanto para a história da Diocese Patense quanto para a história de Patos de Minas.
Uma história complexa de como o clero e os patenses, a começar pela doação do patrimônio até a construção da catedral, resolveram as questões entre o poder civil e o poder religioso e a presença marcante e atuante dos devotos patenses. E como Sebastião mesmo faz questão de falar, ele não fez tudo sozinho, “ninguém faz tudo sozinho.”, segundo ele o livro ficaria imperfeito sem a colaboração de muitas pessoas, mas a maior contribuição foi mesmo da pesquisadora Marialda de Amorim Coury Martins, com sua incansável pesquisa e seleção iconográfica com fotos inéditas suas e de outros acervos.
Venda: O exemplar está sendo vendido para ajudar nas obras da reforma da Catedral de Santo Antônio, uma doação do autor. Um livro para ser guardado como uma pesquisa valiosa da nossa História. As pessoas que quiserem adquirir podem procurar no escritório da Catedral. Fone: 3821-2450. Valor: R$50,00.
* Fontes: Texto de Rejane Gomes publicado com o título “Festa do padroeiro de Patos de Minas movimenta a Catedral de Santo Antônio” na edição de 18 de junho de 2016 do jornal Folha Patense; Texto publicado com o título “Patense lança livro sobre a História de Patos de Minas” na edição de 02 de julho de 2016 do mesmo jornal.
* Foto: Arquivo do jornal Folha Patense.