ETELVINO, O ESPERTO

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Se não é o maior, é um dos mais espertos patenses. O típico brasileiro que tem seus jeitos para levar vantagem sobre seus semelhantes. E o que não falta no Brasil, óbvio que aqui também em Patos de Minas, é o sujeito que usa e abusa de artifícios para burlar o direito dos outros. E nessa, por aqui o Etelvino é mestre. Imagine aí a esquina da Rua Major Gote com sua colega Maestro Randolfo. Nessa tem uma farmácia com um estacionamento. Certa vez o Etelvino, vindo da Praça Champagnat, parou na esquina citada atrás de um carro dando seta que iria convergir à direita em direção à Rua Maestro Randolfo. O motorista desse carro, oposto moralmente ao Etelvino, esperava o sinal verde para seguir o seu caminho. E o Etelvino? Ora, o Etelvino logo considerou o motorista à sua frente como um babaca respeitador de leis. O Etelvino, esperto pra caramba, entrou no estacionamento da farmácia e saiu lá na frente na Rua Maestro Randolfo, rindo adoidado do besta parado no sinal. Êta Etelvino esperto, espécime que faz do Brasil um exemplo de superioridade no planeta.

O Etelvino é daqueles que conhecem seus direitos, como jogar qualquer porcaria nas ruas porque tem consciência que paga impostos para o poder publico arcar com gente que vai tirar das ruas as porqueiras jogadas por ele. Muito esperto o Etelvino. Ô sujeitinho sagaz. Tão sagaz que varre tudo em frente à sua casa e deposita num bueiro porque considera que está colaborando com a limpeza da cidade. E quando tem problema de entupimento acarretando alagamentos em frente à sua casa ele declara em alto e bom som que foi deficiência da prefeitura ao não monitorar as condições do bueiro.

Recentemente ele demonstrou mais uma de suas sagacidades. Foi a uma Lotérica para sacar 200 reais. Como a fila estava enorme, ele, o Etelvino símbolo-mor da imensa maioria dos brasileiros, e dos patenses, óbvio, logo sacou como passar para trás todos os inúmeros trouxas da fila. Quem tem costume de frequentar Lotéricas sabe que todas elas têm um caixa exclusivo só para apostas. Pois o Etelvino manjou que nesse caixa só de apostas tinha apenas duas pessoas. Ora, ora, ora, imediatamente o Etelvino articulou a sua jogada para fugir daquela enorme fila. E foi para o caixa só de apostas. Logo, poucos minutos, chegou a sua vez. Ele perguntou:

– Quanto é uma aposta da Quina?

A funcionária respondeu que eram R$ 2,50. O Etelvino disse para ela registrar a aposta e então veio a esperteza:

– Saca aí pra mim R$ 202,50 e desconta o valor da Quina.

A funcionária rebateu:

– Senhor, se era também para sacar, o senhor tinha que ter entrado na fila como todos os outros, aqui é só para apostas.

O Etelvino:

– Ora, se não tenho um centavo no bolso, como vou pagar a aposta se eu não sacar, sacou?

Êta Etelvino, é por causa de gente como você que o Brasil é um dos países mais ricos e prósperos do mundo, o país dos espertos!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 06/06/2014 com o título “Antiga Rodoviária no Final da Década de 1970 − 1”.

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