Agenor Mendonça é proprietário de uma banca de revistas na cidade. Tinha um problema seríssimo na perna esquerda, que, inclusive, estava engessada depois de uma cirurgia.
Nelson Volci Mariano, apelidado de Pé de Macaco e apaixonado por um milagre, foi visita-lo. Depois de jogar muita conversa fora, convenceu o Agenor de ir à cidade de Abadiana, no Estado de Goiás, para ser curado; Nelson garantia que ele sairia de lá pronto para corrida de São Silvestre.
E foram.
Entraram na fila em busca do milagre. O pastor era bom de papo e com uma influência muito grande de quase todos os santos, das santas também, de Cristo e até de Deus.
Agenor na fila, apoiado na muleta, ao lado do Pé de Macaco, esperava a sua vez.
Já quase noite, chegou a hora de ser atendido.
O Pastor, olhando-o nos olhos, gritou:
– Solte esta muleta e saia correndo, em nome de Deus!
O Agenor espantou-se com a ordem e olhou para o Pé de Macaco, com receio.
E o Pastor esbravejou, novamente:
– Solte esta muleta e saia correndo, em nome de Deus!
O Agenor joga a muleta para o lado e dá início à corrida. Cai e quebra a outra perna…
* Fonte: Texto publicado em Patos de Minas – Histórias Que Até Parecem Estórias, de Donaldo Amaro Teixeira, editado em 1996.
* Foto: Levilafeta.blogspot.com.