Pássaro columbiforme da família Columbidae, o nome popular fogo-apagou (Columbina squammata) é sem dúvida a melhor tradução escrita para o canto desta ave, um dos sons mais típicos da “roça”. Recebe os nomes populares de rolinha-carijó, fogo-pagô (onomatopeico), rola-pedrês, felix-cafofo (Paraíba), paruru e galinha-de-deus. Na região mais setentrional do Nordeste brasileiro, precisamente no interior dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, é chamada pelos moradores locais de rolinha-cascavel ou rolinha-cascavilinha, devido ao padrão da plumagem lembrar o aspecto das escamas da cobra cascavel. Além disso, o som que emite ao voar lembra o som do “chocalho” da cascavel.
Na música popular, deu nome à composição de Sá e Guarabyra, Fogo Pagô, que traz os versos: “Fogo pagô que encantou, levou embora, ai, teus murmúrios na memória…”. Foi cantada também por Luiz Gonzaga: “Tive pena da rolinha que o menino matô mas depois assou a bichinha e comeu com farinha, gostô, fogo apagô tem dó de mim”.
Mede entre 18 e 22 centímetros de comprimento e pesa entre 48 e 60 gramas. Possui as partes superiores de coloração marrom acinzentada, face e peito cinza rosado, a garganta é branca e os abrigos distais das asas também são brancos e formam uma mancha branca visível nas asas quando estão fechadas. A cauda é escura com as pontas das retrizes (cada uma das penas, geralmente grandes e rijas, que formam a cauda) de cor branca, apresentando uma faixa branca na lateral da cauda, perceptível quando a ave está em voo. Olhos escuros, pernas rosadas e bico cinza, este típico das aves columbiformes. Apresenta aparência “escamada” causada pelas bordas escuras das penas. A característica mais marcante desta espécie é o padrão escamado da plumagem, que lhe proporciona eficiente camuflagem. Quando em voo é possível ver uma faixa branca na base da asa, e suas rêmiges (cada uma das penas maiores das asas) são de cor castanha.
Possui duas subespécies reconhecidas: Columbina squammata squammata, ocorrendo em grande parte do leste do Brasil, do sul do Pará até o norte do Rio Grande do Sul, na Bolívia, Paraguai e nordeste da Argentina; Columbina squammata ridgwayi, ocorrendo da região costeira nordeste da Colômbia até a Venezuela, nas ilhas de Margarita e Trinidad. Possui mais negro na ponta das penas que a forma nominal.
Alimenta-se no chão, andando com a barriga quase arrastando no solo. Quando assustada, voa bruscamente para árvores próximas. Uma árvore chamada crindiúva/grandiúva (Trema micrantha) dá um dos frutos prediletos dessa espécie. Faz ninho de gravetos em formato de xícara, normalmente a 1 ou 2 metros de altura, às vezes também no chão. Põe 2 ovos brancos.
É uma rolinha de hábitos geralmente discretos, que anda em casais ou pequenos grupos pelas bordas de matas, cerradões, pomares, parques e outros tipos de vegetação, excluindo-se os muito abertos ou muito fechados. Seu silêncio só é quebrado pela vocalização, que a ave só emite empoleirada em locais bem escondidos, e pelo ruído produzido pelas asas quando alça voo, lembrando um gemido. No Sudeste é tida como espécie arisca, sendo muito mais ouvida do que vista em cidades como Campinas ou Ribeirão Preto, mas é curioso notar que em Brasília ou Goiânia a fogo-apagou aproxima-se muito mais das pessoas, ciscando nas calçadas da mesma forma que a rolinha-roxa (Columbina talpacoti). Ornitólogos e observadores de aves do estado de São Paulo vêm relatando declínio nas populações desta espécie. Muitos atribuem este declínio à competição com a pomba-de-bando (Zenaida auriculata), que vem aumentando sua distribuição e abundância.
Por se tratar de um animal silvestre é essencial ter autorização de órgãos ambientes como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Dessa maneira, ao desejar ter uma fogo-apagou é essencial ter autorização para criar e comercializar esta ave.
* Fonte: wikiaves.com.br.
* Foto: pinterest.ca.