CINE RIVIERA É CONSUMIDO PELO FOGO

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O Cine Riviera faz parte da História de Patos de Minas. Quando um incêndio o destruiu na manhã de terça-feira do dia 15 de dezembro de 1998, o lamento da população se juntou às cinzas que ficaram. Quatro dias depois o jornal Folha Patense publicou uma matéria, editada por Bonna Morais, com o título “Incêndio transforma em cinzas espaço cultural – Em menos de meia hora o fogo consumiu o Cine Riviera”:

O repórter fotográfico da Folha Patense, Saulo Alves, não acreditou no que seus olhos viram na manhã de terça-feira, dia 15. De uma loja localizada na rua José de Santana, ele percebeu que por uma fresta do teto do Cine Riviera, saia um filete de fumaça. Acostumado a fotografar cenas de tragédia, Saulo jamais poderia imaginar que um dos últimos espaços culturais da cidade, se transformaria no principal personagem de suas lentes. Começava um pesadelo que certamente ficará gravado na memória do povo de Patos de Minas.

Ainda incrédulo de sua visão, o repórter tratou de alertar as pessoas que estavam a seu lado. “É um incêndio, o cinema está pegando fogo” gritou Saulo Alves a um comerciante amigo. Mal sabia ele que dentro da sala de exibições o proprietário do Riviera, Marcos Garcia e o funcionário do cinema, César Roberto Ferreira, tentavam, em vão, combater com extintores as chamas que começaram de um curto-circuito e já se espalhavam rapidamente pelas cortinas de cobertura da tela de projeção. Construído há mais de 35 anos, o prédio do Cine Riviera, que passou por uma reforma geral a uma década atrás e era considerado uma das mais práticas e belas casas de exibições do interior do Estado, sucumbia, engolido pelo fogo que se alastrou rapidamente pelas peças de madeira que serviam como revestimento acústico do teto.

Acionados pelo repórter Saulo Alves – que a esta altura já registrava as imagens juntamente com o fotógrafo, Joaquim Amaral – o Corpo de Bombeiros deslocou todas suas unidades e efetivo para o local. Cerca de 65 homens, incluindo militares e voluntários entraram na batalha contra as chamas. Na “guerra” contra o fogo, uma vítima: o sargento Bombeiro João Batista Silva caiu de uma altura de 4 metros, fraturou um dos braços e foi socorrido por uma ambulância da Polícia Militar ao Hospital São Lucas. Como o fogo no cinema estava incontrolável, a luta se voltou para a evacuação dos prédios vizinhos, principalmente das lojas que ficam ao lado do cinema. Estoques de móveis, colchões e artigos de vestuários foram retirados para fora dos estabelecimentos.

Somente por volta das 18h as chamas foram contidas. O cenário era devastador e lembrava um campo de batalha, como aqueles dos filmes da II Guerra Mundial. As confortáveis 950 cadeiras se transformaram num amontoado de cinzas e a estrutura metálica do teto num monte de ferros retorcidos. Nada lembrava a imponência do prédio que, por tantos anos, abrigou os principais eventos culturais da cidade, como a última apresentação do espetáculo de dança “A Magia do Natal”, mostrado nos dias 11 e 12 pela Academia Adriane Gonçalves.

A matéria incluiu alguns comentários a respeito da tragédia: “Este incêndio deixa órfã a comunidade cultural de Patos de Minas” (Márcio Maciel – chefe da Divisão de Cultura da SEMEC); “Parte da história cultural da cidade, se queimou junto com o Cine Riviera” (Osmildo Eustáquio dos Santos – artista plástico); “Na vida nem tudo é como nos filmes, onde as fatalidades levam a um fim onde tudo acaba, bem ou tragicamente. O que hoje parece ser o fim, amanhã mesmo se transformará em recomeço” (Manoel Almeida – designer gráfico).

Dois dias após o incêndio, formou-se uma comissão para discutir sobre o futuro do cinema. Na mesma matéria, a Folha Patense comentou:

Formada por membros de diversos seguimentos da sociedade patense, uma comissão, que se reuniu na última quinta-feira na Associação Comercial de Patos de Minas, pretende reunir forças para reconstruir o Cine Riviera. “Não podemos deixar morta uma das últimas casas de espetáculos da cidade”, salientou o empresário Lizandro Bicalho na abertura do encontro, que reuniu representantes da imprensa, Associação dos Engenheiros, Contabilistas e fazedores de cultura, entre outros. Nessa reunião, decidiu-se que será levantada uma bandeira com o propósito de conseguir recursos junto a órgão públicos e fundações para transformar o Cine Riviera numa espécie de centro cultural, papel que a sala de exibições vinha cumprindo nos últimos anos.

Como meta prioritária, será lançado um bônus de contribuição com o mesmo formato do ingresso que era utilizado pelo Cinema antes da tragédia, através do movimento “SOS Cine Riviera”, que visa arrecadar fundos para a elaboração de um projeto de reconstrução. A idéia preliminar, é adquirir o terreno e posteriormente reconstruir o prédio que será entregue à Fundação Cultural do Alto Paranaíba – FUCAP.

* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Fotos: PatosHoje.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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