ROTEIRO DE TEXTOS: DOS PIONEIROS À EMANCIPAÇÃO

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Pelo que se pode deduzir baseado no que os historiadores captaram em documentos, os primeiros forasteiros chegaram nessas bandas do Rio Paranaíba lá pelos idos do início dos anos 1700. Da formação do primeiro ajuntamento de pessoas até a emancipação consumiu-se mais de cento e sessenta anos. E muita labuta. Para um melhor acompanhamento e compreensão dessa trajetória, segue uma sequência de textos que pretende ser cronológica com o que foi possível descobrir até hoje nas pesquisas. Óbvio que essa sequência não é definitiva, pois ainda há muito a se descobrir, e quando acontecer, serão incorporados nessa lista, que consta o nome de cada texto já publicado sobre o assunto e uma pequena explicação sobre seu conteúdo, bastando apenas o leitor ir ao seu encalço para saboreá-lo culturalmente na sua totalidade. Então, boa viagem, dos pioneiros até a emancipação da hoje Patos de Minas.

PRIMEIROS FORASTEIROS – Quais foram os primeiros brancos a alcançarem a região do Alto Paranaíba ocupada por tribos indígenas? Muitos vieram, sem deixar crônicas de sua passagem. Indiferentes à terra humosa e produtiva, buscavam as áreas sáfaras, as piçarras, que davam sinais do ouro e das preciosas pedrarias escondidas no subsolo. Com a abertura da picada de Goiás, em 1737, iniciou-se o povoamento da região. Até 1760, o caminho para Paracatu, que passava pelo atual território patense, nada mais era do que uma trilha à margem da qual habitavam poucos negros, no quilombo do Paranaíba.

A QUESTÃO DOS ÍNDIOS – Muito se discute sobre quais eram os índios que habitavam a região de Patos de Minas quando da chegada dos primeiros forasteiros. Geraldo Fonseca e L. A. B. Lourenço afirmam que eram os Caiapós. Oliveira Mello, L. Barreto e Oiliam José afirmam que eram os Cataguases. Afinal de contas, Caiapós ou Cataguases?

A QUESTÃO DOS QUILOMBOS – É afirmado pelos historiadores que o território patense, até 1760, era habitado apenas por negros fugidios das minas de Paracatu e de Goiás, que formavam quilombos às margens do Rio Paranaíba. Esta informação deveras interessante, pois não podemos nos esquecer da presença dos habitantes naturais da região, os Caiapós ou Cataguases. Se a informação é exata, isto é, de que havia apenas negros, das duas uma: ou os índios já haviam se retirado ou os próprios negros os expulsaram.

AFONSO MANOEL PEREIRA DE ARAÚJO: O NOSSO 1.º DONO – Em 1768 um aventureiro chegou em terras mineiras, e por força do direito, toma conta de uma vasta área: Afonso Manoel Pereira de Araújo, viandante do caminho do Rio de Janeiro. Comprovada a condição de lugar sem donatário, Pereira de Araújo encaminha seu pedido ao governo, observando que “as terras no sertão das margens do rio Paranaíba, são devolutas e servem de asilo aos negros fugidos dos moradores do Paracatu e Goiás”.

CARTA DE SESMARIA DE AFONSO MANOEL PEREIRA DE ARAÚJO – Dada em Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, a 29 de maio, ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1770, oficializando o nosso primeiro dono.

POVOAÇÃO “OS PATOS” – A carta de sesmaria de Afonso Manoel Pereira de Araújo permitiu a localização das terras que hoje compõem o município de Patos de Minas, na situação em que se encontravam no século 18. Um auto de vereação, que tratou da demarcação do termo da Vila do Paracatu, traz a primeira referência conhecida sobre a povoação “Os Patos”, não incluído, por ser proibido, na carta de sesmaria de Afonso Manoel Pereira de Araújo.

A VIDA DOS PIONEIROS – A vida dos pioneiros se caracterizava pela simplicidade e rusticidade. Com o surgimento do arraial, os pioneiros que moravam isolados no mato passaram a se interagir com o povoado.

ESCRITURA DE DOAÇÃO FEITA POR SILVA GUERRA E SUA ESPOSA – Em 19/07/1826, Antônio Joaquim da Silva Guerra e a esposa Luiza Corrêa de Andrade, da fazenda “Os Patos”, já um povoado, doaram terras para edificação de um templo. Foi o primeiro passo para o povoado se transformar em distrito.

DA DOAÇÃO DO PATRIMÔNIO À CRIAÇÃO DO DISTRITO – Depois da doação de um terreno para a construção de um templo pelo casal Silva Guerra/Luiza, o povoado “Os Patos” cresceu, virou arraial e se transformou no Distrito de Santo Antônio da Beira do Paranaíba, que passou a ser o nome da antiga povoação “Os Patos”.

TROPEIROS E COMETAS – Desde o início com o povoado “Os Patos”, os Tropeiros e os Cometas foram figuras presentes. Além de implantadores da nossa civilização, exerceram um grande papel na região no que tange às intercomunicações, e sem eles, com certeza, não teríamos hoje a cidade de Patos de Minas.

O CARRO-DE-BOI – Tanto quanto os tropeiros e cometas, o carro-de-boi foi figura presente, o único meio de transporte usado em várias décadas entre os fazendeiros. Era de grande importância econômica, pois os maiores chegavam a transportar até 1500 kg de mercadorias.

REBELIÃO CONTRA A VILA DE ARAXÁ NA DÉCADA DE 1830 – Instalado o Município de Araxá em 1833, o Distrito de Santo Antônio da Beira do Paranaíba passa a integrá-lo. O descontentamento dos paranaibanos foi imediato. Não queriam pertencer ao novo município. Araxá tinha reputação de reduto de criminosos, desertores, prostitutas e vadios.

A REVOLTA DE FORMIGUINHA – Em 1848, teve lugar um fato histórico envolvendo Antônio José dos Santos e Formiguinha. E um dos acontecimentos que contribuíram para a emancipação de Patos de Minas.

ANTÔNIO JOSÉ DOS SANTOS E FORMIGUINHA: O PATRIARCA DA EMANCIPAÇÃO – Por causa do acontecimento citado acima, o Formiguinha é considerado o “Patriarca da Emancipação”. Pouco importa que em 1967 a Edilidade, ignorando o que ele fez por esta terra, tenha apagado a única homenagem que lhe foi prestada no passado: a Travessa do Formiguinha¹.

PEDIDO PARA ELEVAÇÃO DE SANTO ANTÔNIO DOS PATOS À VILA – Já com o nome de Santo Antônio dos Patos, em 1856 um grupo de ativos cidadãos redigiu um documento endereçado ao Termo de Patrocínio solicitando que o arraial fosse elevado à categoria de Vila, consequentemente obtendo sua emancipação.

PATROCÍNIO APOIA A EMANCIPAÇÃO PATENSE – Em janeiro de 1857, a Vila de Patrocínio respondeu concordando com o desejo de Santo Antônio dos Patos, na época com cerca de quatro mil habitantes, obter a sua emancipação.

LEI QUE ELEVA O ARRAIAL À CATEGORIA DE VILA – Com a concordância de Patrocínio, em 30/10/1866 o arraial de Santo Antônio dos Patos foi elevado à categoria de Vila, e consequentemente veio a sua emancipação. Mas essa emancipação só seria oficializada definitivamente com a construção da casa de Cadeia e Câmara.

INSTALAÇÃO DA VILA: REAÇÕES ADVERSAS – Com a instalação da Vila e consequente emancipação em 30/10/1866, surgiram muitas adversidades. Numa delas, o Distrito dos Alegres (hoje João Pinheiro), pertencente a Paracatu, passou para o novo município de Santo Antônio dos Patos. E não gostou.

DISTRITO DOS ALEGRES SE REBELA CONTRA A EMANCIPAÇÃO PATENSE E PEDE SOCORRO A PARACATU – Como dito acima, o Distrito dos Alegres (João Pinheiro) não gostou de fazer parte do novo Município de Santo Antônio dos Patos e pediu socorro a Paracatu, à qual pertencia.

CARTA SOBRE A CONSTRUÇÃO DA CASA DE CADEIA E CÂMARA – Em 30/10/1866 veio a emancipação que só seria oficializada definitivamente com a construção da casa de Cadeia e Câmara. Eis que dez meses após, nada de casa de Cadeia e Câmara. Preocupados, os patenses enviaram essa carta ao Governo.

INSTALAÇÃO DA VILA: A EMANCIPAÇÃO – Após a carta de comprometimento do povo patense em construir a casa de cadeia e Câmara, finalmente foi oficializada a tão sonhada emancipação e realizada a primeira eleição em 29 de fevereiro de 1868.

INSTALAÇÃO DA VILA: GOVERNO AMEAÇA SUPRIMIR O MUNICÍPIO – Mesmo tendo enviado ao Governo uma carta de comprometimento em construir a casa de cadeia e Câmara, fato que oficializou a emancipação, o povo de Santo Antônio dos Patos deu bobeira e não construiu a casa de Cadeia e Câmara. Estando quase a esgotar-se o prazo firmado com o Governo, este ameaçou duramente anular a emancipação.

INSTALAÇÃO DA VILA: DIFICULDADES APÓS A OFICIALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO – Ufa! Felizmente a casa de cadeia e Câmara foi construída a tempo e o município seguiu em frente, mas os primeiros meses de liberdade não foram nada fáceis.

* 1: Leia “Ex-Travessa do Formiguinha”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: vmensagens.com, meramente ilustrativa.

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