PROFESSORES PIONEIROS, OS

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

2Em 07 de maio de 1853, atendendo a um pedido da Câmara de Vereadores do Patrocínio, o governo baixou portaria criando uma cadeira de instrução primária na Freguesia de Santo Antônio dos Patos. Uma data para ser guardada. Marca a oficialização do ensino em Patos de Minas. O primeiro professor, Francisco de Paula e Souza Bretas, três anos mais tarde seria o redator da petição e dos peticionários para a elevação do Distrito de Santo Antônio dos Patos à categoria de Vila¹. A seguir os demais professores pioneiros:

ANTÔNIO JOSÉ DOS SANTOS E FORMIGUINHA² – É o segundo professor, nomeado precariamente a 17 de setembro de 1859, pelo agente geral. Designado em caráter interino a 23 de outubro de 1861é titulado a 24 do mesmo mês, após cinco dias de exames prestados na Vila de Patrocínio. A 05 de outubro de 1865, uma portaria determina sua remoção para a Freguesia da Catinga, o que ele não aceita.

Não pretendendo entrar em detalhes, podemos adiantar que politicamente, o fim de Formiguinha e de outros baluartes da independência de Patos de Minas estava chegando. Antes, o acusaram como incurso nas penas do art. 169, do Código Criminal. Nada podendo provar contra ele, empenharam-se na sua remoção para Catinga, município de Paracatu. Sórdida e velada, a perseguição política começava a envolvê-lo em seu torvelinho.

Temos consciência de sua grandeza, de sua embatividade, ao folhearmos as atas primitivas do legislativo patrocinense. Vemos sua atuação como 2.º Juiz Municipal de Patrocínio. Sua luta contra a cabala eleitoral, prejudicando os eleitores patenses, sua tomada de posição pela elevação de Patos à Vila, e nos últimos anos de sua vida o escrúpulo revelado como Procurador – o primeiro – da Câmara da Vila de Santo Antônio dos Patos.

A 1.º de março de 1872 tem sua nomeação para suplente de juiz de paz com jurisdição no distrito de Lagoa Formosa. Uma de suas últimas atuações foi como delegado de Ensino, cargo em que foi pedida sua destituição ao governo em 1878, quando estava com mais de 90 anos de idade.

ZEFERINO AMERICANO DE FARIA – Antes de sua vinda para Santo Antônio dos Patos pleiteou, em começos de 1860, o lugar de professor de primeiras letras em Campo Grande, o que obteve em setembro do mesmo ano. A 16 de novembro de 1865, por portaria da Inspetoria Municipal, transfere-se para o lugar de Formiguinha, sendo efetivado em 02 de outubro de 1868. Entrou de licença, por doença, a partir de 05 de novembro de 1869. Não procurou removê-la, nem retornou ao exercício do cargo, sendo demitido por abandono da aula em 05 de dezembro de 1870.

PEDRO LEÃO PEREIRA DUARTE – Quando Zeferino Americano de Faria adoeceu, passa a substituí-lo o professor Pedro Leão Pereira Duarte, filho de criação de Antônio José dos Santos e Formiguinha. Mesmo antes de ser lavrada a portaria que o demitiu, a 16 de dezembro de 1869, ele já entrara em exercício, desde 22 de novembro. Pereira Duarte não completou um ano no desempenho do cargo. Foi demitido por portaria da diretoria de ensino, em 28 de novembro de 1870, por abandono de escola a 1.º de novembro do mesmo ano.

SÉRGIO FURTADO DA SILVA – Lecionava em Campo Grande desde dezembro de 1869, em lugar de Valeriano Rodrigues Souto (que mais tarde lecionaria em Patos). Em dezembro de 1870 a cadeira de ensino de Campo Grande é suprimida, e a 14 do mesmo mês é lavrada a portaria que o transfere para Patos.

Em Campo Grande, Sérgio Furtado da Silva lecionava juntamente com sua esposa, professora Francelina Maria dos Santos. Seu pedido de transferência para Santo Antônio dos Patos objetivava a ocupação de ambas as cadeiras de ensino – masculino e feminino. O governo aprova a remoção, no que diz respeito à cadeira do masculino, abandonada pelo professor Pedro Leão Pereira Duarte. Quanto à cadeira do ensino feminino, o pedido ficou prejudicado. A mesma já estava ocupada por Dona Maria Clara da Conceição.

Assim mesmo, Sérgio Furtado da Silva aceitou e lecionou durante um ano. Em 1872, vagando duas cadeiras em Aiuruoca, para lá se transferiram, ele e a esposa, onde entraram em serviço a 10 de fevereiro de 1873. Dez anos mais tarde, através de um pedido de licença para tratamento de saúde, constatamos que ambos ainda lecionavam em Aiuruoca.

JOAQUIM BARBOSA CORDEIRO – A fase mais importante da carreira de Joaquim Barbosa Cordeiro pode ser analisada através dos livros da Escola Normal de Uberaba, entregues ao Arquivo Público Mineiro, da qual ele foi professor de aula prática, nomeado por ato de 22 de junho de 1822. Para chegar ao distinto lugar de mestre do estabelecimento de Uberaba – o qual é particularmente importante para os patenses, pois dali saiu o normalista Modesto de Mello Ribeiro, um dos grandes mestres mineiros – o professor Cordeiro fez escala em Santo Antônio dos Patos.

Quando Antônio José dos Santos e Formiguinha foi nomeado para a escola de Catinga, o que não aceitou, a mesma foi fechada. Nos últimos dias de 1865, é nomeado Jerônimo Dias Maciel, que também não aceitou. Em 1867 a escola catinguense pôde ser reaberta, com a nomeação a 05 de junho do professor Joaquim Barbosa Cordeiro, na qual permanece até 1872. Nesse ano, o Inspetor Municipal do Ensino da Comarca determina sua remoção para a Vila de Patos, em substituição ao professor Sérgio Furtado da Silva.

No decorrer do ano em que ensinou aos patenses, teve oportunidade de mostrar sua grande capacidade. Em 1873 passa a cadeira ao professor Eliezer Nephitaly de Oliveira, sendo mandado para Catinga, de novo, por ato de 07 de março de 1874. A 13 de dezembro de 1876 é removido para Rio Preto. Dali vai para Canabrava, por ato de 16 de julho de 1878. Um ato de 12 de março de 1880 o transfere para Paracatu. Dois anos depois, segue para a Escola Normal de Uberaba.

ELIEZER NEPHITALY DE OLIVEIRA – O professor Eliezer era titular da cadeira de ensino de Tamanduá, atual Itapecerica. Sua remoção para a cadeira patense de ensino foi por ato de 30 de outubro de 1873. A portaria de 20 de setembro de 1875 concedeu-lhe licença para assumir o cargo de Agente do Correio, o primeiro em Patos de Minas, sem prejuízo do serviço público.

Após quase cinco anos de trabalho, demitiu-se a 22 de julho de 1878, permanecendo em Patos onde contraiu núpcias com D. Amélia Augusta de Sant’Anna, viúva de Joaquim José de Sant’Anna. Mais tarde desempenhou o cargo de Inspetor Municipal do Ensino, para o qual foi nomeado em 17 de maio de 1881.

MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS – Demitindo-se o professor Eliezer, o Inspetor da Comarca de Rio Dourado, a 27 de setembro de 1878, nomeia seu substituto o professor Manoel. Entrou em exercício, provisoriamente, a 1.º de outubro de 1878, e, em definitivo, a 30 de maio de 1879. Demitiu-se em 16 de julho de 1880.

VALERIANO RODRIGUES SOUTO³ – Nascido em Formiga, em 24 de agosto de 1842, iniciou sua carreira aos 16 anos de idade, em Bambuí. Ato do governo de 03 de agosto de 1880 o transfere para a Vila de Patos, quando a sua atuação foi dinâmica e digna de admiração.

ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVA TORMIM – Já exercia o cargo de adjunto da cadeira de Patos, tendo sua efetivação confirmada aa 12 de agosto de 1889, por aposentadoria do professor Valeriano.

MODESTO DE MELLO RIBEIRO4 – Diplomado pela Escola Normal de Uberaba, foi nomeado para a cadeira de ensino de Patos em 04 de agosto de 1891. Pode ser considerado Mestre dos Mestres. Sua capacidade e zelo profissional o colocam, segundo as opiniões em diversos relatórios do ensino de seu tempo, entre os melhores educadores de Minas Gerais.

ANTÔNIO PIMENTEL DE ULHÔA – Normalista, natural de Paracatu. Em 1896, o inspetor ambulante achou muito atrasados os alunos do professor Ulhôa. O Inspetor Municipal de Ensino, Eduardo Ferreira de Noronha, informava a 26 de fevereiro de 1899: “As cadeiras de ensino masculino e feminino estão em completo abandono, desde abril de 1898, porquanto os professores Antônio Pimentel de Ulhôa e sua esposa, d. Francisca Martins de Ulhôa as deixaram, ausentando-se para Paracatu”.

FELIPE RODRIGUES CORRÊA5 – Transferido de Santo Antônio dos Campos, termo de Itapecerica, para Patos em 29 de abril de 1990, assumiu a cadeira a 31 de maio do mesmo ano.

ANTÔNIO DE JESUS MARIA JOSÉ6 – Alfredo Borges, em 1915, instalou uma escola primaria particular, mista, em sua residência, na Rua Tiradentes e, como seu auxiliar trouxe o Prof. Antônio Jesus Maria José. Homem culto, de vida misteriosa, vindo de São Paulo, que não gostava de falar sôbre sua vida, e muito menos de seu passado e de sua origem. Profundamente católico, chegou a ponto de enfrentar polêmicas públicas, a fim de defender a Doutrina.

Alfredo Borges, Justiano Henriques Tibúrcio, Mestre Waldemar (Vavá) e Theophilo Vaz de Melo por diversas vezes supriram as ausências dos professores pioneiros.

* 1: Leia “1.º Professor, O”.

* 2: Leia “Antônio José dos Santos e Formiguinha: O Patriarca da Emancipação” e “A Revolta do Formiguinha”.

* 3: Leia “Valeriano Rodrigues Souto”.

* 4: Leia “Modesto de Mello Ribeiro (Professor Modesto)” e “Modesto de Mello Ribeiro: Falecimento”.

* 5: Leia “Felipe Rodrigues Corrêa”.

* 6: Leia “Antônio de Jesus Maria José”.

* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

* Foto: Mundinhodacrianca.net, meramente ilustrativa.

Compartilhe