O brasileiro Acará-bandeira (Pterophyllum scalare) é um dos peixes ornamentais mais apreciados em aquários. Originário da Bacia Amazônica, por lá é mais apreciado pelo sabor da carne do que pelas qualidades de ornamentação. Apesar de ser um peixe acostumado com clima quente, tolera muito bem temperaturas mais amenas, fator que favoreceu a sua aceitação em todo o território nacional, extrapolando as fronteiras e chegando a vários países mundo afora.
O Acará-bandeira é criado comercialmente em várias regiões do Brasil, em verdadeiros centros de produção, principalmente no Sudeste e Sul. Sua beleza exótica (corpo achatado, cores variadas, alguns com listras e nadadeiras longas) e facilidade de manejá-lo em aquário (tranqüilo, resistente e produtivo, convive bem com outras espécies) torna-o uma opção muito interessante, tanto para quem quer apenas ter um animal de companhia como aqueles, mesmos sem experiência no ramo, que querem criá-los para comercialização. Quando adulto, ele pode alcançar até 12 centímetros de comprimento. Já aos três meses de idade, quando chega aos três centímetros, está apto para ser vendido.
Quem deseja ter um Acará-bandeira apenas como animal de companhia não terá trabalho algum em encontrá-lo nas lojas especializadas. O interessado poderá optar pelas variedades albino, marmorato, palhaço, negro e leopardo. Como em qualquer espécie, a consangüinidade, isto é, o cruzamento entre parentes próximos, pode gerar deformações genéticas. Por isso recomenda-se adquirir exemplares adultos, comprovadamente sem alterações morfológicas.
Sendo um peixe de natural resistência, as instalações podem ser bastante simplórias. Adapta-se com facilidade em aquários comuns, caixas d’água, viveiros e até em tanques escavados no chão, com os acessórios característicos.
O Pterophyllum scalare não tem preferência por alimentos. Ele é um onívoro, come de tudo. No mercado há rações apropriadas. Aquele que quiser criar comercialmente o peixe (aos 12 meses de idade já é considerado adulto e apto à reprodução) deve atentar para a sua necessidade de outras opções para esta fase, como larvas de insetos, camarão fresco moído e pequenos crustáceos de água doce. Sessenta adultos, sendo pelo menos vinte casais, é a quantidade ideal para se iniciar uma criação. O peixe pode desovar de 80 a 600 ovos por acasalamento. A quantidade liberada depende de idade, tamanho e nutrição dos reprodutores. A desova pode ocorrer em folhas largas de plantas, troncos e outras superfícies lisas dentro da água, inclusive nas paredes do aquário. Se estiverem em local onde há presença de outros peixes predadores, é necessário transportá-los para outro recipiente para uma eclosão sem riscos. De acordo com a temperatura da água, em torno de 48 horas acontece a eclosão. Após três semanas, os alevinos devem ser transferidos para os locais onde continuarão a crescer.
Assim que os pequeninos alevinos começarem a se movimentar, é recomendável fornecer infusórios e náuplios de artêmia (encontrados nas lojas especializadas) duas vezes ao dia até a segunda semana após a eclosão ter ocorrido. Em seguida, acrescente ração em pó gradativamente, proporcional à retirada de alimentos vivos da refeição diária dos alevinos. A quantidade de ração deve acompanhar o crescimento do peixe.
O casal de Acará-bandeira é por natureza protetor de suas crias. Entretanto, em situações de estresse, tem o hábito desagradável de comer seus alevinos. Há uma técnica que os criadores mais experientes usam para evitar o dissabor: tubos de PVC cortados ao meio e longitudinalmente, para receber a desova, que deve ser transferida para outro aquário; assim, a eclosão dos ovos acorrerá sem contratempos e os pais estarão livres para reiniciar a reprodução em menor tempo.
A identificação do sexo não é uma tarefa muito fácil, a não ser aos criadores profissionais. Estes indicam que a prática mais adequada é, ao atingir de seis a sete centímetros de comprimento, manter de dez a 15 peixes juntos em caixas d´água, aquários grandes e outros recipientes adequados. Como são monogâmicos, os pares escolhidos acabam se isolando do grupo, possibilitando sua identificação.
Como em qualquer aquário, a higiene é fundamental. A retirada de sujeiras e troca de água deve ser feita regularmente de acordo com a necessidade. Quando a criação é feita em tanques escavados não se deve esquecer da adubação química ou orgânica e usar água de boa qualidade.
* Fonte: Revistagloborural.globo.com.
* Foto 1: Peixesdeaquario1972.blogspot.
* Foto 2: Saojose.olx.com.