BETA

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Para quem deseja um peixe como animal de companhia que proporcione o mínimo de trabalho na sua mantença em casa, o Beta (Betta splenders) é a solução. Afinal, basta aconchegar o pequenino escamado em um pequeno recipiente sem mecanismo de oxigenação de água e esta trocada uma vez por semana. Este recipiente, ou aquário, é chamado de beteira. Recomenda-se beteiras de vidro plano com capacidade de no mínimo 2 litros, para que o peixe tenha mais espaço e, além do que, a água fica limpa por mais tempo. Não é extremamente necessário, mas, havendo disponibilidade, pode-se instalar um filtro externo e/ou um termostato com aquecedor. Para embelezar o aquário, há vários acessórios, como pedrinhas coloridas e pequenos objetos.

O Beta tem como habitat natural canais estreitos nos campos de arrozais, regatos e pequenos lagos da Indochina, no sudeste asiático, quase sempre pobres em oxigenação. Para superar esta dificuldade o peixe desenvolveu no decorrer de milhares de anos um órgão de respiração chamado labirinto, que nada mais é do que uma forma primitiva de pulmão, presente em cada lado da cabeça. Como as guelras não são suficientes para satisfazer a sua necessidade de oxigênio, de tempo em tempo ele sob à superfície para, literalmente, respirar. Incrível, mas é a realidade, se por um acaso o Beta for impedido de subir à superfície da água, certamente morrerá afogado.

Possui uma característica nada social: brigas ferozes entre semelhantes, seja machos ou fêmeas, onde os maiores em tamanho sempre assumem o papel dominante. Os espécimes naturais são bem mais discretos no quesito “cores” do que os domésticos, manejados geneticamente para produzirem tonalidades diversas. Aqueles geralmente têm cor acastanhada, tons vermelho e azul nas barbatanas, que os ajudam a se confundir com o meio ambiente. Além disso, são menores e muito menos agressivos que os domésticos. Na época da reprodução, os machos defendem um território formado em redor de um “ninho-bolha”, que eles próprios constroem e mantêm. As fêmeas visitam os machos que as cortejam até estas libertarem os ovos. Em seguida e após a fertilização, os machos colocam os ovos no ninho e expulsam as fêmeas do território.

Quando se adquire um peixe Beta, este é transportado dentro de um saquinho de plástico. Além da beteira e os acessórios, é necessário comprar na mesma loja um produto denominado “condicionador de água”. Não se deve chegar em casa, encher o aquário e colocar o peixe. Há etapas a serem seguidas. Primeiramente, encher o aquário com água pela metade. Esta pode ser a convencional da torneira, mas, se a conveniência permitir, água filtrada ou mineral vai muito bem. Nesta água pinga-se algumas gotas do “condicionador de água” (a quantidade é de acordo com o volume e vem especificado no frasco). A seguir coloque o saquinho com o peixe, ainda fechado, dentro do aquário. Quinze minutos após, abra o saquinho e deixe entrar um pouco de água do aquário. Passados por volta de 20 minutos, solte o peixe e a água do saquinho.

Pronto, o Beta está perfeitamente aconchegado em seu novo lar. Agora, aonde colocar a beteira? Todo animal de companhia deve ter um local apropriado. No caso do Beta, qualquer lugar da casa se transforma num local propício para que ele esteja sempre ao alcance de seus olhos. No entanto, evite expô-lo sob a luz direta do sol, correntes de ar frio, fumaça, gordura, chuva, cheiros muito fortes, especialmente tinta ou qualquer outro produto químico.

No quesito alimentação, procure não alimentá-lo no dia em que chegar. Normalmente o peixe fica estressado e costuma não comer nada. Deixe para fornecê-la no dia seguinte. Como é de praxe para qualquer animal de companhia, existem as rações prontas, e estas variam em preço e qualidade. Procure, sempre, adquirir o melhor e o mais completo alimento e somente o específico para o Beta. As rações mais usadas são em forma de “flocos”. Via de regra, 1 a 3 flocos 2 a 4 vezes ao dia é o suficiente. O dia a dia estabelecerá a dosagem ideal que ele necessita. Importante é não fornecer muito alimento, pois a ração pode comprometer a qualidade da água. Por isso, se o peixe não comer a porção oferecida, retire o que sobrou com uma redinha própria.

Independente do tamanho da beteira, do volume de água e da presença de resíduos de alimentos, recomenda-se trocar a água a cada 7 a 10 dias. Usando um recipiente como um copo, por exemplo, ponha o peixe nele com a água do aquário. Evite pegá-lo com as mãos e use uma redinha própria para tal. Lava-se então a beteira e todos os acessórios. Após, encher a beteira até a metade e pingar algumas gotas do condicionador de água. Espere alguns minutos e despeje o peixe na beteira juntamente com a água do copo.

Se o proprietário resolver partir para a reprodução do Beta não terá muita dificuldade. Serão necessários dois recipientes: um aquário do tamanho da preferência de cada um e um outro recipiente transparente, que deve ser muito menor que o aquário. No aquário vai o macho e no outro recepiente vai a fêmea. Este recipiente com a fêmea é colocado dentro do aquário sem que a água deste entre naquele. A finalidade é que o macho visualize a fêmea ser ter contato direto com ela. Isso faz com que ele instintivamente começe a construir uma espécie de ninho formado por diversas bolhas. Não se deve permitir que o ninho de bolhas se grude no recipiente da fêmea. Pode-se conseguir isso colocando sobre a superfície da água um pedaço de isopor ou de plástico. Uma vez pronto este ninho, deve-se soltar a fêmea no aquário, que será cortejada e envolvida pelo macho no chamado “abraço nupcial”. A fêmea expelirá os ovos, que serão fertilizados e colocados no ninho pelo macho, com a boca. Algumas fêmeas ajudam o macho, outras preferem comer os próprios ovos. Concluído o processo, a fêmea deve ser retirada para não ser morta pelo macho. Este será responsável por cuidar dos ninhos e dos alevinos após o nascimento, devolvendo ao ninho os que caem. Após uns vinte dias, contando como início o dia em que os ovos eclodiram, o macho tem que ser separado dos alevinos, pois senão ele poderá comê-los.

Como foi citado acima, o Beta selvagem é muito diferente do doméstico. As diferentes e variadas formas encontradas nas lojas do ramo são o resultado de dois tipos de seleção artificial. De um lado procurou-se produzir peixes ornamentais, com barbatanas alongadas e variedade de cores, com a finalidade única de serem animais de companhia. De outro lado criaram peixes agressivos, menores e com barbatanas curtas, para serem utilizados em rinhas, muito comum em seu país de origem. A diferença morfológica entre macho e fêmea é muito grande. Enquanto eles são esplendorosos nas cores e tamanho das barbatanas, elas são simples e sem muito atrativos. Por isso o macho é muito mais procurado, enquanto a fêmea é usada quase sempre apenas para reprodução.

Belo e bravo, mas apenas com um elemento de sua espécie. Assim é o Beta macho. Por causa disso não pode ficar com outros machos numa mesma beteira. Quem quiser ter vários machos em casa terá que guanecê-los cada um numa beterira. Também não é conveniente colocar o macho em um aquário com outras espécies, pois ele é inofensivo e pode ser facilmente atacado. Além disso, a movimentação excessiva na água, a profundidade e outros fatores podem matá-lo em questão de horas. A fêmea, ao contrário, pode ser mantida em companhia de outras fêmeas.

A manutenção do Beta não tem nada de complicado. O fator mais preocupante é a variação brusca de temperatura ambiente, que interfere na água da beteira. O peixe não tolera bem temperaturas acima de 30º e abaixo de 20º. Por isso é muito importante manter a beteira longe da incidência direta de raios solares e de correntes de ar frias. É bom estar sempre atento ao aparecimento de pintas brancas, descoloração acentuada, manchas ou qualquer sinal estranho no corpo do peixe. Neste caso, não demore em procurar uma loja especializada para obter informações sobre tratamento. Evite ao máximo usar medicamentos na beteira. Ouça antes a opinião de algum entendido.

* Foto 1: Peixebeta.com.

* Foto 2: Aquahobby.com

* Foto 3: Peixebeta.com.

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