GAMBÁ

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Todo ano milhares de pessoas reclamam sobre gambas nas casas comendo ração de seus animais de companhia e vivendo por um tempo com seus filhotes no forro das casas, e isso incomoda muita gente. Seu nome comum deve ter se originado da língua tupi-guarani e vem de guámbá, gã´bá ou guaambá, que quer dizer ventre aberto, ou saco vazio, fazendo menção à sua barriga oca por causa da bolsa onde cria os filhotes. Típico das Américas é um mamífero marsupial, assim como o canguru. Dependendo da região, é conhecido também como opossum (Portugal), mucura (Amazônia e Região Sul), sariguê (Bahia a Pernambuco) ou timbú (Nordeste). Também é erroneamente chamado de “raposa” em boa parte do Brasil, principalmente na Região Sul, talvez pelo fato de eventualmente atacar alguma galinha. Pertence à Ordem Didelphimorphia, Família Didelphidae, e seu nome cientifico é Didelphis sp. No território brasileiro há pelo menos quatro espécies.

Possui um líquido fedorento produzido por glândulas odoríferas que é utilizado como meio de defesa quando perturbado. O cheiro também é exalado pela fêmea em maior quantidade na época em que está no cio e tem a função de atrair o macho. Este cheiro é um dos motivos por ele ser tão discriminado. É um animal com 40 a 50 centímetros de comprimento, sem contar com a cauda que chega a medir 40 cm, com um corpo parecido com o rato. Mede de 40 a 70 centímetros (o gambá-de-orelha-preta é maior). A cauda tem pelos apenas na região proximal, é escamosa na extremidade e é preênsil, ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um ramo de árvore. As patas são curtas e têm 5 dedos em cada uma, com garras. O hálux (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente oponível (como o polegar da mão humana) e, em vez de garra, possui uma unha, é usado para agarrar e escalar galhos. É muito ágil no alto das árvores, podendo andar sobre fios de luz, mas sua mobilidade no solo é lenta e desengonçada.

A fêmea pode dar à luz até três vezes durante o ano, parindo até 20 filhotes em cada gestação. Como nos restantes marsupiais, ao invés de nascerem filhotes, nascem embriões com cerca de um centímetro de comprimento, que se dirigem à bolsa, onde ocorre uma soldadura temporária da boca do embrião com a extremidade do mamilo. Os filhotes permanecem no marsúpio até uns 3 meses. O nome “marsupial” é originário do latim marsupiu, que significa pequena bolsa, e está relacionado à presença de uma bolsa de pele que fica no ventre da fêmea. O aparelho reprodutor é bem diferente dos demais mamíferos. Ela possui dois úteros, duas vaginas laterais e uma vagina mediana, denominada canal pseudovaginal. As vaginas laterais servem apenas para conduzir o esperma para o interior dos úteros. O canal pseudovaginal permanece fechado até o momento do parto, quando se abre para permitir o nascimento dos filhotes. Os machos possuem um pênis bifurcado que possibilita a disseminação do sêmen para o interior das vaginas laterais.

O período de gestação é de apenas 12 a 14 dias. Os recém-nascidos são chamados de altriciais, pois nascem num estágio pouco desenvolvido. Os frágeis filhotes nascem com cerca de 2 cm de comprimento, ainda não enxergam nem possuem pelos. Seus membros anteriores, porém, são bem desenvolvidos, assim como os músculos faciais e da língua. Estas características permitem que eles se prendam fortemente aos mamilos existentes no interior do marsúpio e comecem a mamar imediatamente. Os filhotes permanecem no marsúpio até completar seu desenvolvimento. O tempo de desenvolvimento dos filhotes na bolsa é bem maior do que o período de gestação, podendo levar até três meses. A lactação continua mesmo com os indivíduos jovens, que podem ser observados entrando e saindo da bolsa da fêmea. Quando saem e, ainda não capazes de viver sozinhos, são transportados pela mãe em seu dorso. Podem viver até 4 anos.

Além de exalar seu cheiro característico como defesa quando ameaçado, outra estratégia para escapar dos perigos é o comportamento de fingir-se de morto até que o atacante desista. Alguns gambás são imunes ao veneno de serpentes, incluindo as jararacas, cascavéis e corais, podendo atacá-las e ingeri-las. A maioria das espécies possui hábitos noturnos e uma dieta onívora, que pode incluir frutos, insetos, raízes, vermes, crustáceos (caranguejos em áreas de mangue), moluscos, néctar e pequenos vertebrados (sapos, lagartos, serpentes, ovos e aves). É considerado um dos maiores predadores de escorpiões, até mais do que as galinhas. Colabora no controle das espécies consideradas pragas para a agricultura, como os roedores e insetos. São também bons dispersores de sementes através das fezes, ajudando a natureza a plantar o que o homem destrói. Na natureza têm como principal predador o gato-do-mato (Leopardus spp.), enquanto nas cidades são frequentemente atropelados por terem a visão ofuscada pelos faróis e por sua pouca mobilidade. Não vivem em grupos, mas na época da reprodução formam casais e constroem ninhos com folhas e galhos secos em buracos de árvores.

É possível ter um gambá como animal de companhia, desde que adquirido de um criador devidamente registrado no IBAMA.

* Fonte: Texto (08/02/2018) de Juliana Guilherme (CRMV-24006), Médica Veterinária especialista em atendimento de animais silvestres e proprietária da Clínica Veterinária Pet Care Itu, em revistamypet.com.br.

* Foto: Mundo-animal.fandom.com.

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